Feita a devida e merecida
declaração de amor do post anterior, vamos tratar com um pouco mais de
jornalismo – digamos assim – o emocionante dia de ontem.
Como disse no penúltimo post, na
noite de quarta para quinta-feira eu praticamente não dormi, uma baita
ansiedade por querer saber como estava a saúde e desenvolvimento da nossa
menina.
No post em que relatei minha
insônia de véspera, destaquei também o embate entre meu palpite depai contra a intuição da mamãe. Mas justiça
seja feita, a intuição não era apenas da mamãe, era de praticamente toda a
família! Minha mãe – a Vovó Terezinha – embora estivesse fazendo várias
bonequinhas de pano para darmos de lembrança no nascimento, tinha certeza de
que seria um menino. Vovó Nanci também apostava num menino. Ambas nos
acompanharam no ultrassom revelador, estavam conosco na salinha e, na primeira
imagem que apareceu no monitor, reafirmaram suas posições, “é um menino!”. Mas,
para que eu possa me pavonear pelo resto da vida, a despeito de todas as
intuições contrárias, o que prevaleceu foi meu palpite e a mira certeira da
minha intuitiva mão esquerda!
Antes do exame, o dia parecia
estar durando semanas, meses, anos, de tão lento que se arrastava pelas horas
que antecederam o ultrassom. Como na noite teria o jogo de despedida dos ídolos
do Figueira, Fernandes e Wilson, fomos à loja do clube e compramos a primeira camisa
oficial da nossa filha, para que após o ultrassom fossemos ao jogo e já
pudéssemos pegar os autógrafos dedicados corretamente, fosse menino ou menina.
Após o exame, toda aquela
enxurrada de emoção, telefonemas para irmãos, tios, avós, parentes, amigos,
enfim, deixamos a Vovó Nanci em casa e nos mandamos os três para o jogo de
despedida.
O jogo foi divertidíssimo! Clima
leve, jogadores super solícitos, torcida emocionada, tudo muito bacana.
Evidente que, dada a história que construíram com a camisa do Figueira,
mereciam algo muito maior promovido pelo próprio clube, mas como a diretoria se
negou em prestar as devidas e merecidas homenagens, a torcida tratou de
fazê-las.
Os jogadores eram cercados por
torcedores, tentavam dar atenção a todos mas, por serem muitos, só assinavam e
mal paravam para fotos. Contudo, mesmo atrás de um batalhão de gente eu
gritava: “Fernandes, aqui, Fernandes, cara, fiz o ultrassom hoje, é uma menina,
vim aqui só para pegar teu autógrafo para minha filha, assina a camisa para
ela!”. Amigos, foi tão legal a reação dos jogadores, eles, todos eles abriam
espaço e vinham sorrindo pela história, perguntavam qual seria o nome e, ao
invés de colocarem apenas suas assinaturas, mesmo com um batalhão de torcedores
esperando por eles fizeram questão de autografar com dedicatória! Se já era fã
desses caras, agora sou ainda mais!
Mais do que isso, quando ela
crescer poderei dizer que ela assistiu através dos olhos da mamãe o último jogo
do nosso maior ídolo!
Depois do jogo fomos jantar os
três, comemorar o dia tão especial e, já em casa, fomos assistir o DVD da nossa
menina. Pois é, vejam só vocês, nossa filha nem nasceu e no dia de ontem já fez
o seu primeiro book, gravou o DVD “Clarinha – Ao Vivo na Ilha da Magia”, e
ainda foi o destaque no jogo de despedida do maior ídolo do Figueira!
A mamãe, depois de dias de tensão
e ansiedade, chegou em casa e desabou de sono. Eu, confesso, mais uma vez não
dormi. Acordei de madrugada e fiquei revendo o DVD, vendo como é linda nossa
menina, aquela beleza que provavelmente só pais são capazes de enxergar, pois
para a maior parte das pessoas provavelmente nem conseguirá identificar direito
o que é barriga o que é cabeça. Mas nós conseguimos, mais do que isso, eu já
sei até que o narizinho é lindo igual ao da mamãe!
Bom, segue aí para vocês a
primeira foto da nossa pequena, e também da primeira camisa do Figueira da mais
nova alvinegrinha de Floripa!
Todas as coisas mais lindas que
você já viu na vida, as mais delicadas, sutis, sensíveis, pegue as coisas boas,
as melhores e misture tudo. O resultado vai ser uma imagem em preto e branco, meio
turva, mas vai dar para ver com clareza a cabecinha, perninhas, bracinhos, ela
vai se mexer, vai mostrar a mãozinha como se desse um tchau para a mamãe e para
o papai, vai se esticar, se encolher, virar para um lado, para o outro, e isso
que ainda nem nasceu. Tudo ali, num monitor frio mostrando o ápice do calor
humano.
Aquilo ali, aquela imagem
pequena, aquela menina de 6,7 centímetros, ela é o amor.
Todo o resto é tentativa e erro.
Ela, não.
Ela é o resultado do que o amor é
capaz.
Ela É o amor.
Ela é sorriso, olhos marejados,
perdão, paciência, espera, urgência, ela é a certeza de que tudo o que se viveu
até agora valeu a pena e, mais do que isso, tudo está apenas no começo! E se já
foi lindo até aqui, daqui pra frente vai ser ainda mais!
Ela é a nossa menina que veio Clarear
as nossas vidas!
A Priscilla é uma mulher
fantástica, ela consegue repetidamente me presentear com os melhores dias da
minha vida. Quando eu acho que o que estou sentindo é o melhor que se pode
sentir, ela dá um jeitinho de aumentar ainda mais.
Não dá para descrever o que senti
ontem naquela salinha escura, e de repente um negocinho começa a se mexer, e
vem o coraçãozinho acelerado, como se nossa pequena estivesse brincando de
galopar dentro da barriga da mamãe.
Ontem foi o dia mais lindo da
minha vida, o momento mais lindo da minha vida, e sei que outros ainda mais
belos estão por vir. Se olhar a nossa menina já é comovente, fico imaginando a
emoção de pegá-la nos braços daqui seis meses.
Além de ter visto pela primeira
vez a minha filha (como é gostoso falar isso: “minha filha”), ainda ouvi a
declaração de amor mais linda que já escutei. Talvez você ache brega, mas eu
achei lindo. Minha amada me falou: “É que eu te amo tanto que já não dava conta
de carregar tanto amor sozinha, tive que fazer outra mulher para me ajudar a
carregar todo o amor que eu sinto por ti.”.
Nada no mundo, para mim, é mais
importante do que me certificar de todas as maneiras possíveis que estas duas
mulheres, Priscilla e Clara, sejam para sempre felizes, pois só de me
permitirem viver perto delas, eu já sou o mais realizado dos homens!
Olá caríssimos leitores que estão acompanhando este pai que, assim como o bebê que cresce acelerado na barriga da mamãe, se agiliza aqui do lado de fora para ser um pai a altura de uma mamãe tão amada e uma criança já tão especial.
Pois eis que as 03:00 pulei da cama e não teve jeito de voltar a dormir, só pensando no ultrassom que a cada minuto se aproxima mais. Não teve jeito, não consegui dormir, só pensando se está tudo bem, como será a mãozinha, o rostinho, o pezinho, enfim, diferente dos dias anteriores a esta madrugada, minha ansiedade deixou de ser o sexo do bebê, tanto faz, venha o que vier vai ser lindo, mas estou ansioso para saber se está tudo bem no processo de formação e desenvolvimento do corpinho do nosso bebê!
E hoje, com a devida autorização da mamãe, comunico a vocês que sim, ela tem uma intuição quanto ao sexo do nosso filhote. Durante a maior parte dos últimos 3 meses, ela não ousou intuir, palpitar, enfim, não quis arriscar o sexo do bebê. Mas nos últimos 3 dias ela tem certeza absoluta: é um menino.
Há três dias que só ouvimos Vinícius de Moraes na nossa casa nova.
Ou seja, hoje saberemos quem levará a melhor desse embate que, independente do acertador, todos são vencedores e sairão dele felizes da vida!
Quem levará a melhor:
Palpite do Papai: Menina X Intuição da Mamãe: Menino.
Nosso ultrassom é hoje a tarde, assim que sairmos do exame postarei aqui o resultado!
Faltando um dia para o ultrassom
revelador, precisamos dar um jeito de fazer o tempo passar.
Ontem a noite fomos ao shopping
dar uma olhada nuns móveis pra cozinha da casa nova, e quando nos dirigíamos ao
guichê que valida o ticket do estacionamento, uma livraria cruzou nosso
caminho.
Descobrimos nossa gravidez no dia
03 de outubro, e meu aniversário foi (é) dia 10 do mesmo mês. Como fiz uma
pequena confraternização em família, tinha certeza que ganharia de presente uma
penca de livros sobre paternidade, educação, pais de primeira viagem e afins.
Ledo engano, ganhei muita coisa legal, duas garrafas de vinho, um box com a
terceira temporada dos Simpsons, uma camisa, enfim, muita coisa, mas nenhum
livro sobre aquele momento novo que passamos a viver. Ontem resolvi corrigir
esta injustiça.
Entramos na livraria e perguntei
para a menina onde ficava a sessão de livros para pais novos. Esse é um momento
interessante, pois sempre que entramos numa loja com artigos para bebês e
perguntamos sobre algum produto, as pessoas perguntam se é para presente,
quando dizemos que é para nós, as pessoas ficam – ou aparentam ficar – felizes,
sorriem, é sempre um momento legal!
A menina indicou a sessão e lá
fomos nós. Não havia muitos títulos, alguns totalmente voltados para o
besteirol, como se os pais fossem débeis-mentais que passariam a cuidar de
alienígenas, mas conseguimos garimpar alguns títulos aparentemente interessantes.
Compramos um para ela, um para mim e um para nós.
O primeiro deles é um de Edgar
Morin, escolha da mamãe: “Os sete saberes necessários à educação do futuro”. Um
livro científico que segue a linha da teoria sistêmica, para manter a mamãe
próxima à faculdade de Psicologia que ela teve que interromper temporariamente
em função do crítico período de enjoos.
O segundo compramos para nós dois,
chama-se: “Histórias para virar gente grande” de Sophie Carquain. Este livro
parece muito legal, fala sobre como lidar com as várias dúvidas da criança que
surgirão em diferentes momentos do seu desenvolvimento. Trata, por exemplo, de
uma dúvida que toda criança tem, que adultos deveriam ter, mas, por terem
perdido a pureza ingênua das crianças, morrem de medo de cogitar: deus existe?
Não, o livro não prega a existência ou não de deus, não é um livro que trata de
religião, mas de dúvidas, e das possíveis maneiras com que as crianças
abordarão seus pais, e de que modo poderemos interagir com elas para que
construam acerca de todas as descobertas que estarão vivendo de uma maneira
crítica e reflexiva.
O terceiro, comprei para mim,
chama-se: “O guia do papai”, de Colin Cooper. E este livro foi adquirido de uma
maneira engraçada, pois quando peguei o livro todo empolgado, a Pri falou: “esse
livro deve ser bobo, tu não precisas de um guia”. Sim, eu preciso! Importante
salientar que nós, homens, também estamos num momento de transformação e
descoberta, também ficamos mais emotivos e sensíveis, nossas tetas não crescem,
mas nossa audição – pelo menos a minha – fica absurdamente mais aguçada, de
certo já se preparando para os chorinhos da madrugada. Mas nossa maneira é
totalmente diferente de lidar e interagir do que a das mulheres, pois existe
uma sabedoria intuitiva nas mulheres que as orientam para o jeito certo de fazer
as coisas. As transformações físicas são a prova cabal de que as mulheres são
feitas para esse momento, de um modo ou de outro elas já nascem sabendo ser
mães.
Nós, não. Muitas das coisas que
estão ali naquele “Guia do papai”, são óbvias para as mulheres, mas acreditem,
para nós homens são revelações fantásticas!
Embora o livro comece com uma
frase estúpida: “As mamães de primeira viagem tendem a considerar inútil a
presença do pai.”, depois disso ele melhora. A não ser que você tenha
engravidado do Adriano e para ter um pouco de atenção dele precise correr de
baile funk em baile funk, não creio que a presença do pai será inútil. Claro
que a utilidade da nossa presença se dará basicamente pela maneira com que nos
fizermos presentes e úteis. As mães são biologicamente programadas para a
maternidade, o que não significa que não precisarão de todo o apoio, suporte e
parceria possível para que o processo se torne uma experiência linda e
inesquecível, ao invés de um padecimento do paraíso.
Passada a primeira frase, o livro
traz uma série de observações e dicas preciosíssimas, como um passo-a-passo com
fotos ensinando como o pai deve limpar cada parte do corpinho do bebê. O livro
mostra a diferença entre limpar um menino ou uma menina, tudo ilustrado!
O que mais gostei no livro é que,
a despeito da primeira frase, o restante dele segue uma linha que nos foi
mostrada pelos queridíssimos amigos Ana Carina e Jean Mafra, pais da linda Ana
Beatriz, que aponta uma maneira mais próxima e carinhosa de apresentar o mundo
ao filho e o filho ao mundo. Assuntos que tratarei individualmente ao longo dos
6 meses que faltam para chegada do nosso bebê, mas que tratam desde a maneira
como devemos observar o choro do bebê, como o pai deve participar da
amamentação preparando o ambiente para que a mamãe e o bebê se sintam o mais
confortáveis possível, se é melhor o bebê dormir no berço ou na cama com os pais,
enfim, uma série de reflexões que colocam em questionamento vários dogmas da
educação e recepção de um novo serzinho na família. Não compramos o livro por
isso, mas coincidentemente ele casa com o que estamos concluindo ser a maneira
ideal para recebermos o nosso bebê. E, claro, dicas maravilhosas para o pai de
primeira viagem aqui!
Tão logo termine de ler os
livros, farei um post a respeito de cada um deles.
Enrolei, enrolei, enrolei para
ver se o tempo passa mais rápido.
Quanto mais perto estamos, mais
lento parece que o tempo passa.
Um dia, amigos, falta apenas um
dia para que saibamos o sexo do nosso bebê!
Dois dias, quanta ansiedade! Apenas dois dias para ouvirmos
pela primeira vez o coraçãozinho acelerado do nosso bebê.
Daqui dois dias, aquele
tum-tum-tum frenético será o metrônomo que ditará o novo compasso das nossas
vidas.
Para a maior parte das pessoas aquele
sonzinho apressado, quase um rufo de caixa mais bem executado do que os que o
papai fazia na sua época de baterista, será apenas isso mesmo, uma marcação
rápida de um mini-coraçãozinho.
Não para nós dois.
Para nós, aquela será a música
mais linda que ouvimos até então.
Melodia sem acordes, poesia sem
palavras, mas capaz de emocionar como nenhuma outra foi até então.
Chega logo, quinta feira, vem nos
dizer que cor de tinta estaremos escolhendo no fim de semana para pintar o
quarto do nosso bebê!
Normalmente publico o post da
contagem das semanas na quinta ou sexta-feira, mas semana passada tivemos um
monte de coisas envolvendo nossa mudança de endereço, e acabou que não consegui
escrever o texto que agora publico.
A ansiedade é uma mulher muito da
dissimulada, quando começamos a crer que ela partirá e nos deixará
tranquilinhos, sossegados, surge novamente com força total, disfarçada de
evento diferente do anterior.
Primeiro, a ansiedade pela
confirmação da gravidez que aguardávamos há três meses.
Confirmada a gravidez, ansiedade
em contar pra todo mundo.
Em seguida, ansiedade em resolver
onde moraríamos.
Decidido o endereço, ansiedade
pela mudança. Passamos o final de semana inteiro envolvidos com a mudança,
sábado carregando caixas, geladeira, fogão, máquina de lavar e domingo montando
roupeiros, estantes, esvaziando caixas, enfim, hoje minhas pernas saíram da
cama muito a contragosto, estão pesando doloridas, se arrastando putas da cara
por não terem ficado dormindo na nossa casa nova.
Mudança resolvida – embora a casa
ainda esteja na fase de arrumação – eis que a danada da ansiedade agora nos
prensa contra a parede gritando na nossa cara que faltam quatro dias para o
ultrassom revelador, para a confirmação de que está tudo bem com nosso filhote
e se de fato ele é filhote, ou conforme minha previsão, filhota. Agora inicia
uma nova contagem regressiva, até a chegada da quinta-feira reveladora!
Esse ciclo de três meses que se
fecha, trouxe consigo um aprendizado muito grande para nós dois. Conversamos
muito, e nessas conversas vamos combinando as visões que ambos tenhamos do
mundo, e moldando a maneira como pretendemos educar nosso bebê. Somamos nossos
conhecimentos, dúvidas, expectativas e tanto quanto o bebê vai formando os
órgãos na barriga da mamãe, nós vamos formando os pais que queremos ser. Somos
privilegiados por termos – em ambos os lados – parentes super parceiros e
presentes, que nos auxiliam em qualquer coisa que solicitarmos a eles. Além dos
parentes, temos amigos preciosíssimos, alguns que tiveram filhos recentemente e
vão nos dando dicas do aprendizado recente que tiveram e estão tendo, outros
que ainda demorarão para dar cria, mas estão se desdobrando para se fazerem
presentes e também têm nos ajudado muito.
Mas falemos do nosso bebê.
Agora, com doze semanas, de oito
gramas ele já dá um salto bem grande, passando a pesar 14 gramas. Os 5
centímetros da décima semana, já são 8cm, quase um jogador de basquete. Suas
pequenas unhas já estão formadas. É agora que o bebê começa a deglutir, tomar
uns tragos do suco aminiótico da mamãe. Já possui reflexos, se mexe bastante na
barriga da mamãe, embora ainda não dê para perceber. Seu fígado começa a segregar
a bílis, o pâncreas já produz insulina e o intestino começa devagarinho a
trabalhar, realizando as funções que fará depois de nascido e que hoje são
divididas com o cordão umbilical.
Na quinta-feira, dia do nosso
ultrassom, a torcida do Figueira corrigirá uma grande injustiça que a diretoria
do time cometeu ao não realizar uma despedida a altura do carinho que os
alvinegros têm por seus dois maiores ídolos: Fernandes e Wilson. Será realizado
um jogo comemorativo, organizado exclusivamente por torcedores, para agradecer
por tudo o que ambos fizeram pelo maior de Santa Catarina e, como neste dia já
saberemos o sexo do nosso bebê, compraremos a sua primeira camisa do Figueira e
levaremos ao jogo para que Fernandes, o maior camisa dez do futebol universal
de todos os tempos (talvez você ache o Pelé, talvez o Maradona, talvez o Messi,
mas esses disputam o título de maior jogador do mundo, Fernandes é maior do que
isso, é o maior do universo!), e Wilson – o goleiro que voa como um gavião,
autografem a primeira camisa do nosso filhote, já com a certeza do nome que
estará na dedicatória do autógrafo. Os ídolos que nosso filho se orgulhará de ter, mesmo sem ter visto jogar ao vivo, assim como flamenguistas recentes idolatram merecidamente o genial Zico.
Enfim, começou a nova contagem
regressiva, agora só faltam 3 dias!
Ontem, num momento de
descontração no trabalho, comentei que estava ansioso, pois faltava apenas nove
dias para o nosso primeiro ultrassom. Um colega de trabalho que também está
grávido, cuja filha nascerá provavelmente já em janeiro, ficou assustado quando
soube que apenas ao completar 3 meses é que faríamos o primeiro ultrassom,
quando na maior parte dos casos ele já é feito assim que se confirma a
gravidez, ainda que não seja possível enxergar muita coisa.
Escolhemos fazer apenas agora,
pois, só neste período, é possível sabermos o sexo do bebê. Com a orientação do
nosso obstetra, e leitura de alguns artigos, descobrimos que uma série de
estudos realizados em diferentes gestações aponta um indicativo de relação
entre a quantidade de ultrassons realizados e a presença de autismo nos bebês.
Os estudos não são conclusivos, mas as tendências são grandes. Ainda que não
tenha o impacto de um raio X, é importante levar em consideração que o exame
envia uma série de ondas para um serzinho em formação, o que realmente pode
acarretar em alguma interferência no seu desenvolvimento. Em função disto,
optamos por fazermos no máximo 3 ultrassons ao longo da gestação.
Ao explicar estes motivos para o
meu colega que em breve terá sua filhinha nos braços, ele me perguntou: “Tá, e
se tiver Down?”.
Primeiro, a resposta óbvia: “Bom,
se tiver Down, o ultrassom não terá o poder de alterar este fato, apenas me
dirá se o bebê tem ou não a síndrome. E sabermos disso no segundo ou terceiro
mês, não fará absolutamente nenhuma diferença.”.
Respondi com tanta naturalidade e
pouca preocupação com a possibilidade, que ele perguntou meio assustado: “Mas
tu não ficas preocupado com a chance de ter?”. E, passadas as linhas iniciais,
é aqui que o texto realmente começa.
Não, meus amigos, eu não me
importo nem um pouco se eventualmente tiver um filho ou filha com Síndrome de Down.
E não digo isso por um eventual
medo e justificativa antecipada pela possibilidade que todos os que concebem
crianças têm. Digo com a mais absoluta sinceridade do mundo, adoraria ter um
filho Down. Tanto quanto adoraria ter um que não tivesse. Não faz absolutamente
nenhuma diferença no amor que tanto eu ou a mamãe sentiremos, muda algumas
coisinhas práticas, evidentemente, mas não impacta no nosso sentimento em
relação a criança.
E essa minha certeza, convicção
de que uma eventual Síndrome de Down que pudesse acompanhar um filho meu não
afetaria no meu amor por ele, não veio agora com a nossa gestação, ela tem
aproximadamente 9 anos.
Em 2003 trabalhei numa
instituição chamada Associação Horizontes. Trabalhei lá até 2007, mas o momento
mais marcante da minha passagem foi ainda no primeiro ano. Comecei como
estagiário, fui recepcionista, auxiliar administrativo, instrutor, coordenador
regional, coordenador nacional, enfim, fiz de tudo um pouco, mas o fato mais
marcante se deu na primeira turma para a qual fui escolhido para lecionar os
cursos de preparação para o para o mercado de trabalho que a instituição
oferecia. Fui escolhido para ministrar duas semanas de aulas na Fundação
Catarinense de Educação Especial, para uma turma com 20 pessoas portadoras de
deficiência mental leve, diferentes deficiências, síndromes, mas todas que
afetavam o normal desenvolvimento cognitivo daquelas pessoas. Foi ali, com 24
anos, que tive contato pela primeira vez com alguém com síndrome de down.
Fiquei encantado com eles. Fiquei
encantado com a alegria, com a pureza, com a vontade de ser e fazer os outros
felizes que eles têm. Ali, depois de ter conhecido um rapaz que se chamava
Cláudio e imitava com perfeição o Romário. Mais do que isso, ele ainda dizia: “Professor,
agora eu vou imitar o Eri Jhonson imitando o Romário” e, sim, ele conseguia
imitar o ator imitando o jogador, e se percebia claramente a diferença entre um
e outro. Ele imitava o Xande do Harmonia do Samba, era um sarro. As meninas da
FCEE eram loucas por ele, pelo seu bom humor, pelo seu sorriso fácil. Cláudio
foi, sem sombra de dúvidas, um dos mais marcantes alunos que tive ao longo de
quatro anos lecionando, e olha que não foram poucos os alunos que me
emocionaram com suas histórias de vida, mas Cláudio me marcou não por vir de
uma história triste – e ele de fato vinha – mas por estar sempre feliz, apesar
de tudo.
Aquele menino que sempre sorria e
gostava de brincar de ator, vinha de uma família pobre, pobre mesmo. Ele é o
terceiro de cinco irmãos, e durante praticamente toda a sua infância, viveu
separado dos irmãos, num quartinho no fundo do quintal, pois sua mãe tinha
vergonha do filho “mongoloide”. Era uma espécie de bicho que vivia dos restos
dos filhos ditos normais. A FCEE chegou até ele através de uma denúncia feita
por um vizinho da família. A psicóloga demorou um bom tempo a convencer a
família de que ele era uma criança normal, mas com uma deficiência, e merecia
uma escola adaptada às necessidades dele, mas que poderia crescer e se desenvolver
como qualquer um de nós.
Por toda sua capacidade e
competência, a psicóloga convenceu a família e Cláudio passou a frequentar as
atividades da FCEE. Mas boa parte do convencimento se deu a partir do fato de
que o Cláudio poderia, quando atingisse idade profissional, ser aposentado por
invalidez e a família passaria a receber um valor do governo federal todos os
meses. Foi o que encantou a família. E não, não a condeno, eles não tiveram instrução,
não tiveram informação, e nenhum de nós sabe das necessidades que aquela mulher
solteira com cinco filhos, um down, enfrentou para chegar até aquele momento. O
segundo trabalho de convencimento, foi mostrar para a mãe que o rapaz tinha
totais condições de trabalhar, e esse é um momento muito delicado, pois a
família tem que ser convencida do quão bem fará ao parente ser inserido no
convívio profissional, ao mesmo tempo que para isso, terá que abrir mão da
aposentadoria e se enquadrar no regime CLT que a maior parte de nós faz parte.
As famílias acham lindo o que falam os professores e psicólogos das instituições
desta natureza, mas não acreditam que seus filhos, irmãos, tios sejam realmente
capazes de produzir. E, quando aceitam, são os que mais se surpreendem com a
evolução que estas pessoas tem, e com o quanto são capazes. Foi neste momento,
que conheci Cláudio. Ele veio até mim para se preparar para trabalhar num
grande frigorífico de Santa Catarina.
Foi depois de conhecer Cláudio,
que concluí que seria lindo ter um filho Down. Até por que, dado o tanto que
ele me ensinou, eu com certeza terei mais e melhores condições de dar suporte a
uma criança com esta deficiência, do que teve a mãe de Cláudio. Ela não fez o
que fez por mal, disso eu tenho convicção. Fez por ignorância, por
desinformação.
Quando me casei com Maittê, minha
primeira esposa, certa vez conversávamos sobre possíveis filhos e o assunto
Down veio nos fazer companhia na mesa de jantar. Ela me contou que tinha um tio
que era Down e o quanto o amava, embora fosse pequeno o contato que tinham.
Ambos concordamos que se tivéssemos o poder de escolha, que nascesse conosco
uma criança Down, pois ambos saberíamos bem o quanto são especiais e capazes.
A mesma conversa, tive com
Priscilla antes mesmo de começarmos a tentar engravidar, e a reação dela foi
exatamente a mesma. Em nada afetaria, afeta ou afetará o que sentiremos, se o
bebê que nascer em junho de 2013 tiver Síndrome de Down. Não só Down, qualquer
outra espécie de limitação, não será para nós um obstáculo entre o bebê e o que
estamos dispostos a fazer por ele. Não projetamos um modelo de criança,
projetamos os pais que queremos ser para o bebê que está por vir.
Se for Down, não mudará o nosso
amor.
Se for Down, o que mudará é o
tipo de escola.
Se for Down, o que mudará é que
dependendo do grau, talvez ele nunca venha a se alfabetizar, o que só significa
que passarei mais tempo contando estorinhas para ele ou ela. Que pai não adora contar
estorinhas para seus filhos?
Se for Down, o que mudará é que
ele não poderá ser camisa 10 do Figueira, mas não por um erro dele, e sim do
Figueira que não investe no esporte para-olímpico. Mas, azar do Figueira, ele
poderá ser o 10 da seleção brasileira para-olímpica!
Se for Down, não mudará o que
ensinarei para meu filho, mas certamente ele me ensinará coisas muito
especiais.
Se for Down, não mudará o amor
que eu sentiremos por ele, pois isso, seja menino ou menina, Down, X Frágil ou
nenhuma síndrome qualquer, o nosso bebê já nos ensinou, e não há força no mundo
que seja capaz de alterar o que já sentimos pelo nosso filhote.
O tempo voa, e assim como disse
no post anterior para homenagear a minha amada pelo seu aniversário, também em
relação a gravidez, parece que foi ontem que descobrimos, parece que faz tempo
que estamos grávidos!
Nesta semana nosso bebê está com
algumas descobertas muito legais lá dentro da barriga da mamãe. Já está
grandão, 5 cm, e pesa aproximadamente 8 gramas. Equivale a mais ou menos meio
pacote de Halls. Halls se tornou uma unidade de medida para mim nos últimos
tempos, pois tenho compensado a ansiedade que vez ou outra ainda incomoda pela
falta do cigarro, com toneladas de Halls preto. Uma carteira do saudoso
Marlboro equivale, por exemplo, a 4,4 pacotes de Halls. Ou ainda, um cigarro
equivale a 2,25 balas. Enfim, estou gastando bem menos, estou mais cheiroso,
saudável e gordo. Pois é, não é lenda urbana, tenho comido mais, ansiedades
somadas pela gravidez e fim do cigarro trouxeram uns quilinhos extras que
espero eliminar em breve.
Voltemos ao bebê, que é ele que
importa. Além de estar grandão, nesta semana nosso bebê começa a desenvolver o
tato. Seus dedinhos estão descobrindo a textura do próprio corpo, brincar com o
narizinho é diversão equivalente a um passeio pelo Beto Carreiro World. Nosso
filhote, esta semana, começa a produzir xixi, suas pálpebras já estão
totalmente formadas e abrem e fecham com frequência. Lá no quentinho da
placenta, nosso filhote já decidiu se é menino ou menina, os órgãos já estão
formados e das duas uma: ou ela está feliz da vida por que o papai sempre soube
que era uma menina, ou ele está rindo da minha cara por ter sido a primeira das
várias vezes que ele vai tirar uma com as fuças do “velho”. O ultrassom
revelador é só no dia 29, já estou me preparando para a choradeira quando ouvir
o coraçãozinho pela primeira vez, e quando o médico disser, “pode pintar o
quartinho de... pois o bebê de vocês é...”
Tinha prometido uma novidade,
pois finalmente a concretizamos!
Estamos de mudança de endereço!
Quando noivamos, fomos atrás de
um lugar para chamarmos de lar, algo nosso, pois ainda morava no apartamento
onde vivi meu primeiro casamento, e embora tenha sido muitíssimo feliz lá,
queríamos um lugar onde pudéssemos construir as nossas lembranças do zero.
Visitamos alguns apartamentos e depois de muita bateção de pernas, compramos um
na Palhoça. Mas foi uma dor de cabeça só! Construtora toda enrolada, prazos
prometidos e nunca cumpridos, e nós acampados num apartamento provisório,
também na Palhoça.
Acontece que quando escolhemos
aquele apartamento, acreditávamos que demoraríamos um pouco para termos nosso
primeiro filho, mas resolvemos antecipar as coisas e, tão logo engravidamos,
percebemos que o apartamento que havíamos escolhido não era o ideal para se
criar uma criança. O apartamento era ótimo, mas quando engravidamos, sentimos
falta de algumas coisas. Resumo da ópera, negociamos com a construtora um
distrato, recebemos de volta a entrada que havíamos dado e mais uma
indenizaçãozinha pelos inúmeros incômodos que tivemos entre dezembro de 2011
até a semana passada.
Encontramos um apartamento ótimo!
Mais bem localizado do que o outro, não estaremos tão sujeitos aos
intermináveis dioturnos congestionamentos que ligam Palhoça a qualquer lugar do
mundo. O primeiro ap, não tinha elevador, o que seria um inconveniente para
quando o barrigão começasse a pesar as pernas da mamãe, para subirmos com o
bebê no colo, mais o carrinho, sacola, brinquedos, aquela coisa toda que
acompanha a maternidade/paternidade.
Engraçado como nosso foco passa a
ser outro, não buscamos um apartamento para nós dois, mas um onde nosso filho
possa ser feliz, se divertir. Logo, o que escolhemos tem dois playgrounds (um
coberto o outro ao ar livre), quadra de esportes, sala de jogos, um passeio
arborizado pelo condomínio com chafariz e banquinho de praça, dois belos salões
de festa para as festinhas de aniversário que hão de vir, segurança 24 horas,
ou seja, tudo para nosso bebê poder crescer correndo pra lá e pra cá, opções de
lazere com alguma segurança. E é também
mais próximo de ambas as famílias, avós, tios, primos, todos estarão mais
perto, e isso também pesou na decisão.
Ontem, ainda com o apartamento
vazio, comemoramos os três o aniversário da mamãe na casa nova. Pegamos um
isopor, compramos algumas coisas e inauguramos a churrasqueira da casa nova com
uma costela que o papai fez para a mamãe aniversariante e para o filhote. Bem passada,
claro, que foi assim que o médico mandou. Compramos as velinhas de aniversário,
as colocamos num panetone e cantamos
parabéns para a mamãe mais linda do mundo.
Semana que vem faremos nossa mudança e, tão logo
estejamos devidamente instalados, colocaremos em prática um cronograma de
churrascos e jantares para convidarmos todos os tão queridos amigos que temos e
estão dividindo conosco nossa felicidade pela chegada do nosso bebê, para que
conheçam nossa “Humilde Residência” (TELÓ, Michel – 2012).
Às vezes parece que o tempo se
arrasta, outras que voa. Ficamos divididos entre a ansiedade em termos logo o
bebê nos nossos braços e a vontade de curtir o máximo possível cada uma das
fases da nossa gravidez.
Nosso filhote agora já tem 4 cm,
tá praticamente com o dobro do tamanho de semanas atrás. Nosso bebê está todo
completinho, no seu cerebrinho 25.000 neurônios se formam por minuto!
Hoje, quase na mesma velocidade
com que nosso bebê cresce, o corpo da mamãe também se transforma. O corpo e o
humor, diga-se de passagem. Já ouvi amigos dizendo que ansiavam pelo dia que
suas mulheres engravidassem para que se vissem livres da TPM. Ledo engano, meus
amigos!
Gravidez, ao menos nessas semanas
iniciais, é praticamente uma TPM constante. Num mesmo minuto o estado de
espírito da linda mamãe vai do amor carinhoso para a crise de choro emocionado
a fúria assassina, sem escalas entre um e outro. Hoje, por exemplo, no período
de uma hora do momento em que me acordei, tomei banho e saí para trabalhar,
ouvi uns dezenove “eu te amo”, e levei também uns dezenove esporros de igual
intensidade a demonstração de amor e afeto, sem motivos ou causas muito
aparentes para qualquer um dos dois. Tudo bem, faz parte. Como disse num dos
últimos textos, somos coadjuvantes, deixemos pois que brilhe a atriz principal.
Além do humor, transforma-se
também o corpo da mamãe. Calças já não servem como antes, peitos, bunda, coxas,
tudo tá crescendo! Tá linda, uma loucura! Mas, tanto quanto os peitos crescem,
eles ficam doloridos e incômodos para a mamãe. Ou seja, para o papai aqui,
olhar os peitos da mamãe nesse momento é como uma criança pobre do lado de fora
do Playcenter, dá uma puta vontade de ir lá brincar, mas não rola...
O lado bom é que a fase dos
enjoos está na reta final, de vez em quando ainda aparecem, mas com bem menos
frequência e intensidade do que antes.
Bom, ainda estamos aguardando uma
confirmação para poder contar aqui a novidade que citei ontem. Fora isso, está
tudo ótimo, mamãe cada vez mais linda, barriga cada vez maior e papai cada vez
mais babão.
Uma breve atualização para,
provavelmente amanhã ou depois, um post melhorzinho.
Realizamos na última terça-feira
nosso segundo pré-natal. Tudo está transcorrendo bem, dentro do esperado e,
dado o acelerado crescimento da barriga da mamãe em tão pouco tempo de gestação, além da sua intuição materna,
pode ser que o que nos espera sejam dois e não apenas um bebê!
Mas isso só teremos certeza no
dia 29 deste mês, para quando foi agendado nosso primeiro ultrassom! Lá saberemos
também se meu palpite vai ser certeiro e se, realmente, é a Clarinha(s) que está a
caminho.
Por incrível que pareça, hoje
serei breve, mas aguardem, temos novidades por aí!
Nosso filhote nem nasceu e já
conquistou a primeira promoção da sua carreira, nesta semana deixa de ser
embrião e é oficialmente promovido a feto! Algo como deixar de ser estagiário
para tornar-se efetivo! Lá dentro, praticamente tudo já está formado. Pâncreas,
vesícula, pálpebras, braços, mãos, pés, olhos, ouvidos, e, agora, começa a se
formar os órgãos que dirão se minhas previsões foram ou não acertadas. Ali na
barriga da mamãe, uma revolução acontece e, neste ponto, o bebê-feto deve estar
jogando uma moedinha para o alto para decidir: cara, e esses negocinhos aqui
viram ovários; coroa, e guardo os negocinhos num saco ali embaixo. Embora não
seja possível sentir, o bebê já se mexe bastante lá dentro, seus músculos estão
em acelerado processo de formação e, neste momento, a barriga da mamãe é quase
uma rave.
Além das transformações do bebê,
as mudanças na mamãe também começam a se tornar perceptivas. Não apenas os
enjoos evidenciam a gravidez já comprovada, mas também as calças que antes
entravam com a maior facilidade, e agora se recusam a vestir a mamãe mais linda
do mundo. A barriguinha, lá embaixo, já percebemos que começou a crescer.
Talvez alguém de fora que veja, diga que não tem nada demais. Mas já percebemos
uma diferença no formato, na própria consistência, mais durinha (não, não são
gases!), cada dia mais linda.
Os enjoos continuam, mas já não
com a mesma frequência e poder avassalador de incapacitação. Se antes a Pri
ficava totalmente abatida, sem forças para nada, agora já começa a administrar
melhor o mal estar, já não fica o dia inteiro ruim, a frequência e intensidade
têm sido menores.
Contudo, algo tem aumentado
consideravelmente: a sensibilidade! Tanto em determinados pontos que não convém
tratar neste espaço, quanto no aspecto emocional.
Já tinha lido a respeito ,
também, ouvido relatos de amigos que contavam como a mulher fica muito mais
emotiva neste período gestacional. A Pri já era naturalmente sensível, delicada
em tudo e, bastava uma propaganda de margarina um pouquinho mais elaborada que
ela logo ficava com os olhos marejados. Mas agora, meu amigo, agora o negócio
foi multiplicado pelo 3.193 apontado no exame de BHCG.
Esses dias reli os textos do meu
amigo Adriano Zumbano sobre a expectativa pela chegada da sua Leila, e num dos
posts ele relata exatamente esta questão da emoção superlativizada. No relato
de Adriano, descrevia que ele acabou sendo mais impactado pela revolução
hormonal que ocorria dentro da Fernanda, sua esposa, e o emotivo da relação
acabou sendo ele.
Pensei que o mesmo ocorreria
comigo e, de fato, estou mais emotivo, mas pouca diferença para como era. Só
que agora, estou no supermercado e não posso ver uma criança que começo a
sorrir, olhar para ela e ficar dando tchauzinho. Qualquer hora posso ser
confundido com algum sequestrador, ou algo que o valha, pois vejo uma
criancinha qualquer, chamo a Priscilla e fico apontando.
Mas com a Priscilla, a enxurrada
hormonal pegou pesado na hora da emoção. Se antes pouca coisa já bastava para
que ela viesse às lágrimas, hoje ela consegue quebrar alguns recordes mundiais
de emotivação.
Estávamos dia desses deitados na
nossa cama, assistindo a Fátima Bernardes (ok, ok, poderíamos estar fazendo
coisa melhor, mas dá um desconto, estamos grávidos, pô...) e minha amada não
demorou a se emocionar com o depoimento de um professor sobre suas aluninhas
empreendedoras. Ok, era dia das crianças, as meninas eram bonitinhas, o professor
foi legal, tudo bem se emocionar. Mas o recorde veio pouco tempo depois.
Após ter se recomposto da crise
de choro inicial, minha amada lembrou da emoção que sentiu, e se emocionou por
ter ficado emocionada. Começou a chorar dizendo algo como: “como é bonito isso
de grávida se emocionar, né?”, e conseguiu a façanha de se emocionar com a
própria emoção.
Um recorde, sem sombra de dúvidas
um grande recorde!
(PS: para não dizer que sou um insensível metido a machão, admito, preciso me segurar quando vejo o DVD "Música de Brinquedo" do Pato Fu, imaginando ir num show com nosso filhote, tenho que dar uma disfarçada, fingir que estou me espreguiçando para que ninguém perceba a lágrimazinha que quer rolar...)