Oi filhota, só vim aqui rapidinho dizer que tô morrendo de saudades de ti.
É que me deu uma saudade tão
grande agora, no meio da tarde, meio que do nada.
Saudade do tempo que tu ainda
estavas na barriga redonda da mamãe, e eu te chamava de minha gordinha por que
a barriga dela não parava de crescer. Aí eu ficava falando perto do umbigo da
mamãe, para que quando tu ouvisse a minha voz após sair da barriga dela, olhasse
para mim e me identificasse na hora, pensando: “ah, então aquele ali é o papai?
Gostei dele! Não falei lá de dentro, mas eu também te amo, papai! Cada vez que
tu disse isso, eu falei lá de dentro da barriga ‘eu também’. E, sim, eu ouvia
bem melhor quando tu falavas perto do umbigo!”
E por mais que a coisa que mais
me doa no coração seja te ouvir chorando, fiquei com muita saudade do dia em
que lá na maternidade, ouvi pela primeira vez a tua voz através de um chorinho
tão lindo, tão pequenininho, como que perguntando “o que tá acontecendo
comigo???”
Depois me deu saudade quando tu
sorrias meio sem saber ainda que aquilo era um sorriso, mas via que eu e a
mamãe ficávamos super babões no final do teu banho, colocando o talquinho antes
da fralda e tu rindo pra nós dois. E tu rias mais ainda quando eu e a mamãe
ficávamos brincando com os teus pezinhos, dizendo que o teu dedinho mindinho do
pé é um ultra-super-mini pinhãozinho.
Depois deu saudade do tempo em
que tu começou a engatinhar, toda durinha, toda independente, descobrindo os espaços
ao teu redor.
E morri de saudade da primeira
vez que tu falou: “Papai”, e eu chorei feito um bobão, e tu ficou meio
assustadinha sem entender direito por que eu estava chorando, até que eu te
peguei no colo, te enchi de beijos, te apertei, e tu caiu na gargalhada!
E me lembrei direitinho do dia em
que tu me olhou com os olhinhos arregalados de surpresa quando viu uma
borboleta pela primeira vez, e falou toda feliz: “olha papai, uma boboueta, é
mais bonita que no livinho!”.
E me apertou o coração de saudade
só de lembrar de ti, toda mocinha, vestindo um avental igual ao da mamãe para
ajudar ela a fazer bolinhos.
E fiquei com saudades de te ver
brincando com o Zé e com os gatinhos, rolando no chão da sala com os quatro,
enchendo toda a casa de alegria através das tuas gargalhadas.
Como é bom ouvir tuas
gargalhadas!
E fico assim, Clarinha, morrendo
de saudades de ti, de ficar te olhando e achando no teu rosto os traços do
rosto da mamãe, nos teus cacoetes as minhas manias, imaginando estas e todas as
outras etapas que vamos viver juntos, nós três e nossos bichinhos, depois teus
irmãos ou irmãs, e te amando cada milésimo de segundo mais e mais, por encher
nossa vida de tanta coisa boa!
Sabe o melhor de tudo?
É que apesar dessa saudade tão
grande que estou sentindo, quando chegar em casa, daqui a pouco, vou me
ajoelhar na frente da mamãe, encher a barriga dela de beijinhos, vou dizer
pertinho do umbigo dela: “Como eu te amo, Clara-Clarinha-Clarotinha!”, e sei que lá de dentro
tu vais ouvir e, de algum modo, vai entender o que estou dizendo, de algum
modo vai sorrir e de algum modo vai dizer: “Eu também, papai!”
4 comentários:
Ai Gsuis, que papai poeta e babão. Sim, da saudades disso tudo e mais uma lista enorme... Da saudades de ve-los dormindo quando bebês (ou no resto da vida) e estar presente nos sorrisos durante o sono. Ou melhor ainda, é quando eles acordam, e você está ali presente e eles sorriem pra você, e você se sente a pessoa mais amada e importante da face da terra... Da saudades dos primeiros passos, e de todas as tentativas pra chegar neles... Da saudades da bagunça no banho e da alegria na hora das bolinhas de sabão... Ai... Tanta saudade.... Mas o delicioso mesmo é saber que você vai ter saudades do dia de hoje, na semana que vem, então depois que tem filhos você meio que se obriga a ter um dia melhor que o outro... ;)
Olá, Dom! Que lindo esse cantinho. Sou professora no curso de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande, e segunda-feira estava trabalhando com os meus alunos o tema gravidez e construção da parentalidade. E falávamos sobre isso, sobre a riqueza dos depoimentos dos pais em pleno processo. Vou indicar a leitura do blog. Boas-vindas à Clarinha! Abração :)
Perdão, digitei teu nome de forma errada. Abração, Don :)
Ohh Que lindoooo, fiquei imaginando ela, vocês, sua linda família toda cor de rosa!
O tempo é uma viagem, essa expectativa, nossa...
Muito lindo, parabéns papai!
Me emocionei!
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