sexta-feira, 1 de abril de 2011
A Cafajeste
Eram seis os seus amores.
O marido, o noivo, o namorado, dois casinhos e um cara que não dava a menor bola pra ela, mas o único a quem ela realmente amava.
No dia do aniversário de casamento, o marido programara uma noite especial no mesmo motel em que passaram a noite de núpcias, sete anos atrás.
Ela adorou a ideia, e disse, Coincidentemente, hoje comprei uma lingerie branca. Espartilho completo, meias 7/8, calcinha do jeito que você gosta. Mínima.
Eis que no mesmo dia, o noivo, que acreditava piamente que ela já estava divorciada há mais de dez meses, reservara a mesa deles naquele restaurante lindo, charmoso, onde haviam dado o primeiro beijo.
Ela disse, Claro, será a nossa noite!
O namorado, ex-melhor amigo do noivo desde que descobrira-se apaixonado por ela, e que ela prontamente correspondeu a altura, ligou no mesmo dia dizendo que havia sido enfim promovido, seria enfim chefe do ex-melhor amigo, e que precisava comemorar com ela. Mesmo que simples, deveria ser naquele hotel onde a empresa havia feito a convenção de fim de ano, local do primeiro beijo, da primeira noite de ambos.
Ela disse, Uma promoção não acontece todo dia, quero ser a primeira a te dar um abraço, a primeira a te dar um beijo, a única a te dar... Espere, logo mais a gente se vê.
O primeiro dos casinhos ligou dizendo que, enfim, se separara da esposa. Poderia finalmente ficar só com ela.
Ela disse, Era tudo o que eu queria ouvir! Te encontro no mesmo lugar de sempre, e vou estar usando aquele sobretudo que você acha super charmoso. Só o sobretudo.
O outro casinho ligou para ela dizendo que sua mãe havia perdido a batalha para o câncer. O velório seria no cemitério municipal.
Ela disse, Só vou terminar algumas coisas por aqui, hoje o dia foi uma loucura, e vou direto te encontrar. Serei a primeira a estar do seu lado neste momento tão difícil, conte comigo.
Depois disso desligou o celular e foi para a casa da mãe.
Amanhã, só amanhã pensaria nas desculpas que inventaria para cada um deles.
E dormiu na velha cama de solteira onde passou a adolescência, ao lado do telefone celular secreto, rezando para que fosse a voz dele, o cara que conhecera na fila do banco e trocara meia dúzia de palavras e que fora merecedor do seu número secreto, o único a quem realmente amava, dizendo que também sentia o mesmo por ela, que estava esperando por ela, para serem finalmente felizes para sempre.
O telefone não tocou.
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3 comentários:
Trágico...
=/
pois é, nunca toca.
teresinha de jesus, de uma queda foi ao chão.. acudiram 3 cavalheiros todos 3 chapéu na mão...
O primeiro foi seu pai, o segundo, seu irmão, o terceiro foi aquele que chutou areia em teresa.
ai ai a paixão e o amor desmedido. sempre uma boa boata sem rima e sem sentido.
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