quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Alôôôôô Comunidaaaaade!!!!!!


Aaaaahhhh moleeeeque...
Tá bonito de ver
Todo mundo sambando
Batendo na palminha da mão
Vai, vai, vai, vai!
Chora, chooooooraaaaa cavaaaaaco!!!
Se orguuuuuulhaaaaa comunidade que essa é tua escoooola, esse é teu barraaaacããããoooo!!!

Para aproveitar o restinho de espírito carnavalesco que ainda paira no ar, vamos a algumas análises importantíssimas sobre as festividades de Momo que (para minha mais profunda e sincera alegria) terminaram.

Dos Sambas-Enredo:

Um samba enredo só é bom de verdade se o título do samba for maior do que a própria letra do samba-enredo, por exemplo: “Saravá meu pai Ogum-megê: As aventuras brasileiras sobre a ritualidade mística da influência da África setentrional na égide dos orixás e entidades do candomblé de raiz na batuta do Babalorixá Pai Cleosvaldo do terreiro de Feira de Santana até Biguaçu, passando por Guaxupé e Iomerê”

Um título desses é sucesso garantido na avenida!

Dos carnavalescos:

Carnavalesco que é carnavalesco viaja o mundo, não importa o tema, ele viaja pelo mundo, mais especificamente pela África, Ásia e um tatinho da Europa. Se o tema do samba enredo é a favela da rocinha, por exemplo, o Carnavalesco vai explicar: “Nossa escola esse ano na avenida vai explicar a importância da favela da Rocinha na cultura brasileira, fazendo uma viagem pela África, passando por Egito, buscando na cultura grega e romana com um pouco da magia Indiana, sobrevoando Vigário Geral e favela da Dona Marta até chegar na Rocinha.”
Se o tema for Futebol, a explicação: “Vamos falar da magia do futebol para o brasileiro, iniciando por uma viagem mística na África, passando pelo Egito, pedindo as bênçãos dos deuses gregos, brindando com a magia da Índia até chegar aos gramados do Brasil.”
Resumindo, não interessa o assunto, sempre vai ter alguma coisa no desfile falando da África, da Ásia, do Egito, da Grécia. Ao mesmo tempo.

Das madrinhas de bateria:

Todas elas nasceram na comunidade. Mesmo quando são gaúchas, e a comunidade fica em Vila Isabel. Elas cresceram no barracão da escola, e ai de quem contestar!

Das passistas:

Para que uma mulher seja aprovada como passista, saber sambar é supérfluo, desnecessário. Importante mesmo é ter em seu currículo um atestado que comprove a sua condição de sub-celebridade semi-esquecida. Pode ser algo como ter ficado dançando no fundo do cenário num episódio da turma do Didi, enquanto o Didi derrubava um balde de água na cabeça do Jacaré. Hoje em dia isso já é notoriedade suficiente para se conseguir um bom posto de passista. Ex-BBB’s têm na avenida uma boa possibilidade de dar um último suspiro de fama, uma última tentativa de diferenciar-se da gigantesca massa anônima da qual sempre fizeram parte, e de onde nunca deveriam ter saído. Numa dessas até descolam um novo ensaio em revistas de mulher pelada, mas é preciso cuidar na escolha da fantasia. Ela tem que mostrar o suficiente para que dê vontade de ver mais, mas não pode mostrar demais, a ponto de já ter aparecido tudo o que tinha para ser visto.

Das fantasias:

Toda fantasia é cheia de significado. Uma mulher vai aparecer na televisão explicando que a sua fantasia representa a Rainha Elizabete, numa concepção africana com a benção dos faraós egípcios chegando à Inglaterra onde Charles Muller idealizou o futebol, tema do samba enredo. Você olha para a tal mulher enfiada na fantasia, e percebe que a fantasia se resume à um punhado de lantejoulas. Nas sandálias.
Só nas sandálias.
E talvez você se pergunte: “quando foi que a Rainha Elizabete saiu por aí vestindo apenas uma sandália cravejada de lantejoulas?” E vai ficar feliz, por não se lembrar de tal ocasião.
Comentário bastante comum, também, é essas sub-celebridades sem-esquecidas aparecerem uma semana antes do carnaval em um desses programas de fofocas do meio da tarde, dizendo que neste ano vai utilizar uma fantasia linda, inovadora, muito rica, que vai surpreender pelo luxo, e quando você vê a tal da fantasia ela se resume à um penacho na cabeça, e só. Um luxo!

Das baterias:

Bateria que se preze tem nome. Furiosa, Raivosa, Poderosa, Indecorosa, Glamurosa, enfim, algum adjetivo dessa natureza que imponha poder ou luxo aos batuqueiros. No meio do desfile, no auge do sambão, vão dar um jeito de enfiar uma paradinha para em seguida fazer uma batida de funk nos tamburins. Todas farão isso!
Há, inclusive, quem denfenda a paradinha da bateria como um dos quesitos de avaliação dos jurados.

Dos Carros alegóricos:

A equipe de carnavalescos passa o ano inteiro planejando a porra do carnaval, mas vai ter um estúpido de um estagiário, que não vai atentar ao pequeno detalhe da altura dos carros, e quando estes chegarem à Avenida, um deles, provavelmente o principal, não vai conseguir entrar pois não passará pelo portal, de tão alto que é o pescoço da girafa no centro do carro. Aí vai ser aquele afobamento diante das câmeras de televisão, a velha guarda-chorando, presidente da escola em desespero, suando como o diabo dentro do seu terno branco e embaixo do chapéu Panamá, um furdunço danado para tentar desmontar o pescoço da girafa que mostra a influência da África e seus orixás no sotaque mineiro (essas equações que só carnavalescos são capazes de criar, justificar e compreender), para em seguida montar tudo novamente dentro do tempo mínimo. Vão conseguir, mas na hora de entrar na avenida, o eixo do carro vai quebrar. Uma legião de guerreiros vão sustentar o carro nos ombros e vão terminar o desfile lavados pelo próprio sangue, mas felizes por terem se sacrificado pelas suas escolas.

Enfim, seguindo estas premissas, é bem provável que você faça muito sucesso no carnaval de 2011, caso você não queira participar, pelo menos irá entendê-lo melhor.

Valeeeeeu comunidaaaaaade!!!

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