sexta-feira, 30 de abril de 2010

Quem quer ser um milionário?


Todo fim de mês é a mesma coisa, contas chegando, aquele exercício para fazer com que as despesas caibam nas receitas, e rezando para que sobre pelo menos um pouquinho que me permita jantar num restaurante melhor do que o Bokas, nem que seja uma vez no mês.

Como todo bom brasileiro, traço meus vários planos para tudo o que farei no dia em que ganhar na mega-sena, mas a bendita da caixa econômica insiste em sortear os números errados...

Cansei de esperar! Para que eu possa comprar minha tão sonhada Harley Davidson e ir de moto até o Chile, resolvi encontrar alguma maneira de me tornar milionário sem ter que esperar pela boa vontade da sorte.

Tenho como objetivo de vida tornar-me escritor. Mas é público e notório que no Brasil, com exceção de Paulo Coelho e Cristóvão Tezza, até onde eu sei ninguém mais vive de escrever. Logo, serei sim um escritor (talvez até já o seja, embora não publicado), mas não me iludo com a possibilidade de viver as custas das minhas linhas. A não ser que eu mude o meu foco de atuação.

Meu livro é um romance, tanto o acabado, quanto o que está em desenvolvimento, e romance vende muito pouco. Mas alguns livros vendem muito! Para que eu ganhe dinheiro escrevendo, basta eu partir para o ramo da auto-ajuda, ou para a linha espírita. Aí sim, poderei viver da escrita. Mesmo tendo aversão a ambos os tipos de literatura, não deixam de ser um modo de ganhar dinheiro exercitando a alquimia da combinação das palavras.

Numa das tantas conversas de boteco que tive com meu irmão, Sir Mattos, surgiu a brilhante, irresistível e fenomenal ideia de criar um gênero literário que me deixará milionário da noite para o dia: AUTO-AJUDA ESPÍRITA!

Veja o que você acha:

Título: SUCESSO ALÉM DA VIDA!!!
Subtítulo: Dê um upgrade na sua existência após a morte! Aprenda as 17 infalíveis leis do sucesso de quem fez da sua partida uma revolução vitoriosa! Dicas preciosas de espíritos que obtiveram sucesso na empreitada pós-túmulo!
Psicografado por Don Mattos, ditado pelo espírito de Roberto Marinho.

Ou ainda:

Título: RECOMECE SEM CULPAS!
Subtítulo: Você está arrependido das cagadas feitas na sua última existência? Aproveite essa oportunidade e reescreva sua história do zero!
Psicografado por Don Mattos, ditado pelo espírito de Judas Iscariotes.

Não sabe o que vestir depois que abotoar o paletó de madeira?

Título: MODA ALÉM DA VIDA!!!
Subtítulo: 10 dicas para você arrasar nas passarelas do Éden! Chega de túnica branca, antene-se nas novas tendências do paraíso!
Psicografado por Don Mattos, ditado pelo espírito de Clodovil Hernandes.

Ou ainda uma abordagem mais romântica, afinal quem não tem sexo são os anjos, os espíritos ainda mandam ver!

Título: 101 MANEIRAS DE ENLOUQUECER SUA MULHER NO PARAÍSO!
Subtítulo: Não deixe a sua eternidade cair na rotina! Agora que você – literalmente - já levou sua parceira às nuvens, incremente a relação com posições do outro mundo!
Psicografado por Don Mattos, ditado pelo espírito do Marquês de Sade.

Outro segmento que dá ótimos lucros são os livros de auto-ajuda corporativa:

Título: O MONGE MORTO E O EXECUTIVO QUE JÁ ERA!
Subtítulo: Lições de liderança participativa para que você conduza sua equipe com foco nos resultados muito além dos bens materiais!
Psicografado por Don Mattos, ditado por Henry Ford e Gandhi.

Outra ideia, quer abrir um novo negócio?

Título: GUIA DO EMPREENDEDOR MORTO!
Subtítulo: Já que você foi uma das vítimas do downsizing da vida, aprenda o passo-a-passo para empreender com sucesso num mercado onde a demanda não para de crescer!
Psicografado por Don Mattos, ditado pelo espírito de Eike Basita.
(tudo bem, ele não morreu, mas se dá para ganhar dinheiro, ele com certeza está na jogada!)

Fala a verdade, eu sou um gênio!
Encontrei uma maneira de ganhar dinheiro escrevendo!
O Chile que me aguarde, já vou até encomendar minha Harley!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Num mundo repleto de protagonistas, eu admito, nasci para figurante.


No post anterior, citei a festa de aniversário do primeiro ano de vida do Benjamin, o bebê Superpose. Benjamim é filho de Isaac Varzim(DJ talentosíssimo, conhece e entende de música como poucos, além de estar sempre atualizado com as mais variadas novidades que a internet nos proporciona. Vai conhecer vídeos bizarros assim lá longe!) e Paula Felitto (a mãe mais querida e divertida que já conheci, além de uma artista na essência, ela não se faz de artista, ela é!).

Isaac e Paula trabalham com música predominantemente eletrônica, e o fazem com tanta qualidade que até alguém como eu, que tem seus alicerces musicais no rock 70tista, e na música brasileira da mesma década, gosta.

Por trabalharem com tal vertente, o visual de ambos reflete o ofício. São modernosos, estilosos, criativos nas roupas, cabelos, sapatos e acessórios. Na supracitada festa, além de um punhado de celebridades locais (ou pessoas que acreditam-se como tal), havia também um punhado de pessoas fashions e antenadíssimas na próxima tendência (sim, a próxima, pois a última para eles, é pouco!).

Para mim, que não sou do meio, é cômico observar aquela fauna. Pessoas tão preocupadas com o seu penteado ultra-lambido, ou ultra alvoroçado, que não conseguem ficar mais do que cinco segundos sem passar as mãos em suas madeixas para verificar se tudo está em ordem. Ou desordem, dependendo do penteado.

Há que se admitir, são pessoas, acima de tudo, corajosas. Ou caras-de-pau, não sei. Mas o fato é que jamais teria coragem de sair na rua com roupas similares as que a maioria trajava. Deve dar muito trabalho, exigir muito tempo, esforço e dedicação, para conseguir descombinar as peças que vestem, com tanto talento. E a coisa vai evoluindo meio que em efeito cascata, começa pelos cabelos cuidadosamente bizarreados, óculos quadrados com grossa armação preta de acetato, passando pela camiseta com alguma estampa divertida, um casaco xadrez, que poderia ter sido pego emprestado do avô, calças em cores berrantes e tênis branco com cadarço colorido, algo meio segunda-série do primário, isso para não citar as nauesabundas cores de esmaltes que agridem as pobres unhas indefesas.

Nas minhas várias leituras diárias, blogues que acompanho, está um chamado Donde Estás Corazon, que dentre outros assuntos, predomina fotos de baladas com legendas divertidas aprovando ou não o figurino dos fotografados.

Me divirto bastante com o blogue, suas fotos e legendas, mas não adianta minhas queridas blogueiras, todos, TODOS os figurinos fotografados estão veementemente reprovados! Dia desses chegaram até a aprovar calça legging de oncinha. Não, não, não, minhas caras, mil vezes não! Legging de bichinho é crime hediondo! Sabe quando a mulher mata o marido e usa a TPM como atenuante da pena? Então, uma legging de bichinho pode ser utilizada como atenuante para a pena do marido assassino.

Tudo bem, sou chato, recalcado, rabujento e retrógrado. Mas até aí, nenhuma novidade. Sou tão démodé que chego ao cúmulo de ser heterossexual, veja só que absurdo!!! Em pleno século vinte e um, alguém gostar apenas do sexo oposto é no mínimo uma afronta às boas maneiras modernas. O mínimo que se espera de uma pessoa civilizada é que ela seja, ao menos, bissexual. Mas admito que neste ponto sou praticamente um neardenthal. Neste e em todos os outros também.

Não, eu não entendo nada de moda. Aliás, como já disse em um outro post, no qual eu dava dicas de moda, quer saber o que não usar? Veja o que está na moda! Sou básico ao extremo, se deixar uso camiseta lisa, sem estampa (preferencialmente branca ou preta), com calça jeans pelo resto da vida. E para absoluto desespero de quem tem o mínimo de interesse em assuntos relacionados à moda, quando vario meu figurino é para tirar a camiseta lisa, sem estampas, e colocar uma com listras verticais preta e branca, com o símbolo do Figueirense no lado esquerdo do peito. Sim, sim, sim, eu cometo o acinte de ir ao shopping com camisa de time de futebol, veja você que absurdo! Mais do que isso, para que o brega não deixe de cumprir sua missão na terra, tenho até uma personalizada da seleção brasileira, escrito nas costas: “Don Mattos”.

As pessoas mais interessantes que eu conheço, são (em tudo), as mais simples. Não precisam se impor esteticamente, conflitar com aquilo que supostamente seria uma ditadura dos padrões pré-estabelecidos, para se fazerem notar. Elas são interessantes por serem, e não por tentarem parecer ser. Também não quero com este parágrafo, afirmar que pessoas que gostam destas inovações estéticas sejam necessariamente superficiais, tanto não afirmo isso que iniciei o texto reverenciando o casal Superpose, por quem tenho o mais profundo carinho e admiração, e que são modernosos até a medula. Entendo que muitas vezes o vestuário é parte de uma cultura que se representa, parte necessária de toda uma comunicação pretendida. Entendo e respeito, mas não adianta, não visto.

Mas convenhamos, tem gente forçando bem a barra. É tanta gente com vocação para protagonista, que o mundo tem sentido falta de coadjuvantes. E talvez por isso ultimamente tenha me sentido tão deslocado, sou um dos últimos figurantes num mundo repleto de personagens principais. Não quero nem ver a entrega do Oscar, vai ser um empate técnico com um milhão de pessoas, e o vencedor será decidido no detalhe. Talvez no tamanho do alargador da orelha esquerda, talvez na altura do topete (se bem que a Amy já não está com essa bola toda), ou quem sabe no par de botas sete léguas mais criativo que alguém estiver usando. Por via de regra, vou continuar lá no meu canto, quietinho, camisa do Figueira no peito, tomando minha cervejinha enquanto os tantos protagonistas brilham. Afinal de contas, é isso que fazem os figurantes.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

CUIDADO: Blogueiro antissocial!


Recebi um email de um leitor, dizendo: “Cara, deve ser legal ser teu amigo, imagino que vc deva ser o cara mais engraçado da sua turma, todos devem te convidar para festas só para fazer a turma rir.”

Meu querido, me parte o coração partir o seu coração, mas eu sou absurdamente mal-humorado. E isso não é piada, é verdade. Para começar, eu detesto festas. Não gosto mesmo, e se saio de casa para ira até uma festa, é por que gosto muito, muito mesmo da(s) pessoa(s) que me convidaram. Se elas não tiverem uma significativa importância na minha vida, eu não me dou nem o trabalho de dar desculpas do tipo: “se der eu vou, qualquer coisa eu ligo”. Eu digo na hora, “Não vou!” “Por que?” “Por que não!” “Por que não não é resposta” “Então não vou por que sim, mas não vou por que não vou, por que não quero ir, ponto final.” E não é brincadeira, eu digo isso mesmo. Quando escuto um: “GROSSO!”, ainda emendo um sonoro: “Que é isso, bêibi, são seus olhos...”

Eu sou meio Saraiva, se escuto algo que me dói nos ouvidos, eu desço a pedrada sem só nem piedade. Dia desses, numa das raras aparições que faço em festas, uma menina ao ver os pés de Benjamim, o bebê Superpose, disse admirada: “nossa, olha só os dedinhos, tem até as unhazinhas...” Meu amigo, não adiantou respirar fundo, tive que soltar um: “E você reparou que ele veio com olhos também?” Isaac, pai de Benjamim, ainda completou: “Dois, ainda por cima, um de cada lado!”. Aliás, Isaac me convida para as festas dele pois sabe que mesmo que eu não conte piadas, se a festa estiver chata basta eu começar a falar os nomes compostos que ornamentam a árvore genealógica da minha família. Sou obrigado a admitir, esta tradição familiar é realmente cômica, algumas combinações são dignas de placas em praças públicas. Mas não, eu não vou contar nenhum aqui. Quem sabe outro dia, não hoje.

Quando comecei a escrever para o Tô Puto, várias pessoas me falavam: “Mattos, tu devias investir no Stand Up, tu ias se dar super bem!” Se tem coisa que eu acho ainda mais chata do que festas, é exatamente esse Stand Up, ou seja, dizer que eu levo jeito para a coisa, é praticamente uma ofensa pessoal. Salvo raríssimas exceções, esta modalidade de comediante pegou uma formulazinha e fica replicando pelos palcos do Brasil, como se fossem os reis da gargalhada, e chega a ser constrangedor ver que muitas das pessoas riem quase que por comiseração, e mais constrangedor ainda por que os outros riem pelo simples fato de estarem num show que supostamente deveria ser engraçado, mas não é! Se não é, não precisa rir. Depois tu poderás rir da cara envergonhada que o pseudo-comediante ficará ao perceber que ninguém riu, e dar-se conta que não leva jeito pra coisa. Isso sim é engraçado!

Fórmula básica do Stand Up, toda piada começa com a frase: “Se tem uma coisa que eu não entendo...” a partir daí, já não importa o assunto.
Casamento: “Se tem uma coisa que eu não entendo no casamento, é por que todo homem quando casa...”
Futebol: “Se tem uma coisa que eu não entendo no futebol, é por que todo torcedor...”
Política: “Se tem uma coisa que eu não entendo na política, é por que todo candidato...”

SE NÃO ENTENDE, NÃO FALA! CACETE!

Vai ler, se instrui, pesquisa, aprende, depois vem falar a respeito. Mas não vem me dizer que não entende, pois mesmo que eu saiba, não vou te explicar, sou mal-humorado e egoísta.

Não gosto de falar ao telefone, aliás, detesto! Saio do trabalho na sexta-feira e já desligo aquele aparelhinho intrometido, e só volto a ligá-lo na segunda-feira pela manhã.
Não tenho orkut, facebook, twitter ou qualquer coisa do gênero. Não tenho nem quero ter, apesar de que vez ou outra cogito a possibilidade do twitter para fins de divulgação deste blogue. Mas cada vez que vejo a página do twitter de alguém repleta de incríveis novidades, como:

“banho, depois trabalho com a Cidinha”
“Macarronada na casa do Léo”
“Uhul, baladinha com a galera”
“A ExpoPalhoça ontem tava showwww!!!”

Se o teu banho não foi junto com a Cidinha, e nele vocês não fizeram loucuras aproveitando as benesses escorregadias do sabonete, não me interessa.

Eu gosto muito de macarrão, e não fui convidado para ir na casa do Léo comer a macarronada. E se fosse convidado, provavelmente não iria, logo, não me interessa.

Baladinha? Ah, vá se f...

Ontem? A ExpoPalhoça foi ontem? Bola pra frente, minha filha, o que passou, passou. Passou e não me interessa.

Ou seja, as pessoas que usam twitter, me convencem facilmente a não usá-lo.

Mantenho o blogue, e dele não pretendo abrir mão (ao menos por enquanto). Gosto de escrever, e estou trabalhando com afinco no meu ideal de vida de tornar-me um escritor de fato, tanto no que diz respeito ao estudo da profissão, buscando escrever sempre mais e melhor, quanto no que tange a correr atrás para fazer as coisas acontecerem. Tenho me dedicado bastante neste meu projeto.

Mas para o bem da longevidade da minha pretensa carreira de escritor, caro leitor, sugiro que nosso relacionamento se restrinja a este que é hoje, eu escrevo, tu lês, e assim a vida flui tranqüilamente. Temo que se me conheceres, percebas que sou uma farsa, e que meus textos engraçadinhos não passam de humor negro, sátira e rabujice de um velho ranzinza precoce.

Até por que não sei nem fingir ser simpático. Certa vez meu querido amigo Maykon Lontra Desmaida Kindermann, me chamou no Drakkar e falou:

“Mattos, essa aqui é a Fulana de Tal, ela adora teus textos, sempre acompanha tua coluna!”
Eu respondi:
“Legal. Valeu.”

Quando a menina se afastou eu levei um baita dum esporro, do tipo: “Porra, seu idiota, a menina acompanha tua coluna, diz que gosta dos teus textos e tu diz ‘legal, valeu’?!?!?”

O que ele queria que eu fizesse:

“CARA, QUE DEMAIS, PUTZ, FICO MUITO, MUITO FELIZ COM ISSO, VALEU MESMO MINHA QUERIDA, POXA, GANHEI MEU DIA, QUERES UM AUTÓGRAFO? OU MELHOR, DIZ AÍ, SOBRE O QUE TU GOSTARIAS QUE EU ESCREVESSE, PROMETO FAZER UM TEXTO EXCLUSIVO PARA TE DIVERTIR, E OLHA, VOU FAZER O POSSÍVEL PARA QUE SEJA O MELHOR TEXTO QUE EU JÁ TENHA ESCRITO! BRIGADÃO MESMO, TÁ?!”

Sei que é quase um contrasenso, querer ser escritor, e ter essa aversão à popularidade. Mas se tal equação é possível, o mundo ideal seria aquele em que meus textos se destacariam, independente de mim. Quer me conhecer? Meus textos dão pistas. Volta e meia eu digo claramente, mas através do blogue, enfim. Sei que meu comportamento trabalha contra meu objetivo, mas não pretendo alterar nenhum deles. Se der certo, ótimo, caso contrário vá se f...

Calma, calma, essa foi de brincadeirinha. Foi engraçada?

Bom, voltando ao final do texto, se der certo, ótimo, se não der vou continuar tentando até que uma hora dê.

Mas por favor, caro leitor, tua visita aqui é muito bem-vinda, bem quista, e espero que não só permaneças a ler este blogue, como o divulgues para teus contatos. Mas vá por mim, tua vida é melhor sem meu humor nublado. Se já não sou grande coisa no blogue, fora dele sou menos ainda. Não sou fashion, meu cabelo não tem o corte da moda, não uso roupas descoladas, não freqüento os lugares mais badalados e, acredite, não sou engraçado.
Mas repito, volte sempre. Como diria André Forastieri: “A casa não é sua, mas procuro tratar bem as visitas”

Saravá.

terça-feira, 27 de abril de 2010

O número 100!

Pois é, a coisa passa rápido, e este já é o meu post de número 100.
Muita coisa aconteceu, muita coisa continua na mesma, descobri amigos onde via colegas, descobri desafeto onde via amigo, descobri gente nova, gente nova me descobriu, enfim, foram 100 momentos interessantes. Alguns não muito, foram colocados só para que não ficasse muito tempo sem atualização, outros foram colocados com a pressa de quem anseia por se comunicar logo, com urgência. Alguns eu tinha certeza que não dariam em nada, e deram, outros eu tinha certeza que seriam sucesso absoluto, e ninguém deu bola.

Pensei em escrever um longo texto meio que em celebração à este centésimo post, mas vou fazer coisa melhor. Deixarei que uma pessoa muito eloquente, com profundo domínio da palavra e da oratória, expresse para vocês tudo aquilo que gostaria de lhes dizer neste momento tão importante:



PS: vídeo plagiado do blogue jean mafra em minúsculas.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A maior sessão de descarrego do mundo: DIA D!


Dias atrás recebi um panfleto divulgando o “Dia D”, evento evangélico que seria (e foi) realizado no Largo da Alfândega, centro de Florianópolis.

O panfleto era realmente tentador, e quase saí de casa para presenciar as atrações, entre elas:

· Mais de 1000 homens de branco em jejum!
· Depoimento de uma mulher curada do câncer!
· Depoimento de uma mulher curada da AIDS!
· A maior sessão de descarrego do Brasil!

E sem contar que teria ainda a grande oportunidade de sair de lá com uma cura, pois seriam oferecidas: 30.000 curas na hora!!! (O panfleto não trazia informações sobre curas à prazo)

Mas um trabalho da faculdade acabou me segurando em casa, naquela gostosa tarde de feriado. Além do mais, que eu saiba não tenho nenhuma doença que esteja necessitando de uma intervenção divina. No máximo uma dorzinha no ouvido, mas nada grave, me viro bem com ela sem a necessidade de apoquentar deus e seus jejuadores de branco. Mas também não fiz um exame prévio mais detalhado, de repente com uma investigação médica mais criteriosa, poderia descobrir que tenho câncer ou AIDS, e já me safaria desta sem a necessidade de quimioterapia ou AZT. Levando-se em conta que os nossos governantes não são muito chegados em gastar dinheiro com uma coisinha besta como a saúde, bem que poderiam contratar esses jejuadores de branco, imagine o tanto que se economizaria!

Na minha ingênua descrença no transcendental, e particular aversão ao cristianismo, achei que no máximo 100, 200 pessoas desesperadas enfrentariam aquela gostosa tarde chuvosa à espera de um milagre. Contudo, entretanto, porém e todavia, eis que para minha estupefata surpresa, mais de 60.000 pessoas acotovelaram-se em frente ao palco sagrado itinerante a espera de uma intervenção divina nas suas vidas consideradas por elas muito pequena, mediante a grandeza do seu deus milagreiro, especializado em descarrego com ênfase na cura do câncer e da AIDS.

Fico em dúvida se o sucesso do evento está na excelente oratória e poder de convencimento destes artistas do descarrego, ou se a multidão é resultado do desespero coletivo, a tal ponto de achar que só uma ocasião como aquela seria capaz de reorganizar a baderna psicológica que tomou conta das suas pobres vidas.

Há ainda uma outra possibilidade, esta muito mais preocupante, talvez as estatísticas da secretaria da saúde estejam totalmente defasadas, e hoje Florianópolis conta com 60.000 portadores do vírus da AIDS. Considerando-se que temos aproximadamente 400.000 habitantes no nosso pedacinho de terra perdido no mar, 15% da nossa população possui AIDS, o que é muito preocupante, pois com um índice deste é muitíssimo provável que você já tenha dividido seus lençóis com uma dessas pessoas, se não diretamente, é quase certo que por tabela você já dividiu seus fluídos com algum dos 60.000 crentes do Dia D.

Mas podemos negociar com um desses prepostos de deus. Se o vírus transmite-se pelo contato sexual, basta requerer junto à graça divina que a cura também o seja, deste modo bastaria você ir lá no seu caderninho e sair comendo todo mundo novamente. Se deus é justo, nada mais justo do que essa cura compartilhada, vamos exigir o nosso direito de amar ao próximo (novamente).

Contudo, deus pode alegar em sua defesa que havia uma cota de 30.000 curas para o evento, e considerando-se que 60.000 estiveram presentes, ainda temos circulando pelas ruas de Desterro 30.000 pessoas infectadas. Por mais cruel que seja, só nos resta torcer para que os 30.000 curados tenham sido os com AIDS, os outros terão que voltar ao Cepon.

Para finalizar, uma constatação bastante pertinente. Diferente da afirmação feita por Jhon Lennon em 1966, os Beatles já não são mais populares do que Cristo, afinal de contas Sir. Paul levou apenas 50.000 pessoas no último show realizado em Los Angeles, no mês passado. Mas claro, o apelo eclesiástico foi concorrência desleal, praticamente um dumping. Para assistir Paul o ingresso mais barato custava 180 dólares, já para os milagreiros jejuadores de branco, a entrada era franca.

Não há dúvidas, o papa já não é tão pop, mas deus ainda está com bastante moral!

Fábio Della e Marcelo Rubens Paiva: Separados no nascimento!


sexta-feira, 16 de abril de 2010

André Dahmer é o cara!


Por sugestão de Jean Mafra, conheci o talento de André Dahmer. E esse cara, é O cara! Acesse ali ao lado: "Malvados - André Dahmer" e divirta-se (ou ofenda-se).

Não se preocupe, querida, está tudo bem!


Querida, pode ficar tranquila na sua viagem, está tudo em ordem durante sua ausência.

Aquela senhora que você contratou para cuidar da casa durante a sua viagem ficou doente e não pode vir, mas estou me virando bem.
Estou preparando meu próprio jantar.
Só não estou limpando a casa nem lavando a roupa suja.

Está dando tudo certo. Ontem fiz batata frita. Ficou bom. Era preciso descascar a batata? A panela de pressão ficou bem suja, mas a deixei de molho no sabão em pó com um pouco de WD40.

Quanto tempo precisa pra cozinhar ovos? Já deixei eles fervendo por duas horas, mas ficaram duros que nem pedra... Da próxima vez, vou deixar menos tempo.

Ontem tive um contratempo cozinhando as ervilhas. Coloquei a lata no microondas e ela explodiu. Acho que tinha que abrir a lata, né? Mas hoje vou fazer um macarrão, que é bem mais fácil. Até já deixei ele de molho na água fria, pra cozinhar mais rápido, já que o microondas quebrou.

Já aconteceu contigo de a louça suja criar mofo? Como é possível isso acontecer em tão pouco tempo?
Aliás, atrás da pia tem de tudo que é bicho, daqui a pouco vai dar pra fazer um documentário e vender pro Nacional Geografic. hehehehe, brincadeirinha!!!

No domingo eu emporcalhei o tapete persa com molho de tomate e mostarda do cachorro quente. Você sempre me dizia que mancha de molho de tomate não sai. Passei um pouco de gasolina que tirei do carro, e a mancha saiu. Ficou meio branco no lugar, mas arrastei o sofá em cima da mancha e nem dá pra perceber. Até você voltar, o cheiro deverá desaparecer.

A geladeira estava criando muito gelo, então tive que fazer um defrost nela. O gelo sai fácil se você raspar ele com uma colher de pedreiro!
Ficou ótimo, foi fácil e rápido, agora a geladeira está gelando bem pouco, acho que vai demorar bastante pra juntar gelo de novo.

No mais, na última quinta-feira quando saí para o trabalho, acho que me esqueci de trancar a porta. Alguém deve ter entrado no nosso apartamento porque estão faltando alguns objetos, inclusive aquele vaso de marfim que seu bisavô trouxe da África. Mas como você sempre diz o dinheiro não traz felicidade, e tudo que é material é efêmero.

O seu guarda-roupa também está meio vazio, mas acho que não devem ter levado muita coisa, afinal você sempre diz que nunca tem nada pra vestir. Ah, também não achei seus sapatos.

Sei que está pensando nas suas plantas, mas eu estou molhando elas direitinho. Até fervi a água ontem, pois estava muito frio e achei que não ia fazer bem molhar elas com água fria.

Beijos mil, com muito carinho, do seu querido Afonso...

PS: Sua mãe deu uma passada aqui pra ver como estavam as coisas. Ela entrou e começou a gritar, e em seguida sofreu um infarto.
O velório foi ontem à tarde, mas preferi não te contar pra não te aborrecer com uma coisinha à toa.

Volte logo, estou com saudades...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Jingle Ruim!

Pois eis que dos assuntos que me interessam, marketing é um dos grandes. É verdade, falo esse monte de besteiras aqui, mas sou administrador empresarial de formação, e gosto bastante da ciência que escolhi para estudar. Embora tenha muitas ressalvas com boa parte das metodologias utilizadas nas gestões empresariais de todo o mundo, estudar o universo das empresas me encanta.

Sendo assim, de tudo o que compõe uma empresa, três áreas me apetecem com mais intensidade: Recursos Humanos, Comercial e Marketing. E por falar em marketing, é bastante frequente nos depararmos com campanhas publicitárias catastróficas, o que demonstra um profundo desconhecimento do empresariado no quão útil e valoroso pode ser uma boa estratégia de marketing integrado. Cria-se lindos comerciais, e esquecem de reforçar a marca da empresa anunciante, cria-se mensagens lindas acompanhadas por jingles horríveis. Mas tá, e daí, onde quero chegar?

Neste excelente vídeo, uma sugestão que, na minha opinião é uma aula de marketing! Uma ação de publicidade voltada diretamente ao público alvo, orientada para o resultado, mostrando para o cliente suas deficiências de uma maneira divertida, e como essas deficiências podem ser facilmente resolvidas pela empresa autora da ação. Mas caso você discorde, no mínimo vai se divertir bastante. E o mais legal, foi feito aqui em Florianópolis! Sim, temos ótimos profissionais por aqui, muito mal pagos, mas ótimos profissionais!

Saravá!



PS: Não pertenço à empresa, não estou ganhando nada com essa divulgação, apenas acho que boas ideias devem ser propagadas o máximo possível.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Papagaio Revolucionário


En Caracas, un niño regresa de la escuela a su casa, cansado y
faminto y le pregunta a su mamá:

- Mamá, que hay de comer?

- Nada, mi hijo.

El niño mira hacia el papagayo que tienen y pregunta:

- Mamá, por qué no papagayo con arroz?

- No hay arroz.

- Y papagayo al horno?

- No hay gas.

- Y papagayo en la parrilla eléctrica?

- No hay electricidad.

- Y papagayo frito?

- No hay aceite.

El papagayo contentísimo gritó: PUTA QUE LO PARIÓ, VIVA HUGO CHAVES!!!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Tudo o que você sempre quis saber sobre Tarantino, mas não tinha a quem perguntar!

O segredo da felicidade conjugal: QUEM MANDA SÃO ELAS, OBEDEÇA!


Quarta-feira, 19:30.

Ele trabalhou o dia inteiro, está louco para chegar em casa, tomar um banho e ir se deitar, ver televisão, qualquer coisa... Menos: sair de casa.

Subiu as escadas do seu apartamento quase sem agüentar o peso de seus ossos e daquela saliência abdominal que a cevada tem cultivado com tanta dedicação. A morosidade com a qual avança cada lance de escada é um reflexo claro da sua disposição para qualquer evento social que lhe seja proposto.

Coloca a chave na fechadura, gira lentamente, abre a porta devagar e, pela fresta da porta já percebe uma movimentação estranha no recinto. O som de salto alto impactando no piso do quarto é um sinal evidente de alerta.

De mansinho, na ponta dos pés, sem fazer qualquer tipo de barulho ele entra no banheiro e, realizando o único movimento rápido desde que desligara o carro, tranca a porta e enfia-se embaixo do chuveiro, sem a menor intenção de sair de lá antes de duas horas se passarem. Existe uma esperança, ainda que remota, de que a demora no banho desanime a intenção da outra parte em sair de casa. Pois é certo que qualquer apelo sobre o quão importante é permanecerem um pouco mais em casa, no cantinho que é só deles, evitando a violência na rua, os riscos que permeiam a cidade àquele horário, o maravilhoso programa de televisão que irá passar, tudo isso será em vão. Só lhe resta tentar vencer pelo cansaço.

Ao final do banho, procura no cesto de roupa suja a indumentária que vestiu no último domingo, no qual encheu a parede do apartamento de furos para pendurar quadros que sequer foram comprados. Achou. Coloca aquele calção de time de futebol velho, com um furo na bunda. A camisa do “Ligue 21” toda esgarçada. A Ana Paula Arósio toda torta, coitada...

Saiu do banheiro. Olhou para direita, nada. Para esquerda, livre. Saiu correndo, se atirou no sofá, pegou o controle remoto, ligou a televisão e pronto. Seu exílio dentro da própria casa. Ligou a TV. No futebol, é claro. Na eventualidade de um embate com a outra parte, o futebol diminui a possibilidade de diálogo.

Ataque número 01

Ela passa pisando forte por trás do sofá onde ele está submergido. Dá uma pequena paradinha atrás dele, e respira tão profundamente que é capaz de alterar a rota de uma corrente de ventos vinda da Argentina. Ele sente o calafrio da presença dela atrás de si. Mas não se mexe. A inércia, em alguns casos, é uma excelente forma de defesa. Faz de conta que não é com ele e aumenta o volume da televisão. Ela sai pisando ainda mais forte em direção a cozinha.

Ataque número 02

É de conhecimento geral que as mulheres são infinitamente mais detalhistas e cuidadosas do que os homens, principalmente na cozinha, local onde a maior parte deles sente-se tão a vontade quanto um pingüim na Praia da Joaquina. Contudo, neste dia tudo vai cair do armário. No afã inútil de chamar a atenção daquele corpo estatelado que agride o sofá indefeso, ela deixa cair alguns utensílios do casal. Somente aqueles cujo som, ao impactar no chão, resulte uma quantidade suficiente de decibéis capaz de acordar o bebê do vizinho que mora no apartamento localizado três andares abaixo. Ele fica com a sensação temerosa de ter sua cozinha, equipada com tanto sacrifício, destruída por um ataque talibã. Mas ele não se lembra de ter ouvido falar sobre alguma facção talibã por aquelas redondezas. Fica no impasse: “olho ou não olho, olho ou não olho, olho ou não olho...” NÃO OLHE! Estabelecer contato visual com a fera pode ser fatal! Ele aumenta mais um pouco a televisão para fugir do choro do bebê do vizinho.

Ataque número 03

Novamente ela passará por trás do sofá que serve de trincheira para aquele corpo covarde, escondido entre as almofadas. Agora pisando tão forte que é capaz de provocar verdadeiros abalos sísmicos dentro de casa. Nova paradinha, nova respirada, desta vez tão profunda que uma corrente de ar quente oriunda do oceano Atlântico com destino ao litoral Brasileiro esfria, têm seu itinerário alterado, e volta correndo para as bandas de Cabo Verde, se cagando de medo. Ela dá uma paradinha e fala com os dentes semi-cerrados: “uh, merda!”. Ele começa a tremer, seus olhos enchem d’água, sente um nó apertado sufocar-lhe a garganta e pensa: “cacete, ela vai me pegar, eu sei que vai...”

Ataque número 04

O ataque final! Ela tira os sapatos, abre os botões superiores da sua blusa, deixando seu bem formado colo levemente a mostra, vem caminhando devagar, senta-se ao lado dele no sofá, envolve os seus dedos entre os parcos fios de cabelo que ainda restam na cabeça dele. Ele, totalmente fragilizado e imbecilizado com aquele simples gesto, vira para ela com um sorriso estúpido e diz sorrindo: “oi... ‘Mô’”. Ela, sabendo do impacto que aquele simples gesto provoca naquele ser sub-racional e totalmente dominado pelas vontades do seu pinto, diz com a voz doce e provocativa: “oooooiiii... Bebê”. Nisto, ela percebe que o idiota está entregue, basta concluir o serviço:

_Sabe o que é... Chêro? Eu tô com uma fominha, mas uma fome que você não tem idéia. Vamos sair pra comer alguma coisa? Mas se você não quiser, não tem problema.

Perceba o veneno que contém esta frase. Ele, agora ciente de que fora vítima de uma armadilha, tenta esquivar-se de alguma maneira:

_Mas benzinho, eu ainda vou ter que ir lá no armário, escolher uma roupa, me trocar, vai dar o maior trabalho...

Em vão!

_Já está tudo passadinho em cima da cama, meu bem. É só você ir lá e se trocar.

Ele pensa em alguma saída, tenta encontrar argumentos, justificativas, motivos suficientemente convincentes para fazê-la ficar em casa, mas a única coisa que vem a sua mente é: FODEU!


Recapitulando: ele não estava com fome, ele queria ficar em casa descansando.

Ela estava com fome, e queria sair para comer, pois bem...

O cavalheiro troca de roupa, se arruma para sair com a sua amada, dirige-se até o carro, abre a porta para que sua dama adentre no automóvel, dá a volta, posiciona-se no acento do motorista e faz a fatídica pergunta:

_Então meu amor, o que você quer comer?

E aí vem a trágica resposta (que todas responderão da mesma maneira!):

_Não sei... Tanto faz... Você escolhe...

Ele respira fundo, conta até dez, e vai às sugestões:

_Que tal uma pizza?

_Ah não, pizza não!

_O que então, meu amor?

_Ah, sei lá, qualquer coisa, pode escolher...

_Um cachorro quente?

_Ah querido, cachorro quente não, né?! Por favor!

_O que então, querida?

_Ai amor, não sei, qualquer coisa, pode escolher.

O pior é que, se ele cai na idiotice de escolher, e vai para um lugar que ele está com vontade de comer, ela passará o resto da noite com os braços cruzados, com um bico enorme, de cara fechada e, quando ele perguntar inocentemente:

_O que houve meu amor?

_NADA, NÃO FOI NADA!

Nisto, ele (o imbecil), agrava mais a situação perguntando:

_Foi alguma coisa que eu fiz?

Pronto, agora ela inclina o corpo na direção dele, como o dedo indicador em riste, apontando para o nariz daquele pobre coitado, e diz com a face vermelha de raiva:

_VOCÊ SABE! NÃO SE FAÇA DE ENGRAÇADINHO QUE VOCÊ SABE!

E o infeliz não faz a mínima idéia do que está acontecendo...

Mas existe outra saída. Ao invés de ir para um lugar decidido por ele, existe a alternativa de apresentar à ela algumas propostas de programas gastronômicos:

_Bem, meu amor, nós podemos ir à uma pizzaria, um café colonial, uma churrascaria, um restaurante de comida japonesa, você escolhe...

Mas o idiota não para por aí, ele vai dar a última opção, que certamente acabará em definitivo com a noite que poderia ser romântica:

_...ou ainda, benzinho, podemos ir lá na casa da mamãe!

Pronto. Falou da sogra.

Ela começa a ser dominada por uma força satânica enfurecedora, e ataca verbalmente o estúpido:

_MAS TU ÉS UM GROSSO MESMO! SÓ QUER SABER DAQUELA BRUXA DA TUA MÃE! PEGA AQUELA VELHA GORDA E ENFIA ELA NO MEIO DO TEU ...

Sai do carro, bate a porta, sobe para o apartamento chorando, se tranca no quarto, liga para a mãe e desabafa aos prantos, entre soluços:

_Eu... eu... eu... Eu não devia ter casado com esse grosso... MALDITO!

Moral da história para ela:

Quando ele chegar em casa, cumprir o ritual descrito um pouco mais acima, e se atirar no sofá, pule as etapas de bater pé, respirar fundo, derrubar utensílios. É muito fácil resolver esta questão. Chegue atrás dele, no sofá, e diga com a voz bem doce:

_Oooooiiiii amor?! Você quer uma cervejinha?

Você pode estar pensando assim: “Ah, pois sim! Só o que me falta, eu levar cervejinha para o vagabundo estatelado no sofá!” Calma minha querida, não termina por aí.
Ele vai ficar totalmente incrédulo, sem saber se está sonhando ou acordado, após ouvir a pergunta:

_Cerveja??? Sim, sim, é claro que eu quero meu amor!

Agora é a hora do seu tiro de misericórdia:

_Então vamos sair para tomar uma!

Pronto. Problema resolvido. O seu, e o dele.

Moral da história para ele:

Meu amigo, aceite sua condição. Quem manda é ela!
Fica até uma dica: quando você chegar em casa, e perceber que ela está de ovo virado, com a cara amarrada, louca por um bate boca, antes de começar a discussão, assuma sua culpa:

_Desculpa meu amor, eu sei que eu errei, mas prometo que não vai acontecer de novo.

_Ah meu amor... Que bom que você reconheceu. Mas não faz de novo, tá bom?

Ela vai ficar surpresa por você ter reconhecido o seu erro, ainda que ela não faça a mínima idéia de qual erro foi esse, e muito menos você. A questão é só mostrar que quem manda é ela, então aceite.

Quanto mais cedo o homem aceita esta condição, mais sofrimento será evitado. Conheço pessoas que passaram a vida inteira tentando convencer a si mesmos de que quem mandava em casa eram eles, pobrezinhos. E ainda afirmavam categóricos:

_Na minha casa quem manda sou eu, tá pensando o quê? Essa história de que a mulher manda é para homem pau mandado, não para mim.

_É isso aí parceiro, vamos tomar mais uma em homenagem a tua autoridade!

_Não, não. Ficou maluco? Já tenho que ir pra casa que daqui a pouco ela chega. E se ela perceber que eu bebi, já viu né? Vou ter que dormir no sofá de novo...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Dica do Don: Ox Dox Duo no Chopp do Gus!

O que você vai fazer no sábado a noite, as 22:00h para ser mais exato?
Então desmarca!

O negócio é ir no Chopp do Gus do Córrego Grande, tomar o terceiro chopp mais bem servido da ilha (atrás apenas do Quiosque da Brahma do Iguatemi, e do Botequim), comer aquela batata frita com cheddar flambada, e curtir música muito boa.

Meu querido amigo Décio (ou segundo o nome artístico: Decopa – sabe aquele artesanato para encapar móveis e cadernos? Decoupage, é mais ou menos a mesma coisa), que apesar de gaúcho é gente boa pra caramba, vai desfilar todo o seu talento musical acompanhado de seu parceiro Thata (não, não é aquela que apresenta o Patrola, é outro). Serão dois os violões, duas as vozes, boas as músicas e vários os chopps.

E para você, meu amigo, minha amiga leitora deste sensacional blogue, uma sensacional promoção! Se você levar um cartaz (daqueles no estilo “filma eu Galvão”) escrito: “Eu sigo a dica do Don, me ferrei!”, após o terceiro chopp, você terá direito a comprar o quarto pelo mesmíssimo preço, não é incrível?

Bom, é isso, fiz a minha boa ação da semana, agora posso voltar a atropelar velhinhas!

OS: Décio, quero ouvir Chico Buarque!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Graaaande Prefeito!!!!!


Pois eis que estava assistindo ao jornal do almoço, comendo meu strogonoff de ontem requentado acompanhado por um copo de coca-cola sem gás, e vi uma instigante matéria sobre o fechamento da avenida Paulo Fontes, no coração de Florianópolis, em frente ao Terminal de Integração do centro da cidade.
Eu sempre me admiro com o quão geniais podem ser os gestores públicos. A capacidade e tenacidade daqueles que gerem o belo município que me pariu, é realmente assombrosa.

No dia 15 de outubro de 2009, fecharam a tal da avenida.

Minha estupefação não é com o fechamento em si. Ele pode até ser bom. Não chego a ser contra, mas também não sou a favor, e não que esteja em cima do muro, só não parei para pensar muito a respeito. Acho que nos dois casos, fechando ou mantendo aberta a avenida, teremos bônus e ônus.

O que realmente me encanta, é o excepcional brilhantismo com que a decisão foi tomada, o planejamento bem feito, a condução firme e bem orientada do projeto.

Segundo o vice-prefeito, entrevistado na reportagem, no fim de maio de 2010, será feita uma audiência pública, supostamente envolvendo todas as partes afetadas, para determinar o que será feito no local. As possibilidades são muitas, pode-se fazer uma passarela para os pedestres e reabrir a avenida, um túnel subterrâneo, ou ainda manter a avenida fechada, e fazer um belo boulevard com bares e cafés, tudo muito charmoso, meio parisiense. Todas as alternativas são interessantes dentro de determinado prisma, e preocupantes em outros. Mas não é das possibilidades e suas conseqüências que eu quero falar.

O que realmente me deixa boquiaberto, é saber que nossos perspicazes gestores públicos determinaram o fechamento de uma das artérias do centro da nossa cidade, cujo trânsito já era bastante conturbado quando a avenida estava aberta, e apenas sete meses depois vão decidir o que fazer com aquilo. É fantástico!

Imaginemos a cena:

_Com licença, Sr. Prefeito, o senhor mandou me chamar?

_Sim, sim meu caro secretário de obras, mandei sim. Pode entrar, fique a vontade!

_Pois não?!

_Seguinte, a nossa cidade está precisando de obras, muitas obras.

_Certo.

_Então eu quero que você vá lá e mande aterrar metade da Lagoa da Conceição.

_A Lagoa, senhor?

_Isso mesmo, a Lagoa! Aterre do lado esquerdo de quem vai para a Joaquina.

_E por qual motivo?

_Ah, sei lá. Depois a gente vê esse negócio de motivo. O pessoal não reclama que o trânsito lá é horrível? Diga que é para melhorar o trânsito, aumentar a segurança, melhorar o saneamento básico, alguma coisa assim. Mas se perguntarem o que vamos fazer, diga que já temos o projeto.

_E que projeto seria?

_PORRA, COMO ASSIM QUE PROJETO? Já falei que não sei, você é surdo ou o quê? Aterra lá, depois a gente vê o que faz, o povo só precisa ver que a prefeitura está trabalhando. Bota uma placa bem grande com alguma coisa do tipo: “Prefeitura de Florianópolis, trabalhando pelo bem estar do povo da cidade!”, crie uma frase bonita, de impacto, fale com o pessoal do marketing.

_Senhor, a Lagoa é importante, o pessoal vai chiar, tem os ambientalistas...

_Ah, para os ambientalistas diga que é para combater a dengue. Diga que o lado da Lagoa que vai ser aterrado tem muita água parada, e pelo bem da população a gente vai aterrar tudo! A dengue é um perigo, não podemos dar mole!

_O senhor acha que vai colar?

_E isso importa? O povo só precisa ver que a gente tá trabalhando, no que não importa. O negócio é trabalho, meu filho, trabalho! Vai lá e aterra aquela merda toda!

_Boto algum nome na obra?

_Boa, nome é sempre uma boa! Coloca “Complexo de Infra-Estrutura Municipal Governador Pedro Ivo Campos”, tô precisando fazer uma moral com os grandões do partido.

_Mas senhor, já tem ponte, teatro e avenida com esse nome. Que tal Vilson Kleinubing?

_Não, esse eu já batizei um elevado. E além do mais ele não era do partido. Ninguém do PMDB morreu recentemente?

_Não que eu me lembre...

_Que tal “Eduardo Pinho Moreira”? Ele pode até ficar emocionado com a homenagem e ficar meio sem jeito de concorrer ao governo, numa dessas sobra uma bocada pra mim.

_Não sei se é uma boa ideia, senhor.

_Bom, então coloca o nome do Guga, assim todo mundo vai gostar. Quando começarem a reclamar, diga que é uma homenagem ao nosso principal manézinho, e que toda homenagem para ele é pouco.

_É uma ótima ideia, senhor! Então, se o senhor me dá licença, vou lá dar as deliberações iniciais.

_Ah, secretário, só mais uma coisinha...

_Sim?

_Já aproveita e manda fechar a avenida Beira-mar norte também.

_Mas pra que, senhor?

_Mas você não aprendeu nada mesmo... E por acaso isso importa?

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Dica do Don: Vinho Periquita

Esse é um português, bom pelo custo x benefício, provavelmente o melhor nessa faixa de preço, algo em torno de R$30,00.
Ainda que não seja um grande vinho, se comparado com alguns mais sofisticados, é barato e uma boa dica para acompanhar um bom bolognesa!

E com uma campanha publicitária dessas, acaba de ganhar muitos pontos positivos!


terça-feira, 6 de abril de 2010

A Fantástica Pizzaria do Campeonato Varzearinense!


_O Campeonato Varzearinense tem rádio arremessado no gramado???

_TEM SIM SENHOR!

_O Campeonato Varzearinense tem gandula que invade o gramado para brigar com os adversários?

_TEM SIM SENHOR!

_O Campeonato Varzearinense tem guarda-chuva arremessado no gramado?

_TEM SIM SENHOR!

_O Campeonato Varzearinense tem bomba arremessada no gramado?

_TEM SIM SENHOR!

_O Campeonato Varzearinense tem jogador expulso que assiste o jogo do banco de reservas?

_TEM SIM SENHOR!

_O Campeonato Varzearinense tem juiz que relata tudo na súmula?

_TEM SIM SENHOR!

_Então perdeu mando de campo! Jogadores e gandulas suspensos! Multa pesadíssima pra vocês!!!!

_BUÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!!!!

_BRINCADEIRINHA DO TITIO!!! AQUI É O CAMPEONATO VARZEARINENSE, ESSE NEGÓCIO DE REGRAS E LEIS SÓ VALE PARA CAMPEONATO DE VERDADE, NA VÁRZEA NÃO TEM NADA DISSO! VAMOS TODO MUNDO SIMBORA COMER UMA BELA PIZZA COM O TITIO!!!

_ÊÊÊÊÊÊÊ!!!!

domingo, 4 de abril de 2010

I me mine


Sei que me exponho neste espaço, muitas vezes desnecessariamente. Mas ainda que por mais paradoxal que seja, quem (só) me lê, não me conhece. Não me sabe, por mais tempo que faça que tenha sido apresentado a mim. Ainda que minha presença lhes tenha sido imposta pela equivocada e irresistível força da natureza, não os torna necessariamente sabedores dos meus verdadeiros e tantos defeitos, nem das minhas poucas e sinceras virtudes. Poucas pessoas têm a exata dimensão dos dois lados da minha libriana balança, sempre tão descompensada.

Faz meses que convivo comigo, só comigo. Uma convivência tão reveladora que me é quase agressiva. Durante os trinta anos da minha vida, disfarcei minha presença no conforto das tantas presenças alheias, que sempre me ajudaram a evitar-me, protegeram-me de mim. E isso foi importantíssimo, pois em outras épocas se fosse exposto à mim, não suportaria me encarar. Agora estou nessa disputada queda de braço entre aquele que eu deveria ser, e aquele que de fato sou.

A minha vida, como tantas outras, talvez a sua, a dele, a dela, talvez todas, foi forjada à fogo brando com o tempero das ideias externas sobre nós e sobre o mundo. Eu me considero um privilegiado, pois ao longo destes trinta anos, foram personalidades tão intensas e fortes que moldaram o que sou, que nas vezes em que me acovardo, é por reverência à elas; nas vezes em que me encorajo, é por inspiração delas. Ofereço justiça a quem não faz questão dela, e sou cruel com quem não merece. A maior vilania da minha vida foi direcionada a pessoa que mais bem me fez. A maior benfeitoria da minha vida é dedicada à um casal de gatos vira-latas, sem os quais não vivo. Ria, se quiser, mas é verdade.

Pensei em citar nomes, na intenção da homenagem. Mas minhas intenções têm sido constantemente mal interpretadas, e se já não gosto de me expor, pior ainda seria expor terceiros, ainda que no anseio do agradecimento. Até por que sei que são reservados, e essa reserva é o que neles me cativa. Não exigem estar presentes em todas as páginas da minha biografia, nem mesmo em todos os capítulos, mas sabem que são imprescindíveis no conjunto da obra que sou. São o silêncio imprescindível antes do refrão apoteótico. São minha fermata, me prolongam quando necessário, me calam quando preciso. E por isso os amo desmedidamente. Sabem quando ouvir, sabem quando não me dar ouvidos, sabem quando calar, sabem quando falar, sabem quando vir, sabem quando se afastar. Eles raramente comentam aqui, mas trocamos emails, telefonemas, dividimos cafés, cervejas, vinhos brancos com macarrão com molho de salmão e ostras; tanto para falar sobre o que aqui foi escrito, para saber se vou votar no Serra, na Dilma ou na Marina, ou apenas para saber como é mesmo aquela receita de yakissoba que eu sei fazer.

Tornar algo meu público, seja para expor algum talento que talvez tenha, ou mesmo a falta dele, desvia o foco das luzes daquele que de fato sou, concentrando as atenções numa pequena e superficial parte minha, uma parte que é totalmente dissimulada, proposital, premeditada.

Sou só, mas não sou sozinho. Tenho vivido assim por opção, eu na minha caverna. Achei que ela fosse pequena e que seria fácil me acomodar. Mas a cada novo fósforo que eu risco para iluminar o seu interior, vou me dando conta do quão grande ela é. Minha demora dentro dela é conseqüência direta do tanto que há para ser explorado. Tenho ainda que enxotar alguns morcegos que me incomodam e, vez ou outra, assustam. Tem uma parte dela que é úmida, fria, me dá dores de garganta e uma impertinente dor no ouvido direito, já quase crônica. Têm outros tantos espaços que são confortáveis e me oferecem uma segurança como até então não havia sentido. Eu vivo descalço na caverna, e os pedregulhos que cobrem o chão machucam meus pés, mas também tornam as solas que me sustentam mais resistentes. Eu vou caminhando descalço - nu, na verdade - pois desde que adentrei, ouço um barulho de água corrente em algum lugar do interior da caverna. Quero encontrar essa nascente e tomar um banho, talvez depois disto me sinta limpo, preparado para dar um novo passeio lá fora. Talvez eu me afogue.

Feliz Páscoa!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Santo scarpin rosa chiclete, Homem-Morcego!


– Nós precisamos conversar.

– Fala meu amor.

– E sério. Precisamos conversar sério.

– Iiihhhhhh... Detesto quando você vem com esse tom de voz. Que foi, pegasse o meu carro escondido de novo?

– Não, não tem nada a ver com o seu carro.

– Então fala logo, desembucha de uma vez.

– É sobre nós dois.

– Como assim “sobre nós dois”? Achei que depois de uma noite como a de ontem estava tudo perfeito entre nós dois.

– Ontem foi a nossa despedida.

– O QUÊ?????

– Isso mesmo, eu sinto muito Bruce, mas não dá mais para continuar.

– Não, peraí, você só pode estar brincando comigo. Como assim: “não dá mais para continuar.”. Estava tudo perfeito, faz um tempão que nós não brigamos, que estamos nos dando super bem, parei de implicar com você por ciúme, deixei você entrar no cursinho pré-vestibular, eu não entendo, por que você quer terminar uma história tão bonita quanto a nossa assim, tão de repente?

– Eu sei Bruce, eu sei disso tudo. Não tem nada errado, você é realmente maravilhoso para mim, mas sei lá, alguma coisa mudou aqui dentro, sabe?

– Não, não sei não. Não dá para entender isso assim, sem uma explicação no mínimo plausível. Fala a verdade, é alguma coisa que eu fiz para você? Me diz onde eu estou errando, diz que eu tento melhorar, eu prometo mudar, fala para mim onde você quer que eu mude.

– Não Bruce, você não está entendendo. O problema não é com você, é comigo.

– Ah não, Robin, essa não cola. Essa aí é mais velha do que o Alfred. Fala a verdade para mim, seja no mínimo honesto comigo. É outra pessoa? É isso? Você está com outra pessoa e está sem coragem para me dizer? É isso? FALA ROBIN, É ISSO? OLHA NOS MEUS OLHOS E FALA A VERDADE, É ISSO?????

– (silêncio)

– Quem é? Só me responde isso, por favor, quem é a pessoa? É alguma daquelas meninas do cursinho? Aquelas putinhas bronzeadas que ficam se arreganhando toda só por que vêem um rapaz novinho, saradinho, com um carro legal uma máscara e uma capa, é isso Robin? Por que se for isso, eu não ligo não. Você pode se aventurar com uma delas, pode até ter um casinho, eu entendo a sua dúvida. Quando você veio pra cá você era muito novo, ainda não entendia direito das coisas do amor. É natural que você queira experimentar o outro lado, para ver como é. Pode ir, pode ir que eu te espero, eu sei do que você gosta. Pode ir que eu sei que você vai voltar!

– Não é nada disso Bruce, não é nada disso. Não é uma mulher.

– COMO ASSIM NÃO É UMA OUTRA MULHER????? ENTÃO VOCÊ ESTÁ ADMITINDO QUE EXISTE OUTRA PESSOA, É ISSO ROBIN, QUEM É ESSE FILHO DA PUTA??? QUEM É ESSE DESGRAÇADO QUE EU VOU MATAR?

– Santa Insegurança Abichalhada Batman, tenta se controlar, vamos conversar como duas pessoas adultas e civilizadas, não precisa ficar gritando desse jeito.

– COMO DUAS PESSOAS ADULTAS??? EU TE PEGO NAQUELE CIRCO FALIDO, TUA FAMÍLIA MORTA, TE DOU CASA, COMIDA, ROUPA, LAVADA, UMA CAMA QUENTE E ACONCHEGANTE, CARINHO, AMOR, SEXO, TE DOU TUDO, TUDO, TUDO DE MIM, FAÇO TUDO O QUE VOCÊ ME PEDE PARA EU FAZER E VOCÊ VEM ME FALAR EM SER CIVILIZADO???? QUEM É ESSA BICHA, FALA, ANDA, QUEM É A VAGABUNDA DA BICHA QUE NÃO É CAPAZ DE RESPEITAR UM AMOR IGUAL AO NOSSO???

– Tente se controlar, por favor, caso contrário não conseguiremos chegar a lugar nenhum.

– E QUEM DISSE QUE EU QUERO CHEGAR A ALGUM LUGAR? ÃHN, ÃHN, ÃHN? QUEM DISSE, QUEM DISSE? EU NÃO QUERO IR A LUGAR NENHUM, EU QUERO FICAR AQUI COM VOCÊ, AQUI NO NOSSO CANTINHO, SÓ NÓS DOIS, SEM MAIS NINGUÉM PARA ATRAPALHAR, SEM NENHUMA BICHA DESGRAÇADA PARA ATRAPALHAR NOSSA FELICIDADE... AAAAAIIIIII EU NÃO ACREDITO, ISSO SÓ PODE SER UM PESADELO... AAAALLLFREEEED, AAAALLLFREEEED TRAGA MEUS SAIS, RÁPIDO ALFRED, OS MEUS SAIS, POR FAVOR, TRAGA MEUS SAIS QUE EU NÃO ESTOU ME SENTINDO BEM.

– Calma Bruce, deixa eu te explicar, não fica assim, não foi proposital, eu juro. Aconteceu, simplesmente aconteceu, foi mais forte do que eu, desculpe, eu não planejei nada, mas quando eu percebi já estava completamente envolvido...

– (aos prantos) NÃO, NÃO, NÃO, NÃÃÃÃÃOOO, MIL VEZES NÃO. EU NÃO ENTENDO, EU NÃO QUERO ENTENDER, EU NÃO PRECISO ENTENDER NADA... EU SÓ QUERO FICAR COM VOCÊ, POR FAVOR, NÃO ME DEIXA, EU IMPLORO. SOMENTE VOCÊ DIRIGE O BATMÓVEL DAQUI PRA FRENTE, EU JURO, NÓS MUDAREMOS O NOME DA DUPLA PARA “ROBIN E BATMAN”, EU FAÇO QUALQUER COISA, MAS POR FAVOR, NÃO ME DEIXE.

– Calma Bruce, calma. Tente ficar mais calmo.

– (se recompondo, mas ainda chorando) Quem é ele?

– Isso não vem ao caso.

– Quem é ele?

– Já falei Bruce, isso não vem ao caso.

– ANDA ROBIN, FALA QUEM É O DESGRAÇADO, EU TENHO DIREITO DE SABER QUEM ESTÁ ENFIANDO ESTA FACA NO MEU PEITO, FALA O NOME DO MEU AGRESSOR, FALA O NOME DA PESSOA QUE NUBLOU PARA SEMPRE MINHAS MANHÃS DE DOMINGO, FALA O NOME DE QUEM TIROU O SABOR DAS MINHAS REFEIÇÕES, FALA QUEM FOI QUE ACABOU COM O SABOR DOS MEUS VINHOS, FALA ROBIN, ANDA, FALA QUEM É A BICHA QUE DESTRUIU O LAR MAIS FELIZ DE GOTHAM CITY.

– Adam.

– QUEM????

– O Adam.

– Adam? Que raio de Adam é esse?

– Adam, Bruce, o príncipe Adam.

– O QUÊ???? O HE-MAN????

– É.


– Mas ele nem é da DC Comics, como assim você com o Príncipe Adam?

– Eu sei que ele não é daqui, mas ele está estudando no meu cursinho, é aluno de intercâmbio.

– Eu não acredito... Eu não tô acreditando nisso que eu estou ouvindo. Como você tem coragem de me trocar por alguém com aquele cabelinho ridículo, com aquela blusinha rosa, que usa calça leg quando quer ficar anônimo, e uma tanguinha de pele de leopardo quando quer aparecer?

– Você sabe que eu adoro rosa, Bruce, você sempre soube disso.

– Eu mudo a cor do meu uniforme, eu juro que mudo, eu já estou mesmo meio cansado desse pretinho básico.

– Não é isso Bruce, não se trata de uma questão de cor, eu me apaixonei, foi mais forte do que eu. A professora sorteou o grupo para fazer um trabalho de mosaico na aula de Educação Artística, e nós caímos no mesmo grupo, desde então passamos a lanchar juntos, e eu fui percebendo as nossas afinidades, nós dois adoramos comer no BOB’s, nós dois d-e-t-e-s-t-a-m-o-s futebol, nós dois adoramos ir na praia da Galheta, nós dois temos a coleção completa da Madonna, nós dois lemos todos os livros da Zíbia Gasparetto, é Bruce, ele também é espírita, você sabe que esse seu ceticismo sempre me incomodou muito. E o principal, nós dois pertencemos ao mesmo fã clube do Kid Abelha!

– Eu não acredito... Eu não acredito...

– Não foi de propósito Bruce, eu juro. Simplesmente aconteceu, foi mais forte do que eu...

– Se isso está acontecendo desde o início do cursinho, por que você veio me contar só agora?

– Por que ontem, no cursinho, ele faltou. Eu já estava agoniadérrimo, nervosérrimo, ansiosérrimo, de repente, no meio da aula de biologia o professor parou por causa de um barulho muito alto que vinha lá da rua. Ele abriu a janela para ver o que era e o Adam estava lá embaixo, com um carro de telemensagem, cantando: “Uuuuhhhhh, eu quero você, como eu quero” Não deu mais para segurar Bruce, me desculpe.

– Tá, mas você sabe que ele é comprometido. E o Gato Guerreiro, onde fica nessa história?

– Eles terminaram o relacionamento no carnaval. Até por isso que o Adam veio estudar aqui, estava precisando mudar de ares.

– Terminaram por que?

– Eles foram passar o carnaval na terra deles.

- Grayskhul?

– Não, Porto Alegre. Então, eles foram para o Rio Grande do Sul, e lá o Gato Guerreiro sumiu no meio do baile municipal. O Adam encontrou ele num beco, sem roupa, abraçado com o Gorpo e com o Corujito. Depois desse dia o Adam pegou as suas coisas e se mudou para Gotham City, se matriculou no cursinho e deu no que deu. Desculpe Bruce, não foi de propósito, eu juro.

- ”E agoooora, que faço eu da vida sem vocêêê, você não me ensinou a te esquecer, você só me ensinou a te querer...”

– Tá vendo Bruce? É disso que eu estou falando, a-f-i-n-i-d-a-d-e. Você sabe que eu odeio o Caetano, O-D-E-I-O!

– Desculpe.

– Tudo bem.

– Você tem mais alguma coisa para me dizer?

– Sim,Bruce, ainda falta de dizer mais uma coisa.

– Então fala logo, não precisa me poupar de mais nada, pode falar de uma vez para eu poder ir para o bar. Quero beber até esquecer o caminho dessa maldita caverna e das lembranças que ela traz consigo. Vou vender esta merda!

– Bruce...

– ANDA ROBIN, FALA DE UMA VEZ, PORRA!

– PRIMEIRO DE ABRIL!