Acordou no meio da noite com os
gritos vindos do apartamento ao lado.
Respirou fundo, enfiou a cabeça
sob o travesseiro, apertou-o contra seus ouvidos e pensou indignada, Que merda,
só eu que não trepo neste prédio.
No dia seguinte, quase se sentiu
culpada por ter tapado os ouvidos.
Soube, pelo porteiro, que a vizinha do
trezentos e dois recebera a visita de um meliante que escalara as janelas,
bandido que ficara famoso no jornal local do meio-dia pela alcunha de “homem
aranha”. Havia saqueado alguns pertences, estuprou a jovem mulher, e partiu sem
deixar vestígios, exceto as marcas do amor não consensual a que forçara a
vizinha a se submeter.
Que coisa! Exclamou em tom não
muito convincente após a narrativa do porteiro, Onde esse mundo vai parar...
Pensou que se não tivesse
instalado as redes de proteção nas suas janelas, talvez fosse o apartamento
dela o escolhido pelo ladrão-homem-aranha, não o da vizinha.
Que merda, pensou sem remorso, só
eu que não trepo neste prédio.
Por via das dúvidas, voltou ao
elevador, entrou no apartamento, pegou a tesoura e cortou as redes de proteção
das janelas.
Um comentário:
Ahhh cachorra!
Ps- estava com muita saudades suas!
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