Primeiro, minha mão esquerda espalmada te acariciou o
ventre.
Depois a direita, em seguida ambas, ritmadas, constantes. E
tu fechaste teus olhos de tanto prazer.
E deixei meu corpo se deitar sobre teu corpo, pois assim
permitiste, e tu, ainda de olhos fechados, sorriste de tanto prazer.
E sentiste o jeito esguio, quase cafajeste, com que me fiz
escorregar sobre ti, para que pudesses sentir o calor que emana de mim e
sentir-te, ainda de olhos fechados e sorrindo, suspirar de tanto prazer.
E me ergui esbelto, para que sentisses n’alma o desejo de me
tocar, tanto quanto já ardia em mim o desejo de ver tua mão deslizando sobre
meu corpo inteiro.
E, talvez receosa, te permitiste acariciar-me a cabeça,
sentir entre os dedos teus, meus cabelos curtos, ainda que macios, para em
seguida fazê-los deslizar e emaranharem-se entre os vastos pelos do meu peito.
Até que olhaste o relógio, percebeste que já era avançada a
hora, e me expulsaste fria e insensivelmente de tua alcova, onde instantes
atrás dividias comigo teus lençóis.
VAGABUNDA!
Tudo isto, abandonado sozinho num canto do sofá da sala, rancorosamente pensou o gato.
2 comentários:
Muito bom. Enquanto a rua parecia dar em outra esquina, seu texto tomou a contramão.
Perfeito.
Bom!
mas há melhores!!!
não sei porque mas já sabia o
final no começo da leitura...
Estava com saudades, te adoro!!
Beijo Grande!
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