quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Ninguém está livre de um acidente de percurso. Ninguém!


Ela: Oi, entra. Entra rápido e fecha a porta.

Ele: Hum, tá com pressa é? Vem cá, vem. Vem cá que eu tô morrendo de saudade!

Ela: Calma... Espera... Pára... PÁRA!

Ele: Pára nada, vem cá que eu já não agüentava de saudades de você, minha bandidinha! Vem cá com o teu santinho vem...

Ela: É sério... Tipo, espera um pouco... Tipo, nós precisamos conversar, é sério meu, eu tô suuuuper grilada com um lance que aconteceu...

Ele: Sério nada, seja lá o que for pode esperar um pouquinho, dá cá um beijinho, dá.

Ela: PÁRA PORRA, O QUE EU PRECISO TE DIZER É SÉRIO, CARALHO!

Ele: Êita, não precisa gritar também. Você sabe que a gente tem pouco tempo pra se ver, aí eu venho pra cá e você me trata desse jeito. Olha que assim eu não volto mais!

Ela: Meu, você não tá me levando a sério, né? Tipo, nem aí pro que eu tenho pra te falar, né?

Ele: Não é isso, é que você fica muito sexy quando tá brabinha!

Ela: Eu tô grávida.

Ele: Que bonitinha, a minha baixinha grávi... O QUÊ???? GRÁVIDA????

Ela: É. Grávida. Tipo assim... Esperando um filho teu.

Ele: PUTAQUEOPARIU!!!! COMO ASSIM GRÁVIDA????

Ela: Meu, como assim: “como assim”? Quer que eu te explique como uma mulher fica grávida? Quer que eu desenhe?

Ele: Não, não pode. Isso não pode de jeito nenhum, você só pode estar brincando...

Ela: Não. Tipo, não é brincadeira meeeeiiismo.

Ele: Você não disse que não tinha perigo? Que você estava tomando pílula?

Ela: Dizer, eu disse. Mas, tipo assim, falhou. Ou esqueci, sei lá...

Ele: Meu caralho abençoado... Eu tô fodido... Como eu vou explicar isso agora?

Ela: Meu, tipo assim, sei lá... Saca?

Ele: Você vai ter que tirar. Não quero nem saber, vai ter que tirar. Você já parou pra pensar na merda que isso pode dar???? Você vai ter que tirar de qualquer jeito, não quero nem saber!

Ela: MEU, ‘CÊ TÁ MALUCO???? EU NÃO VOU TIRAR DE JEITO NENHUM!!! VOCÊ É QUE VAI TER QUE ASSUMIR!!!

Ele: Não dá, você sabe que não dá, que isso é impossível.

Ela: Meu, mas tipo assim, pra fazer deu, não deu? Agora vai ter que assumir.

Ele: Minha querida, isso é impossível! Você sabe que eu sou só um preposto d’Ele. Você era a prometida pra Ele, eu tinha só que te vigiar.

Ela: E vigiou muito bem, diga-se de passagem.

Ele: Puta que o pariu, eu não posso fazer isso. Ele não vai me perdoar nunca... Sem contar que você é menor de idade. Imagina só, eu engravidando uma menina de 16 anos... Não, nem pensar, de jeito nenhum!

Ela: Meu, usa tua criatividade pra tentar consertar essa cagada cara, mas, tipo assim, que eu não vou tirar, isso eu não vou!

Ele: Como é o nome daquele teu namoradinho?

Ela: Que namoradinho?

Ele: Aquele lá, que trabalha na carpintaria.

Ela: O Zé?

Ele: Isso, esse aí, o José. Então, você não disse que ele tá todo apaixonadinho, que disse que se pudesse casava com você hoje mesmo?

Ela: Meu, ‘cê tá maluco? Casar? Cara, casamento ninguéééém merece! Eu não quero casar meeeeeeiiiismo, eu ainda sou muito nova! Tipo, eu quero estudar, viajar, fazer intercâmbio cultural, meu, tipo, viver novas experiências...

Ele: Anhã! Bonito pra tua cara. Ter filho você quer, mas casar nem pensar!

Ela: São coisas diferentes. Um filho depois a minha mãe cuida. Ou a minha prima, a Isabel. Ela sempre quis ter um filho e não consegue engravidar nunca.

Ele: Ouvi dizer que ela tá grávida sim,

Ela: Ah, sei lá. Mas eu não sou afim desse lance de casar não.

Ele: Não me interessa o que você é ou não é afim. Vai ter que casar e pronto. Essa criança aí precisa de um pai, e você sabe que não tem a menor possibilidade de eu assumir essa criança.

Ela: Meu, mas tipo assim, o que eu casar com o Zé vai aliviar a tua barra?

Ele: Vamos fazer o seguinte. Você sabe que Ele é muito ocupado.

Ela: Tô sabendo.

Ele: Então, eu vou propor para Ele o seguinte. Vou sugerir que você se case com o Zé. Ele sabe que você mais cedo ou mais tarde ia ter que arranjar um cara por aqui para cuidar do filho Dele.

Ela: Tá, mas, tipo, até onde eu sei, Ele que faria o filho. Só que, meu, tipo assim, o filho já ta feito, dãããããã.

Ele: Eu sei disso, eu sei disso. Mas vou fazer o seguinte, vou falar para Ele que, pelo que eu tenho te acompanhado, já está na hora de você gerar o filho Dele, até por que a adolescência nos dias de hoje anda complicada, as meninas andam mais atiradinhas...

Ela: Meu, mas, tipo assim, bem que você gosta da adolescente atiradinha aqui...

Ele: Isso não vem ao caso. Isso definitivamente não vem ao caso. Aí, ele vai concordar comigo. Que de fato as adolescentes de hoje em dia não andam nada fáceis. Mas, como sempre acontece, ele vai dizer que não tem tempo, que tá muito corrido.

Ela: Sei, e daí?

Ele: E daí que eu vou falar para ele escolher alguma pessoa para fazer o serviço para ele. Vou dizer que eu abrirei um processo de seleção, inclusive.

Ela: Meu, e você acha que ele vai topar?

Ele: Não. Vai falar que não quer ficar divulgando por aí que está atrás de um reprodutor para a Sua prometida. Que a idéia até é boa, mas teria que ser alguém em quem ele pudesse confiar cegamente.

Ela: Ah, sei. Aí ele, tipo assim, vai indicar você. Até por que ele te escolheu para cuidar de mim exatamente por confiar cegamente em você.

Ele: Exatamente!

Ela: Homem é tudo trouxa meeeeeeeiiismo!

Ele: Vai ser genial, tenho certeza que ele vai acreditar nessa história!

Ela: Tá, e o Zé? Você acha que ele, tipo assim, vai topar casar com uma menina grávida de outro???

Ele: Bom, o Zé você que cuide dele, trate de inventar uma desculpa pra ele. Diz que foi um milagre, que, sei lá, foi obra do Espírito Santo, ou alguma coisa assim.

Ela: Dããããããã, Meu, você é muito trouxa meeeeeiiiismo! Se eu disser isso, todo mundo vai sacar que você tá na jogada.

Ele: Putz, pior que é verdade. Deixa eu pensar o que eu posso fazer...

Ela: Se você acha que ele vai aceitar essa tua historinha, então já dá a letra para ele fazer um lance em parceria, tipo assim, um triângulo saca?

Ele: Triângulo amoroso, eu, Ele e você?

Ela: Dãããããã, claro que não, meu. Fala que você, Ele e o meu filho, os três são um só, um lance meio santo, saca? Um triângulo santo, uma tríplice santidade, os três do além, mosqueteiros do Éden, santíssima trindade, sei lá, depois você inventa o nome.

Ele: É verdade, acho que isso pode dar certo.

Ela: Helloooo-ôul, é claro que vai dar suuuuuuper certo. Tipo, desse jeito ele não corre o menor risco de levar fama de corno depois.

Ele: É mesmo, você está certa!

Ela: Só me preocupo com a criança no futuro.

Ele: Por que?

Ela: Meu, tipo assim, esse lance pode confundir a cabeça do moleque. Pode ficar meio depressivo, um filho de três pais, pode se sentir meio deprimido. Meu, vá que ele vire um emo, já pensou?

Ele: É verdade, isso realmente pode acontecer... Bom, mas para impedir ele de virar um emo, você tem que desde cedo ficar falando que ele é o filho do Cara! Que ele é o Cara, eu falo até com Ele, para liberar uns milagrezinhos para o moleque fazer por aí. Assim ele fica felizinho e não corre o risco de acabar todo de preto com uma camiseta do Evanescense, sombra nos olhos, ouvindo Fresno no Ipod na frente do Red Café enquanto aguarda o início do show da Bloomy.

Ela: Meu, gostei da idéia. Tipo assim, tudo de bom! Tudo de bom meeeeeismo!

Ele: Bom, já que o problema já está resolvido. Vem aqui mais pertinho, vem.

Ela: Oooolha santinho, olha que eu vou, hein?! Seu safadinho!

Ele: Minha bandidinha!