domingo, 28 de agosto de 2011

Força Ricardo Gomes!


Sou um apaixonado por futebol, mesmo, é quase uma doença.

Sou sócio do meu time do coração, o Figueirense, há dez anos. Vez ou outra juro que vou cancelar minha carteirinha, fico puto com a diretoria, com o técnico, com o time, mas não dá, amo o time, e sei que estes caras vão vir e vão passar, mas a magia de ver aquele esquadrão, mesmo quando a qualidade técnica é questionável, vestindo preto e branco entrar em campo, me faz permanecer firme e forte com a posse da minha cadeira cativa no belo estádio Orlando Scarpelli.

No último final de semana aconteceu a esperada rodada dos clássicos regionais, e é tão gritante a diferença técnica entre o meu time e o mini rival que temos, o time que de tão pequeno se tornou conhecido por ter virado mascote de um jogador de tênis – este sim grandioso – qualquer pessoa sensata, incluindo as próprias testemunhas da tal agremiação, sim, eles não têm torcida, têm testemunhas, que a vitória alvinegra era dada como certa.

Acontece que boa parte da magia que faz com que milhões se apaixonem pelo nosso esporte bretão, está no improvável, como o de um time já rebaixado, ganhar de um time com totais possibilidades de brigar por algo maior no campeonato, como o que aconteceu no Scarpellão na última tarde do domingo passado. De nada adianta ter colocado o adversário na roda, ter dominado o jogo do primeiro ao último minuto, se em momentos fortuitos foram mais felizes e conseguiram os tentos necessários para selar a vitória. Ganharam, parabéns, continuam rebaixados, e nós brigando por algo maior, nada de muito diferente do que sempre foi. Para um time pequeno, ganhar de um time grande equivale um título. É provável que coloquem uma estrelinha na camisa em função do feito conquistado. Parabéns. Ano que vem poderão exibir o feito para o Asa de Arapiraca, nada além disso.

Acontece que, sinceramente, o que realmente me deixou um tanto abalado na rodada deste último domingo, foi o infeliz incidente no jogo entre Vasco e Flamengo.

Não torço para nenhum dos dois times, mas o sucedido aos vinte minutos do segundo tempo, me deixou muito triste. Eu, a torcida do Vasco e acredito que a torcida do Flamengo também.

Acredito que até meu querido amigo Jean Mafra, rubro-negro de corpo e alma, destes que, embora não pareça, conhecem, entendem e gostam de verdade do bom futebol, deve ter ficado triste com o acontecido.

Ricardo Gomes sofreu um seriíssimo acidente vascular cerebral.

Uma pena.

Uma pena para todos aqueles que sonham com o futebol brasileiro mais íntegro, mais honesto, mais preocupado em jogar bola do que nas picuinhas extra-campo. Não questiona-se aqui esquemas táticos, preferência por posturas ofensivas ou defensivas, e sim índole no trato do esporte em si.

Florianopolitanos, sejam eles alvinegros ou azurras, estão saturados de um senhor chamado Delfim Peixoto, uma espécie de Ricardo Teixeira regional. E nós todos, brasileiros de um modo geral, independente da cor da camisa e do escudo que traz no peito, não suporta mais o tal do senhor Teixeira e seus desmandos politiqueiros.

Talvez pelos anos vividos na Europa, onde ainda hoje é reverenciado como grande ídolo pela apaixonada torcida do Benfica, e tido como um semi-deus pelos apaixonados pelo Paris Saint Germain, tanto como jogador como técnico, Ricardo Gomes jamais permitiu que seu nome fosse envolvido num destes tantos bate-bocas futebolísticos tão corriqueiros nas mesas redondas nos fins das rodadas dos nossos campeonatos locais.

Não é o melhor técnico do Brasil, e talvez nunca venha a se tornar. Mas jamais se viu uma linha a seu respeito tratando de discussões menores, que não fosse o desempenho do time por ele dirigido.

Independente da competência, cujo estilo e postura sempre me agradou bastante, sempre absolutamente educado e cortês com repórteres, torcedores, jogadores e adversários, coisa rara de se ver hoje em dia. Nunca vi uma entrevista sua em que responsabilizasse a arbitragem por um resultado adverso, que denegrisse o adversário por um revés qualquer, ou algo que o valha.

Espero realmente que ele se recupere de mais este desafio que se impôs diante dele como um atacante quase insuperável, dos tempos em que ele era um zagueirão lento, mas muito técnico. Pessoas como ele são raríssimas de se ver no nosso esporte favorito, e quando se encontra um destes, que ele fique entre nós o máximo de tempo possível.

Parabéns ao Léo Moura, ídolo rubro-negro, que logo após o jogo iniciou a campanha no twitter #ForcaRicardoGomes, mostrando que em determinadas situações, rivalidades são reduzidas a nada, que adversários não são inimigos, e que o ser humano deve estar acima de qualquer disputa.

Para o bem do esporte que tanto me encanta, torço para que Ricardo Gomes se recupere rápido, e rápido eu possa assistí-lo à beira do gramado comandando o Vasco da Gama. Espero que no onze de setembro que se aproxima, data historicamente fatídica, eu esteja sentado na minha cadeira do Orlando Scarpelli, e ele esteja a frente do luso-brasileiro time carioca, mostrando uma recuperação surpreendente a todos nós, que sonhamos com um futebol feito por pessoas sérias, íntegras e honestas como este carioca ainda tão jovem, que faz com que todo aquele que goste de futebol, ainda que desanimado com tanta corrupção que enlameia aquilo que nos diverte duas vezes por semana, acredite que haja sim, uma luz no fim do túnel.

Força Ricardo Gomes!


2 comentários:

jean mafra em minúsculas disse...

david, querido,
curiosamente, o acontecido de ontem me deixou bastante sensível. não se pelos últimos acontecimentos, mas o fato é que ver aquele o homem, um respeitável senhor técnico (eticamente), daquele jeito me deixou bastante tris...

força ricardo gomes.

abração,
david.

p.s. lamento também pelo desempenho dos nossos times na tarde de ontem.

Bruna Rafaella disse...

Olha não sou fãn de carteirinha de nenhum clube, mas sou São Paulina 100% tricolor de coração!
Então como não posso passar em branco por você, quero deixar claro que desejo forças á ele e também que possivelmente há uma luz no fim no túnel, que não sejas o céu.


Forte abraço e um grande Beijo.

Te adoro!