quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Divórcio


Uma mulher é transferida para trabalhar em outra cidade.
Depois de alguns dias manda um telegrama ao marido dizendo:

_Por favor, envie-me urgente documentos para o divórcio. Encontrei um companheiro ideal, possui as mesmas características do novo 407 Sedan da Peugeot.

O marido desesperado corre a uma concessionária e perguntam ao
vendedor quais são as características do carro.

O vendedor responde:

_É MAIS POTENTE, MAIS COMPRIDO, MAIS LARGO, MAIS RÁPIDO NA SUBIDA, MAIS BONITO E NÃO BEBE MUITO.

O marido compreende imediatamente o que sua esposa quis dizer. Duas semanas depois, é ela que recebe um telegrama dizendo:

_Mandei os papéis do divórcio, assine rápido! Encontrei uma companheira ideal que reúne todas as qualidades da nova HILUX da Toyota.

Curiosa, a mulher vai a uma concessionária, e pergunta sobre o tal carro e o vendedor responde:

_É MAIS RESISTENTE, SUPORTA MAIS PESO, TEM LUBRIFICAÇÃO AUTOMÁTICA, A CARROCERIA É NOVA E MAIS ARREDONDADA, É MAIS BONITA E CONFORTÁVEL, POSSUI AIR-BAG DUPLO, É MAIS SILENCIOSA, NÃO VAZA ÓLEO E ACEITA ENGATE NA TRASEIRA.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ele x Ela (Plim-Plim)

Eis então o texto que tem circulado por aí como sendo de Luis Fernando Veríssimo, mas na verdade é de minha autoria, da saudosa época em que ao invés falar de Gitã, o Tô Puto! cumpria com maestria sua missão na terra: divertir e entreter.


Ele x Ela (PLIM, PLIM)

William – Boa noite.

Fátima – Boa noite.

William – Três crianças, aparentemente da mesma idade, portando skates e patins interceptaram agora pouco, no hall de entrada de um luxuoso edifício localizado na zona mais nobre da cidade, um jornalista recém chegado do trabalho. O jornalista, visivelmente cansado, demonstrou certa impaciência com o ocorrido e uma ligeira irritação com a ausência da mãe das crianças, o que certamente impediria o choque ocorrido.

Fátima – A mulher, que além de mãe das três crianças trabalha mais de 14 horas por dia em uma grande emissora de televisão, revoltou-se com a impaciência do jornalista, alegando que, ainda que no trabalho ele seja o editor chefe e principal âncora do tele-jornal, em casa quem manda é ela e, se ele não está satisfeito, que vá dormir no sofá ou na casa da sua mamãe.

William – Graças ao bom-senso e paciência do jornalista, a discussão encerrou-se sem que ocorressem maiores conflitos, dirigindo-se rapidamente para sua suíte onde dedicaria os próximos 30 minutos a um demorado banho, enquanto sua mulher prepara um delicioso jantar.

...

William – Um forte tumulto ao redor da mesa de jantar, provocado por três crianças incansáveis cuja mãe corriqueiramente isenta-se da responsabilidade de impor-lhes limites, abala profundamente o estado emocional de um homem aparentemente na casa dos 45 anos, levando o pobre homem ao extremo de quase cometer um infanticídio.

Fátima – No entanto, a tragédia é evitada graças a intervenção da mãe que, ainda que esteja cansada do trabalho, tendo preparado o jantar para seu marido, sem ter tido tempo sequer para tomar um banho, intercepta as crianças aos berros colocando-as todas de castigo e, no mesmo tom alterado de voz, manda o marido de atitude semi-vegetativa à merda.

William – O marido bonitão não entende a revolta de sua esposa, já não bastasse a paciência dele em ingerir uma comida tão sem sal e fria, ainda teve que aturar gritos em quantidades de decibéis suficientes para acordar toda a vizinhança que, aquela hora, ou dormia ou assistia ao "Globo Repórter".

Fátima – A quantidade cada vez maior de fios de cabelos brancos na vasta cabeleira do jornalista, indicam claramente o avançado da idade do marido da corajosa mulher. Numa atitude altruísta e caridosa, a nobre mulher evitou colocar sal na comida do repórter, impedindo que sua pressão arterial se alterasse, afinal de contas na idade do velho homem, qualquer descuido pode tornar-se uma fatalidade.

...

William – Dados dos principais institutos de pesquisa do país, apontam para a coragem e, principalmente, persistência dos brasileiros diante das dificuldades. A investida de um jovem senhor charmoso e grisalho, para conseguir de sua mulher algum carinho no leito matrimonial é uma prova disto. Mesmo diante de tantas negativas e uma pétrea resistência, ele não desiste de tornar o final da cansativa noite, ao menos um pouco mais prazeroso.

Fátima – Pesquisadores americanos confirmaram esta semana que maridos presentes em casa, que auxiliam nos afazeres domésticos, têm um grande diferencial dos demais homens. As mulheres sentem-se profundamente estimuladas ao sexo sempre que amparadas no lar. Dados das pesquisas confirmam ainda que, os maridos companheiros costumam ter muito mais facilidade para conseguir de suas esposas, orifícios que a maior parte das mulheres insiste em negar aos seus parceiros. A pesquisa aponta ainda que, do contrário, os maridos ausentes nas obrigações domésticas despertam uma substância no cérebro feminino que provoca uma avassaladora enxaqueca, incapacitando a mulher de comparecer a qualquer ato carnal que o marido por ventura almeje.

William – Tal dor de cabeça deverá ser profundamente estudada por médicos ingleses, uma vez que a recorrência dela pode indicar a possibilidade de um grave tumor no cérebro, pois normal, com certeza isso não é.

Fátima – Certa de seu bom estado físico, a mulher cederá ao marido ausente alguns minutos de misericordiosa assistência sexual, já que considera lastimável imaginar um homem naquela idade recorrendo aos prazeres manuais.

William – Consciente do seu charme e do interesse que sua voz sexy desperta nas mulheres, o jornalista aproxima-se da mulher para conceder a ela um pouco daquilo do que deve ser feito o paraíso.

Fátima – Mulher sonolenta é despertada por um profundo ataque de riso após declaração brega de um homem em crise de meia-idade.

William – Aplicação agressiva e vigorosa é certeza de ações mais lucrativas.

Fátima – Baixa liquidez gera grande desconforto em acionista minoritária.

William – Oscilações periódicas são garantia de uma breve compensação do desconforto.

Fátima – Países baixos registram ligeira melhora nos conflitos.

William – Iminente chegada de uma enxurrada torrencial indicam a proximidade do fim das negociações de paz na região.

Fátima – Minorias solicitam que não sejam interrompidas as investidas das forças de paz, alegando que se as tropas da coalisão conseguirem manter o ritmo e a intensidade iguais aos do mesmo período nos três minutos passados, certamente haverá uma grande comoção popular.

William – As forças de paz já não encontram mais forças para conter a represa que insiste em romper. Na atual conjuntura macroeconômica, três minutos equivaleriam a séculos.

Fátima – Minorias insistem na resistência. A permanência das investidas das tropas de paz são fundamentais para o desfecho positivo do conflito.

William – As forças de paaaaazzzzzzz... aaaaaahhhhhhhh...... ai-ai...

Fátima – Já?

William – Ahã.

Fátima – Fique agora com o jornal da globo. Boa noite.

William – Boa noite.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Da amizade


Não tenho dinheiro, mas tenho muita coisa legal.
Gostaria de ter dinheiro, para ter ainda mais coisas legais, e poder curtir mais e melhor as coisas legais que eu já tenho.

Gostaria de dinheiro para três coisas basicamente:

1 – Comprar uma moto um pouco maior que a minha, que me permita encarar chão de Florianópolis até o Chile (ainda faço isso!).
2 – Beber melhor (gosto de vinho, vinho bom é caro.)
3 – Comer melhor.

Mas mesmo que ainda não possa ir para o Chile de moto para tomar bons vinhos e comer em todos os bons restaurantes das cidades que se encontrarem ao longo do trajeto, me sinto feliz e quase pleno pelas coisas que já tenho.

Tenho bons livros. Não tenho muitos, mas gosto muito dos que tenho. Embora leia muito, muito mesmo, não li muitos livros na minha vida, pois tenho o hábito de ler várias vezes o mesmo livro. Quero ler todos os clássicos e quero conhecer todas as novidades da literatura. Fico sempre na dúvida se compro o último do Lourenço Mutarelli ou uma edição especial do Guimarães Rosa, e acabo por reler algo que já esteja na minha estante.
Não acho que seja perda de tempo, abrir mão de ler outras coisas par ler novamente algo já lido. Até por que cada vez que se lê um livro, algo novo se mostra e acaba tornando o livro mais, ou menos interessante. Dificilmente menos, normalmente mais. Pelo menos dos livros que eu já (re)li, o único que decresceu no meu conceito de qualidade foi: “Veronika decide morrer”, do questionável Paulo Coelho. Não gostei da primeira vez que o li. Gostei menos ainda da segunda.

Tenho bons discos, e variados. Tenho mais discos que livros, e apesar de ter vários, acabo ouvindo sempre os mesmos. Gosto muito deles, na verdade tenho um disco para cada estado de espírito, que vai de Cartola à Wando, passando por Led Zeppellin, Gaúcho da Fronteira e Fito Paez. Mas tenho um Chico Buarque de Holanda sempre à mão, para toda e qualquer circunstância, é o disco certo para todas as ocasiões.

Mas o meu bem mais valioso não me pertence, e por isso me encanta tanto: meus amigos!
É lugar comum dizer que têm-se poucos amigos, talvez seja verdade, mas creio ter mais do que a maioria.
Assim como os discos, cada amigo se encaixa melhor em um determinado momento da minha vida, mas tem aquele que serve incondicionalmente. O que não é demérito para os outros, é apenas mérito dele.

Ao citar nomes, invariavelmente incorre-se no erro, mas neste momento preciso citar alguns:

1 - Josué - Seria amigo, mesmo que não fosse irmão. É amigo, apesar de ser irmão.
2 - Jean Mafra - de desafeto à conselheiro literário, de conselheiro literário a ídolo, de ídolo à uma pessoa admirável. Ele é pop, eu sei, tu sabes. Atualmente ouso afirmar que é até mais pop que o papa, que é mais pop que jesus. Mas ainda não é mais pop que os Beatles. Ainda. Mas tem coisas que eu sei e tu não sabes, Jean vai além da arte e da cultura, mas esse além é uma porta acessível a poucos, e creio ter tido o privilégio de acessá-la. Lembra dos filmes das cruzadas, quando a rainha inglesa desce a espada sobre o ombro do novo cavaleiro da Távola Redonda? Então, o Jean tem um ritual parecido, que é ter o privilégio de provar seu creme de batatas com calabreza. Eu provei, perdeu preibói!
3 - Rodrigo Daca - Temos pouquíssimo contato, mas gosto muito desse cara. Não é com qualquer amigo que se divide uma anã banguela e orelhuda. Com ele eu dividi!
4 - Lara - Sem sombra de dúvidas, minha nova melhor amiga. É incrível como as limitações de cada um tem o poder de aproximar as pessoas. Fundamos até um grupo, M.A. Desculpe, piada interna.
5 - Ana Carina - Dia desses estava revisitando meu baú do passado, uma velha arca onde guardo cartas de ex-namoradas, namoradas da infância, e de amigos do passado, e tinha algumas lindas cartas dela no meio daquilo tudo. Não que ela seja uma amiga do passado, mas é que no passado fomos tão próximos, que só um abraço como o que ela me deu no último domingo é capaz de traduzir. Eu não disse nada, Ana, mas me emocionei.
6 - Cabelo - Nem sei por que, mas é.
7 - Rato - Se fosse um disco, seria Chico Buarque.

Poderia listar outros quinze, mas não vem ao caso. Não que não sejam importantes, eles são, mas neste momento minha vontade é de homenagear os que estão acima.

Informações importantes:

* Talvez tenhas chego até aqui esperando uma piada. Não, neste post não tem piada. Mas como antecipei no post anterior, amanhã tem!
* Este post não é uma mensagem suicida, não estou deprimido nem nada do gênero. Pelo contrário, se o fiz, é por felicidade. E se amanhã eu morrer, foi por acaso, não foi por estar pressentindo porra nenhuma. E NÃO! Eu não estou/estava pressentindo nada, não foi um anjo, jesus, deus, o diabo que sussurou no meu ouvido e mandou que eu prestasse uma última homenagem, nada disso. Não esqueça: DEUS NÃO EXISTE, CARALHO!
* Não estou bêbado. Não é uma declaração de amor de bêbado do tipo: "poorra cara, te consssssidero pácarááááioooo!"

Agora, chega, tenho que dormir, volte aqui amanhã que você não irá se arrepender!
(a propaganda é a alma do negócio!)

Saravá!

Me desculpem, mas eu sou foda!


Pois bem, fato é que diariamente recebo emails de alguns amigos com piadinhas e textos engraçados, e para minha surpresa, recebi recentemente um email cujo assunto era: "Hahahah - O melhor de todos!!!".

Neste email havia um texto chamado "Plim-Plim", cuja autoria era creditada ao Luis Fernando Veríssimo, fui ler o texto que efusivamente havia sido rotulado como "O melhor de todos". E para minha grande surpresa, O TEXTO ERA MEU!!!!

Sim, meus caros, recebi um texto feito nas longínquas épocas de colunista do site: Tô Puto! O título original não era esse, era um dos textos da série "Ele e Ela".

Talvez alguns ficassem revoltados por ver uma obra de sua autoria ser creditada à outro, mas confesso que me senti extremamente lisonjeado!

E como forma de me auto-homenagear, farei o seguinte: a cada semana reeditarei dois textos da minha época de Tô Puto!. Peço desculpas aqueles que já os conhecem, mas é uma oportunidade de mostrar a alguns dos novos leitores deste espaço, o que eu fiz naquele tempo. Não reeditarei todos, claro, mas alguns deles.

E para breve, farei uma revisão completa, ampliada e atualizada do "Manual Prático do Falso Erudito".

Para amanhã, então, já fica a promessa, estará publicado aqui o primeiro dos textos reeditados. E claro, como não poderia deixar de ser, será este que algumas pessoas da vasta lista de email deste meu amigo que me envia diariamente as piadinhas, acreditam ser de autoria do Luis Fernando Veríssimo.

Até mais!

domingo, 27 de dezembro de 2009

Requiém para Aldebaran


Estava passeando no blogue de uma grande amiga ( Esqueço de Mim ), e em seu último post ela publicou a letra de um samba composto por ela em 2006. Um samba de desamor. Pois bem, também achei algo de desamor, sem a sofisticação e a boniteza que a letra dela tem, mas com um sentimento parecido. Senhoras e senhores:

REQUIÉM PARA ALDEBARAN

Aldebaran que engraçada é nossa história.
Sem brilho ou glória só nós dois nesse colchão.
Teu corpo nu não me apetece, mas diverte.
Teu membro inerte traz-me comiseração

O quão distante andam aqueles velhos dias
Tua apatia de hoje faz-me arrepender
Os tantos anos jovens gastos ao teu lado
Minhas melhores curvas gastas por você

Causa-me pena ver-te assim estatelado
Embriagado agredindo este sofá
Só faço votos que tu adormeças logo
Pois logo, logo a cicuta há de vingar

Pra nunca mais olhar teus olhos
Tampouco ouvir a tua voz
Estar sozinha amanhã cedo
Será tão bom mesmo que após
Eu passe o resto dos meus dias
Enclausurada na prisão
Será o preço justo pago
Pra ver-te duro e frio no chão!


(PS: Lara, teu samba está musicado, qualquer dia te mando!)

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O SANTO ESPÍRITO NATALINO! HOHOHO!


Lupércio foi batizado, fez dois anos de catequese, renovação de batismo, primeira comunhão, grupo de jovem, crisma, tudo direitinho.

Lupércio teve um filho, o Ariovaldo.
Ariovaldo percorreu todos os ritos, excetuando-se a crisma. (mas mantendo o grupo de jovens, por que ninguém é de ferro, e lá se pode ter gratuitamente a iniciação que em outros lugares se cobra).

Ariovaldo teve um filho, o Genésio.
Genésio seguiu os passos do pai, mas deixou de lado também o grupo de jovens, pois para aquilo que o grupo servia na época de Ariovaldo, existia na rua de Genésio uma menina alguns anos mais velha e bastante solícita aos vários requerentes da sua caridade carnal.

Genésio teve um filho, o Roberval.
Roberval chegou a fazer a primeira comunhão, mas sem cursar os dois anos de catequese. Fez uma espécie de supletivo super-ultra-mega-intensivo, toda a história cristã em uma tarde de sábado.

Roberval teve um filho, o Wescleysson.
Wescleysson chegou a ser batizado, mas só por que seu avô, Genésio, fez aquela pressão. Mas Wescleysson já não entendia direito por que tudo aquilo acontecia, quais as motivações e tudo mais. Roberval ainda contou para seu filho, Wescleysson, aquilo que se lembrava do supletivo catequético, tentou dar detalhes, mas era tudo muito vago, não tinha como ensinar algo que ele mal tinha aprendido. Trocava o nome dos santos, das datas, confundia o motivo das festas. Mas para diminuir a ladainha, Wescleysson fez de conta que entendeu tudo e encerrou a conversa por ali mesmo.

Wescleysson teve um filho, o Luarionésio Robercleysson (bela homenagem aos seus ancestrais).
Luarionésio Robercleysson não foi batizado. Seu pai falou que aquilo era palhaçada, que não fazia sentido nenhum. Mas mesmo que já não fossem exatamente um exemplo de família cristã, aproveitavam todas as festas religiosas para encher a cara e forrar o bucho.

No natal do ano em que Luarionésio Robercleysson completou oito anos, ele resolveu metralhar, Wescleysson, com uma infinidade de perguntas:

_O que se comemora no dia 25 de dezembro? Por que todo mundo troca presente? Quem é o Papai Noel?

Wescleysson, pensou, pensou, pensou, tentou lembrar do resumo do supletivo catequético que seu pai, Roberval, havia lhe dado, e começou a sua explicação:

_Bom, é mais ou menos assim, tinha uma menina novinha que namorava com um eletricista. Quer dizer, acho que não era eletricista, acho que era pedreiro. Não, não. Era bombeiro hidráulico. Não, era... CARPINTEIRO! Isso mesmo, era carpinteiro!
Então, a menina namorava com o tal carpinteiro, mas naquele tempo os casamentos eram arranjados entre as famílias. Ela deveria casar com um cara bem mais velho, que seria o Pai de todos, uma história assim. Era o Chefão, quem mandava na parada, e ela deveria se guardar para Ele. O Cara, pediu para um grande amigo Seu, um parceiro de gelada, dar uma vigiada no namorico da sua prometida com o tal carpinteiro para não deixar que os dois se passassem, e assim garantir que na época do casamento ela estivesse purinha para o Cara. Mas o amigo, não lembro o nome dele, era alguma coisa do Espírito Santo... Como era mesmo o nome do vagabundo... NOEL! Isso, era Noel do Espírito Santo. Isso mesmo, aí o Noel, puta dum fura-olho, foi lá e créu na menina. Ela engravidou do cara, mas Noel não soube disso na época. O Chefão soube, mas não contou nada para o amigo fura-olho, e simplesmente não quis mais saber de casamento, mandou a menina passear, casar com o tal carpinteiro e se virar para cuidar do moleque.
Noel só soube dessa história muito tempo depois, o moleque já estava crescido e andava pelo mundo trocando uma ideia com quem encontrasse pela frente, ele e mais doze camaradas, todos barbudos. Parece que eram do ABC paulista, fundaram o primeiro sindicato, uma coisa assim, mas isso não vem ao caso. Noel ficou puto com o Chefe que escondeu isso tudo dele, os dois fecharam o pau feio. Mas o Chefe era o Chefe, deu um cacete no Noel e disse que se o encontrasse de novo ia acabar com a raça dele. Noel se mandou e, inconformado que ficou, resolveu passar o resto da vida tentando descobrir onde estava o seu filho. Por ter um filho, não aceitava mais ser chamado apenas de Noel, tinha quer ser: PAPAI NOEL!
A noite de natal, é o dia do aniversário do filho do Papai Noel. O nome do moleque era Natalício, se eu não me engano, por isso que se chama festa de Natal. E é por causa disso que todo dia 25 o Papai Noel sai por aí distribuindo presente para a gurizada, ele tem esperança de com isso, encontrar finalmente o seu filho.
E se ele vai sempre de madrugada entregar os presentes, sempre na surdina, é para evitar que o Chefe o descubra, e dê outra camaçada de pau nele.
É isso, ou quase isso. Não tenho bem certeza, mas tenho quase certeza que foi assim.
Agora chega de papo e traz outra cerveja pro papai.

Feliz natal, hohoho!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Oração


Querido papai do céu,

Esse ano eu me comportei direitinho, fui um bom aluno, tirei ótimas notas e não matei aula nenhum dia.
Fui um bom filho e bom irmão, ajudei meus amiguinhos que se encontravam em dificuldade a superarem seus problemas, e não bastasse estudar no período da manhã, durante a tarde eu trabalhei como auxiliar de servente de pedreiro numa construtora, para ajudar meu pai a pagar as dívidas.

Fui à missa praticamente todos os domingos, e nos que eu não fui é por que estava cuidando da minha vovózinha que está muito doente, o Senhor sabe. Não teve uma noite sequer do ano em que eu tenha dormido sem rezar e agradecer por todas as coisas boas que o Senhor me proporcionou em 2009.

Mesmo assim, apesar de todo esse bom comportamento, nesse ano o Senhor levou para morar no céu o meu ator preferido, o Patrick Shwayze. Tudo bem, não fiquei chateado, sei que ele estava sofrendo e talvez tenha sido melhor assim.

O Senhor também levou embora o meu cantor preferido, o Michael Jackson. Sei que ele se excedeu, sei que ele teve uma série de problemas que talvez o tenham levado ao fim que acabou tendo. Não culpo o senhor por isso, entendo perfeitamente o que aconteceu.

A minha atriz preferida, a Leila Lopes, foi recentemente morar com o senhor. Uma mulher corajosa, que enfrentava a vida de peito aberto e caía de boca no trabalho. Fiquei triste, é claro, mas em nenhum momento me revoltei com o Senhor.

Enfim, querido papai do céu, tive um comportamento exemplar e, mesmo tendo vários momentos de tristeza com a perda dos meus ídolos preferidos, em nenhum momento eu culpei ou fiquei revoltado com o Senhor.

Mas para terminar essa oração, mesmo sabendo que o Senhor tudo vê, tudo sabe e tudo pode, quero apenas lembrá-lo de um fato muito importante, vá que o senhor esteja muito ocupado e acabe esquecendo. Papai do céu, não esqueça, por favor, o meu político preferido é o Dario Berger.

Amém.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

NÃO QUEBRE A CORRENTE!!!


Você já se perguntou como surgem as correntes virtuais?
Eu já.

Fim de ano e as correntes virtuais pipocam à todo vapor. O que me chama bastante atenção, é a urgência que cada uma destas correntes trazem consigo:

“Mande para 15 pessoas dentro de 3 minutos e você receberá uma benção em 48 horas”

“Mande para 30 pessoas dentro de 2 minutos e um milagre acontecerá na sua vida em até 7 dias”

Fico imaginando a cena:

Um santo qualquer que não tenha sido eleito para algum cargo do primeiro escalão eclesiástico, - Santo Asdrúbal, digamos - é nomeado responsável pelo departamento de TI do Jardim do Éden. Querendo mostrar serviço, reúne-se com o responsável pelo marketing divino, - São Tibúrcio, digamos - e resolvem implantar uma ação de prospecção da palavra do Senhor através das novas tecnologias.

Num primeiro momento, São Tibúrcio e sua equipe de querubins estagiários, resolvem bolar um lindo folder e divulgar a palavra do Senhor através da distribuição deste pelas ruas das cidades. Mas como terão que concorrer com os panfletos de casas de massagens que oferecerão: “Massagem completa com complemento manual por R$30,00. O.T. por R$35,00”, perceberão em pouco tempo que aquele tipo de mídia não trará o retorno desejado, dada a agressividade da concorrência.

Nisso, Santo Asdrúbal e seus arcanjos nerds, sugerirão utilizar o mailmarketing como ferramenta de evangelização. Farão uma bela apresentação em PowerPoint, colocarão imagens da virgem de Fátima, das crianças que presenciaram suas aparições, imagens de flores, e inserirão um belo texto contando a vida de alguém que se ferrou de todas as maneiras possíveis, morreu na desgraça, mas dizendo que valeu a pena, pois agora iria encontrar finalmente a paz nos braços do Senhor. As pessoas se emocionarão com a lição de bondade e altruísmo e, automaticamente, divulgarão para sua rede de contatos, e assim, a palavra do Homem estará novamente em voga.
São Tibúrcio concorda que a ideia é boa, mas por ser um estudioso do comportamento do consumidor, sabe que precisa estipular prazos e metas, se não a coisa não anda.

_Negócio é o seguinte – diz São Tibúrcio – a ideia é linda, fofinha, emocionante, o cacete. Mas o Homem quer resultado.

_Bom, - interpela Santo Asdrúbal – vamos oferecer algum brinde, um prêmio para quem divulgar.

_Porra Dudu – o apelido de Santo Asdrúbal, no céu, é Dudu – nossa verba é curta, velho. Sem contar que temos que fazer o fundo de campanha, não quero passar o resto da eternidade no segundo escalão. Não passei o pão que o capeta amassou lá na terra, para virar santo à toa. Tenho ambições aqui dentro, eu quero crescer na organização.

_Neste caso podemos utilizar a nossa cota de milagres e bênçãos.

_Boooa, essa ideia é boa.

_Para cada pessoa que a mensagem for reenviada, aquele que divulgou poderá escolher entre uma benção ou um milagre.

_Porra, mas aí também não dá Dudu, tem neguinho com três, quatro perfis no orkut, se o cara resolve divulgar pra todo mundo nós vamos extrapolar nossa cota de milagres e bênçãos. Primeiro temos que definir metas.

_Isso, se divulgar para 15 pessoas, ganha uma benção, se divulgar para 30, ganha um milagre.

_Gostei, isso mesmo! Mas também precisamos determinar um prazo. Benção é mais fácil de conseguir, dá para dar um prazo maior na divulgação, e um prazo menor no pagamento. Coloca aí: 3 minutos para divulgar e a benção será entregue em 48 horas.

_Legal, e no milagre a gente encurta o tempo de divulgação, afinal de contas milagre é milagre, o cara vai ter que divulgar em 2 minutos e entregamos o milagre em uma semana. Até por que milagre é aquela burocracia do caramba, tem um monte de protocolo, papelada, o diabo...

_Isso, fechou! Entenderam aí estagiários? Então parem com essa viadagem de tocar harpa, e mãos à obra.

E em pouco tempo, essas mensagens passam a abarrotar nossas caixas de mensagens, imagino que deva ser mais ou menos assim que acontece.

Bom, eu não sou santo - estou bem longe disso, inclusive - e nem faço milagres.
Mas para não deixar ninguém no prejuízo, faço a seguinte proposta:

Divulgou o blogue para 15 pessoas em 3 minutos, ganha uma garrafa de Brahma e uma porção de fritas.
Divulgou o blogue para 30 pessoas em 2 minutos, leva duas garrafas de Original e uma porção de frango à passarinho.

Que tal????

Se bem que, se eu não me engano, o espírito santo é uma pomba, logo, frango à passarinho pode pegar mal com "os homi".
Então fala lá pro Bigode suspender o frango à passarinho, e manda descer um X-Salada no capricho!

Palavra da salvação!

Planejamento estratégico na prática!


Um garoto de 12 anos entra num bordel arrastando um gato morto por um barbante. Coloca uma nota de 50 no balcão e diz:

- Quero uma mulher!

A cafetina, olhando para ele, responde:

- Você não acha que é um pouco jovem para isso?

Ele baixa uma segunda nota de 50 no balcão e repete:

- Quero uma mulher!

- Tá certo, - responde ela. Senta aí que vem uma dentro de meia hora.

Ele põe outra nota de 50:

- AGORA! E ela tem que ter gonorréia!

A cafetina pergunta por que, mas ele saca mais uma nota de 50 e repete:

- GONORRÉIA, PORRA!

Alguns minutos depois chega uma mulher...
Eles sobem a escada (ele arrastando o gato morto).
No quarto ela faz seu trabalho.... quando eles estão saindo, a cafetina pergunta:

- Tudo bem, mas por que você queria alguém com gonorréia?

- Quando eu voltar para casa, vou transar com a babá, e quando o papai voltar para casa, ele vai levar a babá para casa dela e vai transar com ela. Quando ele voltar para casa, vai transar com a mamãe, e amanhã de manhã, depois que o papai sair para o trabalho, a mamãe vai transar com o leiteiro..... aquele filho da puta que atropelou meu gato!!!

domingo, 20 de dezembro de 2009

Primeira promessa de fim de ano!

Se eu ganhar na mega-sena da virada, juro que não vou esquecer de nenhum dos meus amigos.

De onde eu estiver, prometo que mandarei um cartão de natal para cada um deles pelo resto da minha vida!

Sobre Antonio, para Antonio. (O texto é gigante, blogue deve ser curto, eu sei. Mas não consegui.)


Vai parecer jogo de cumpadre. Não é.

Ontem, em seu blogue, Transitoriamente , Antonio Rossa caprichou no verbo para falar deste que agora lês. Foi gentil, deixou meu ego, que já é naturalmente inflado, um tanto mais convencido. Olho-me no espelho, e nem mesmo eu me aguento.
Mas o assunto aqui não é minha reação ao texto dele, nem um agradecimento ao post. Por isso é importante frisar: vai parecer jogo de cumpadre, mas não é.

Fato é que o camarada gravou um disco. Um EP com cinco músicas. Antes mesmo de ter ouvido o disco com a atenção que qualquer obra prestes a ser dissecada merece, já tinha o parabenizado pela coragem da empreitada. A arte – a genuína arte – expõe o artista, despe-o, deixa a mostra suas nuances todas. Não disfarça as belezas tampouco as cicatrizes, escancara tudo o que tem para ser visto, o que encanta e o que incomoda. Por isso tanta gente acomoda-se em fazer o trivial, tocar o trivial, escrever o trivial, amar o trivial, viver o trivial. É mais cômodo. Assim diminui-se o risco da crítica e do erro. Além da comodidade do trivial, há a pressa no aparecer. Muita gente incompleta, muita gente que não está pronta, antecipa etapas para mostrar-se, simplesmente pela vontade de aparecer. Eu, volta e meia caio nessa armadilha. Publico coisas que precisariam de mais tempo para amadurecer as ideias na ansiedade de ser lido, e acabo ficando na nata da superfície, perco a oportunidade de apurar as linhas e romper a tensão superficial, mergulhar fundo. Mas não é de mim que eu quero falar.

Antonio faz arte.
Antonio cuida da sua arte.
A primeira música que ouvi foi “Antes da sorte fugir”. E naquela hora, não gostei. Não gostei mesmo, achei alguma coisa estranha que não me descia bem, algo que meus padrões não estavam habituados, apesar de não ter percebido ali – naquele momento – grande novidade. Mas guardei o incomodo para mim, pois sabia que tinha escutado a música enquanto mandava um email para alguém, e logo, não dei à canção a atenção devida.

Gosto muito do Antonio. Bom papo, inteligente, divertido e transmite sempre uma simplicidade que só as coisas e pessoas boas tem. Logo, não poderia simplesmente dizer: “Antonio, meu velho, ouvi e não gostei, falou.” Sei que poderia perfeitamente dizer não ter gostado, tenho certeza que ele não gostaria menos de mim se eu não tivesse gostado da música dele, a criação não é o criador, é parte dele, sei que ele entenderia se eu não tivesse gostado desta parte dele, até por que já manifestei que gosto muito das outras partes (tá meio gay isso, mas quando digo que gosto das outras partes estou falando dos vídeos e demais manifestações artistico-culturais com as quais ele se envolve).
Mas por gostar do Antonio, por gostar de música e por volta e meia (não sempre, confesso) gostar de novidade, baixei o disco do menino e passei o último sábado ouvindo o seu trabalho.

Agora posso falar dele com mais conhecimento de causa.

No ofício de produtor visual, fazedor de clips e afins, Antonio exercita captar das pessoas seus melhores ângulos, mesmo que elas não saibam quais são. Ou ainda, extrai das pessoas umas facetas que elas não sabiam ter. Ele trouxe essa qualidade do vídeo para o som.

A banda de apoio, composta por músicos extraorinariamente talentosos, tanto em técnica quanto em feeling, executa uma sonoridade muito diferente daquela que estava habituado em ouvi-los fazer. Quase todo o time é oriundo da Sociedade Soul, e se tem Gustavo Barreto na jogada, a qualidade está junto como um cachorrinho que não desgruda do pé do seu dono. Para apimentar a mistura, tem o Jiva Lin da Maltines, guitarrista do qual eu sou fã confesso, queria ter uma banda só para tocar com ele. Tenho certeza que se minha extinta banda ao invés de um trio fosse um quarteto, tendo o Jiva como quarto integrante, teríamos feito farofa dos beatles! Tá bom, talvez nem tanto, mas quase isso. Enfim, Sociedade Soul é groove, funk, balanço. Maltines é Indie, rock inglês com cara de inverno. E o Seo Antônio pegou essa galera e tirou dela uma sonoridade totalmente diferente da que eles normalmente executam. Pegou ingredientes bons, utilizados para outras receitas, e criou um novo e ótimo prato.

Sua música me causou uma estranheza inicial, pela sonoridade que ela traz consigo. Primeiro pelo timbre de Antonio, bastante diferente do pop local, ou mesmo do pop de um modo geral. Aliás, a vontade de se expressar artisticamente me parece tão genuína, que apesar do som ser pop, ele não demonstra uma preocupação em sê-lo. Nunca tinha ouvido o gajo cantar, e fiquei admirado com a coragem dos tantos falsetes que vários trechos de algumas das músicas têm. Rossa é ousado no vocal. Seus falsetes me lembram bastante os melhores dias de Fito Paez, nos discos “El amor después del amor” e “Circo Beat”. Insere-os em lugares pouco habituais, e isso traz charme pra música.

A levada folk presente em algumas canções, me remete à clara influência que ele tem, e já batemos alguns papos sobre isso, do senhor Gessinger. O astral da música “O que ficou no coração”, me lembrou a levada da música “Banco”, do disco Minuano, da finada banda Engenheiros do Hawaii. Isso não é uma crítica, é um elogio. Eu gosto daquele disco, não dele todo, mas de parte dele, e “Banco” se inclui na parte que eu gosto.

“Antes da sorte fugir”, que me tinha incomodado, tornou-se meu mantra. Estou no meio daquilo que os astrólogos classificam como “retorno de saturno”, uma revolução pessoal que acontece entre os 28 e os 30 anos. E agora, aos 30, virei minha vida pessoal pelo avesso, arrisquei como nunca tinha tido coragem, me expus, me machuquei e machuquei muita gente, e essa música me reconfortou. Se der a louca ainda tatuo: “Deixa-me amar da minha maneira. Assumirei meus erros, mas só se erro for!”. O Antonio não sabe, mas ele compôs essa música pra mim.

“A química de um possível amor” é uma dessas que traz os falsetes fitopaezianos. Gosto muito do Fito Paez, gosto muito da música argentina. A parte instrumental, quando começa, me lembra alguma coisa do jazz/country/folk/blues de Norah Jones. A melodia da canção quebra essa impressão, mas quando escuta-se apenas o instrumental, me lembra aquela linda menina de cabelos e olhos negros e voz irresistível (e ainda toca piano...).

“Teus olhos” cai de novo no folk, essa eu vejo o clip com animações de velho oeste, Antonio de chapelão estilo John Wayne, Jiva Lin de vestido de prenda, Barreto como o vilão que será escurraçado pelo mocinho, e por aí vai. As intervenções do Carqueja tornam a canção divertida, e os slides do Jiva dão a envelhecida que a música precisa para cumprir seu ideal.

Por fim, “Quem de nós” foge das dores do coração e traz na letra a insatisfação com o mundo, que não deixa também de ser uma dor do coração. Esta música conta com a participação de Bruna Gargioni, não a conhecia. Aliás, ainda não a conheço. A primeira vez que ouvi, fiquei com a sensação de estar ouvindo uma cantora de jingles. Daquelas que no intervalo do Jornal Nacional entoam: “Globoveeeeel Veículoooosss, Ford é na Globooooveeeeeelll”. Ouvindo de novo, e de novo, e de novo, percebi que mais uma vez minha impressão estava sendo maculada pelas informações que trazia registradas no meu inconsciente. É inevitável buscarmos alguma informação no nosso HD cerebral para compararmos com o novo que nos chega. Aconteceu com a voz cantante do Antonio, aconteceu com a voz cantante da Bruna. Novas informações sempre acabam por pisar no terreno lodoso das sensações incertas.

Resumo da ópera, Antonio nos oferece uma obra muitíssimo bem acabada, ao que me parece feita sem pressa, com todo o cuidado necessário. Algo feito por alguém que não tem a necessidade dos holofotes, mas o compromisso com a qualidade. Bem produzido, bem arranjado, bem executado, bem gravado, enfim, tenho gravado no Adolfo (meu computador), um ótimo disco, que vez ou outra servirá de trilha para meus escritos.

Você que chegou até aqui, concorde ou discorde de tudo o que eu escrevi até agora, escutando-o. Paratanto, clique aqui


Parabéns, Antonio.
Obrigado, Antonio.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Resquícios de uma sexta-feira de sono tranquilo, após 33 dias de sono agitado

Estava com um texto quase pronto, engraçadinho até, sobre as mentiras dos amigos secretos. Resumidamente, o texto falava sobre a velha frase que todo mundo costuma proferir: "porra, sempre dou presente legal nos amigos secretos, e só ganho merda!" o que, até então, tinha me feito concluir que na verdade ninguém nunca deu presente legal. Afinal de contas, se todo mundo só recebe merda, é por que o presente que você dá também não costuma ser lá grande coisa.

Mas minha sexta-feira acabou com o meu texto. Mas antes de explicar esse fato, vamos ao primeiro fato importante da sexta-feira.


Marcos Espíndola - doravante denominado "O Cara" -, jornalista, apoiador e fomentador cultural deste pedacinho de terra perdido no mar, já elogiado e alardeado - merecidamente - por deus e o mundo pela importância que ele tem para nossa incipiente produção artística mané, divulgou uma carinhosa nota na sua coluna no diário catarinense, falando deste (não vou dizer "humilde", eu não sou modesto, me desculpe) fantástico blog que agora lês. Rememorou meus tempos de colunista do site Tô Puto, que se ainda não morreu, arrasta-se moribundo e agonizante pelo cyberespaço. Valeu meu nego, mas fica a justificativa solicitada na tua coluna. Meu hiato não deveu-se a derrocada do "Mais querido", claro que tenho andado deprimido com o desempenho do meu Furacão, mas meu afastamento foi a necessidade de um período de reclusão para tentar me reorganizar e entender minha relação com o mundo, suas coisas e seres. Ainda não me reorganizei, nem entendi porra nenhuma, mas a coceira nos dedos e a necessidade de descobrir se ainda tinha criatividade para escrever algo, ou concluir se aqueles dois anos de "Mattos sem Cachorro" foram fogo de palha, me fizeram buscar uma forma de me expressar novamente, e o resultado é este ainda experimental blog. Mas de qualquer modo, sim, creio que tenha vindo para ficar. Não digo que "veio pra ficar", como se acreditasse que fosse se tornar algo popular ou marcante, mas sim pelo fato de que farei dele meu escapamento. Obrigado, Nêgo, pelo incentivo de ontem, hoje e do que eu sei que terei amanhã.
Você que não é ele, leia-o na coluna "Contra-capa" do Diário Catarinense, se não tens 2 pila para comprar o jornal impresso, acesse-o no www.clicrbs.com.br

Voltemos ao amigo secreto.

Acreditava eu que amigo secreto era sinônimo de presente ruim. Brincadeira divertida, mas que resulta em alguma coisa que nunca se usará.
Pois ontem, minha pequena equipe composta por grandes personas, fez a sua confraternização de fim de ano. Fomos ao Bokas, comer camarão de procedência questionável, envolvido pela crosta de milanesa frita no mesmo óleo que a batata, deitar umas tantas garrafas de Original, e realizarmos nosso tradicional amigo secreto.

EU ME DEI MUITO BEM!!!!
Pela primeira vez, só ganhei presentão, estou mais feliz do que padre na creche!
Eis minha lista de regalos:

1 - Disco da Roberta Sá ao vivo - Não conheces essa menina ainda? Corra atrás, ela é sensacional, vale a pena! Um dia desses faço um post só pra ela, ela merece!



2 - Livro "O Cheiro do Ralo" - Há tempos desejava este livro, mas é muito difícil encontrá-lo. As livrarias da nossa bela cidade estão infectadas por romances de vampirinhos adolescentes, quase não sobra espaço para a boa literatura. A propósito, terminei o livro agora a pouco, ele é bem curto, o que não afeta em nada a qualidade. É tão bom quanto eu imaginava, talvez seja até um tantinho melhor. É incrível como o enredo nos leva a torcer por um protagonista que não vale nada.


3 - Disco do Nando Reis: DRÊS - Este agora faz a trilha para este post. Estou gostando bastante, depois terei que ouvi-lo com a devida atenção, mas até o momento estou gostando bastante.


4 - Copo gigantesto para caipirinha com o emblema do FIGUEIRENSE!!! - Cara, é praticamente uma peça artística tamanha a beleza e bom gosto!

Me dei bem.
Me dei muito bem!

Nunca mais abro a boca para reclamar de um amigo secreto.
Se não bastassem os presentes, ainda ouvi palavras que me emocionaram muito, e não hesito em afirmar, as palavras que me disseram foram o melhor presente da noite!

Depois, tive uma noite de tanta paz e sensação de tranquilidade, como há muito tempo não tinha.

Dormi tão bem, e acordei feliz, em paz.

Meio nostálgico esse post, meio pessoal demais, mas é a vida, por não ser uma coluna que deva obedecer um formato específico, me permito esses momentos egoístas.

No mais, bom dia!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

"E é ciúme, ciúme de você..."


Pois eis que no trabalho, coordeno uma pequena equipe, não interessa de quê nem de quantos.

Nesta equipe há várias personagens muito interessantes. Talvez no fim da minha vida perceba que escrevi um post para cada um deles, ou talvez este seja o último.
O fato é que estávamos a conversar sobre ciúme. Eu, particularmente, não tenho ciúme. Isso é verdade, verdade mesmo. Não tenho nem gosto que tenham de mim e nem entendo quem tem. Me parece um sentimento neardenthal. Um dia escrevo um post só sobre minha aversão ao ciúme. Um dia, não hoje. Mas voltando ao "causo", uma menina, cujo nome será restringido as suas inicias, tal qual uma reportagem investigativa policial, chamada L.C., no meio da conversa sobre ciúme interrompeu abruptamente a discussão para que todos prestassem atenção no que ela queria dizer:

“Eu não sou ciumenta. Já fui, já fui bastante, até. Mas hoje não, hoje não sou mais ciumenta. Tanto que até deixo meu namorado ir à padaria sozinho!”

Ponto final.

(NÃO!!!!) Toca Raul!


Nesse momento no apartamento debaixo, toca incessantemente “Canceriano sem lar”. Boa música, do também bom Raul, que deus o tenha (apesar de ser mais provável que o diabo o tenha carregado.)

Gosto da música, gosto do Raul. A merda toda é que junto ao CD, a vizinha canta.
A vizinha é simpática, apesar de gaúcha (sim, eu sou bairrista. É mais uma das incontáveis virtudes que tenho, além da inteligência, beleza e modéstia).

Há uns meses atrás ela vivia com um vagabundo, como diria Luis Carlos Prates. O safado (que por sinal parecia alguma criatura entre o Raul Seixas e o Patropi), ofendia diariamente a pobrezinha. Gritava em alto e bom som os mais indelicados e grosseiros impropérios. Ela chorava, gritava também, mas dificilmente xingava. Era sempre o alvo, nunca a seta. Não raro percebia-se através do barulho as agressões físicas. Umas tantas vezes tentei chamar a polícia, condoído pela situação da minha pobre vizinha gaúcha. Os policiais diziam entender a minha preocupação, mas alegavam que nada poderiam fazer, se não fosse a agredida quem denunciasse o agressor. Acabei por me habituar a sinfonia de gritos, ofensas e lamentos advindos do andar debaixo.
Eis que um belo dia ela tomou coragem e colocou o safado pra fora de casa. Passou a morar sozinha.

Desde então aparenta felicidade, e fiquei feliz por ela. Os gritos não existem mais, ela não passa mais de cabeça baixa pelos corredores do prédio, com vergonha por saber que toda a vizinhança acompanhava silente e inconformada as agressões de outrora.
Agora ela demonstra orgulho pela coragem de botar o sacana pra rua.
Fiquei feliz por ela, e ela ficou mais feliz ainda por si mesma.
Mas a felicidade costuma trazer consigo um efeito colateral muito grave e sério: a vontade de cantar.

Há mais de um mês que minha vizinha gaúcha resolveu externar sua felicidade cantando. Já teve a fase Legião Urbana, já teve a fase Barão Vermelho, a fase Cazuza pé-na-cova, e agora faz uma semana que não sai do cd player dela um disco em tributo ao Raul Seixas.
O que me incomoda não é que o som esteja ligado no volume máximo. Até gosto do que se fez de música na década de 80, já gostei mais, mas ainda guardo uma sensação saudosa e boa daquela época.
O que me incomoda é que ela insiste em cantar ainda mais alto que o CD player.
E agora, neste exato momento em que a Clínica Tobias afasta o Raul do aconchego do lar, sou obrigado a confessar. É horrível, eu sei, mas sou obrigado a confessar:

Estou com saudades da época em que ela apanhava.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Contrato pré-nupcial


Casal recém casado, o jovem marido resolve esclarecer algumas questões para evitar futuros desentendimentos, e vai logo listando suas condições à esposa:

_Bom, pra que não tenhamos problemas, é importante que já saibas de algumas coisas sobre a minha rotina, coisas que todos os homens da minha família sempre fizeram, para depois não vir reclamando que não sabia de nada e foi pega de surpresa.

_Hum... – respondeu a jovem mulher.

_ Todas as segundas-feiras e sextas-feiras, eu saio do trabalho e vou direto para a casa do Carlão, nós e toda a turma temos as nossas noites do pôquer, elas são sagradas! Não abro mão delas de jeito nenhum!

_Hum...

_Quarta é dia de futebol. Primeiro a pelada com a galera, depois assistimos juntos ao jogo da rodada que estiver passando na televisão.

_Hum...

_Terça e quinta é dia dos torneios de sinuca, fazemos esses torneios semanais desde a nossa adolescência.

_Hum...

_Sábado, bom, sábado sabe como é, ninguém é de ferro, nos encontramos a noite para tomar um choppinho e tirar o stress da semana.

_Hum...

_E domingo, bom meu amor, domingo é teu, podemos ficar juntinhos o dia todo namorando, tudo bem?

_Claro meu amor, claro que tá tudo bem. Entendo perfeitamente e aceito todas as tuas condições, desde que aceites as minhas.

_E quais são?

_As mulheres da minha família, todas elas, também têm um hábito. Todas nós transamos todos os dias às 22:00, estejam os maridos em casa ou não. Agora pode ficar a vontade, hoje é o dia do pôquer, né? Boa sorte!

Classe é classe!


O marido chega em casa as 18:00h e diz a mulher que teria uma reunião às 22:00hs, mas que ele não iria pois considerava isto um absurdo. Mas a mulher, preocupada com o marido, o convence que o trabalho é importante.
O maridão esperto então vai tomar um banho para se preparar e pensa:

'Foi mais fácil do que eu pensava!'

Como toda mulher, quando o homem entra no banho ela revista o bolso do seu paletó e encontra um bilhete onde estava escrito:

"Amor,estou esperando por você para comermos um pato ao molho branco.

Beijão, Sheila".

Quando o marido sai do banho encontra sua mulher com uma camisolinha
transparente, sem calcinha, toda fogosa deitada de bruços. O marido, ao ver aquela bundinha sob a transparência não resiste e cai matando.. A mulher lhe dá um trato completo e ele, exausto, vira pro lado e adormece.


Quando vai chegando a hora, a mulher acorda o marido, que não quer mais ir a reunião, mas novamente ela o convence da importância do trabalho.

Ao chegar na casa da amante, o cara está arrasado.

Cansado diz a ela que hoje trabalhou muito e que só iria tomar um banho e descansar um pouco.

Como toda mulher, ao entrar no banho ela revista o bolso de seu paletó, e
encontra um bilhete onde estava escrito:

"Querida Sheila, o pato foi, mas o molho branco ficou todo aqui...

Beijão, A Esposa."

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Quem te ama de verdade?

Tranque sua mulher e seu cachorro no portamalas do seu carro.

Deixe-os lá trancados por duas horas.

Passadas as duas horas, abra o portamalas e veja qual dos dois vai estar feliz em te ver.

As canções que você fez pra mim


Era conhecido por Beto, mas chamava-se Erasmo.
Quando Afonso, pai de Beto, foi à quitinete de seu filho, foi acompanhado pela culpa. Teria que reconhecer o corpo de Beto, encontrado morto ao lado de uma carta fechada e um bilhete aberto. Há 26 anos, sabia que ao registrá-lo não estava dando-lhe um nome, e sim uma sina.
Tão logo sua esposa engravidou, combinaram que se fosse menina, seria Fernanda, menino, Fernando.

Ela convalescia na maternidade quando Afonso, embriagado e na companhia de seus irmãos de boteco, foi registrar o filho. Mas Afonso, tesoureiro do fã-clube oficial do Roberto Carlos, foi desafiado pelos amigos a batizar seu primogênito em homenagem ao Rei. Ele disse que não, não havia outro homem que fosse merecedor de carregar o nome do Rei. Então batiza de Erasmo, que não é Rei, mas tá sempre com ele, sugeriu um dos amigos. Foi o que ele fez.

Após a mágoa inicial, a mulher acostumou-se em não ser mãe de um Fernando. Mas para provocar o marido, chamava Erasmo de Roberto, que com o tempo virou Beto.
Beto cresceu, e além do sobrenome herdou do pai a paixão pelo Rei. Mas Beto não era apenas mais um fã, ele fez de sua idolatria um estilo de vida.
No início apenas vestia-se como o ídolo, roupas azul-claro, o mesmo corte de cabelo, os trejeitos, tudo muito parecido. Os amigos divertiam-se com o colega que ria daquela mesma maneira pausada e canastrona que tantas vezes viram Roberto Carlos, o verdadeiro, rindo nos especiais de fim de ano.

Todavia, com o tempo Beto passou a comunicar-se utilizando apenas trechos de músicas do Rei. Alguém perguntava por que ele agia daquele jeito, ele pensava, demorava, e dizia, "Estou fugindo de mim mesmo, fugindo do meu passado, do meu mundo assombrado."
Aos poucos aquela maneira de se comunicar tornou-se automática, como se todo o seu vocabulário fosse feito apenas de frases compostas por Roberto Carlos.
Júlia apaixonou-se por Beto, achou bonitinho o jeito que ele falava. "Eu te darei o céu meu bem, e o meu amor também", disse Beto no dia em que começaram a namorar, fazendo-a crer que era de fato um "Amante à moda antiga".
Mas aquela mania de conversar em versos tornou-se cansativa, e ela resolveu terminar o namoro. Findado o relacionamento ele a olhou nos olhos e disse, "Existem mil garotas querendo passear comigo, ‘báái’".

Desde a adolescência Beto escrevia cartas para Roberto Carlos, sem saber como reagiria caso recebesse uma resposta. Os mais próximos diziam que ele tinha problema, ele respondia, É mais que um problema, é uma loucura qualquer.
Quando Afonso chegou à quitinete e viu o corpo do filho no chão, deitado sobre a poça de sangue que vertia da têmpora baleada, viu que ao lado dele havia uma carta lacrada, cujo remetente era o próprio Roberto Carlos.
Por não considerar-se digno de ler o que o Rei em pessoa lhe havia enviado, Beto deixou como último registro apenas um bilhete, uma única frase escrita com a letra trêmula:

"O importante é que emoções eu vivi."

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A verdadeira história de Romeu e Julieta


Assim que terminou de ler “Tristão & Isolda”, Will fixou ideia em também escrever um romance épico que, de tão marcante, faria dele, enfim, um grande autor.
Quando sua melhor amiga contou-lhe sobre o fim do namoro com um jovem do bairro, Will percebeu que, fazendo-se uns ajustes aqui, outros ali, o namoro de Julieta, sua amiga, serviria de enredo para o romance que ansiava escrever.
De tão bem escrita, a versão de Will tomou ares de verdade, uma verdade feita para consolar os corações despedaçados. Os casais passariam a acreditar que haveria sim uma maneira de ficarem juntos, por maiores que fossem os dissabores, mesmo que essa maneira fosse a morte.
Mas as coisas não sucederam exatamente da maneira como descrevera Will.

Julieta e Romeu, seu namorado, não se envenenaram. Essa ideia não lhes ocorreu em nenhum momento.
Apaixonaram-se por acaso, mas de maneira grandiosa. Desejavam-se tanto que o ar lhes era pouco, o mundo não era suficientemente bonito para a boniteza do amor que reciprocamente sentiam.
Algumas das afirmações de Will foram verdadeiras. Romeu e Julieta namoraram sim sob a varanda dela em noites quentes de um verão que, apesar de tórrido, não queimava tanto quanto o desejo que ardia o jovem casal. Naquelas noites de outrora, a lua indiscreta, gorda e branca, espiava-os cheia de inveja.
Contudo, diferente do que contara Will, as famílias de ambos não se odiavam. As mães até se conheciam e, cordialmente, se cumprimentavam todos os domingos ao final da missa.
Os irmãos de Julieta tinham um pouco de ciúmes, mas sabiam que Romeu era um bom rapaz. Se ainda não trabalhava, era para dedicar-se aos estudos.

Eis que um dia Romeu ganhou uma bolsa para estudar em outro país, passaria dois anos fora. Julieta era ainda muito nova para acompanhá-lo e, apesar de amarem-se, sabiam-se precoces para o matrimônio.
Na ansiedade pela posse do seu amado, Julieta exigiu-lhe abdicar dos estudos para que ficasse com ela. Tivesse Julieta pedido com carinho, é provável que Romeu ficasse ao seu lado, mas, pior que o ciúme, o orgulho envenena os amores, mesmo aqueles com ares de eternidade. Com o coração rasgado pela perda do amor que acreditava definitivo, Romeu partiu. Desde então, não mais procurou por Julieta.

Achou uma estranha coincidência o romance que outro dia chegou-lhe às mãos, e relatava uma trágica história de amor cujos personagens carregavam os mesmos nomes que ele e sua ex-namorada, mas não cogitou em nenhum momento ter sido parte da inspiração para tal enredo.
Romeu tornou-se professor e passou toda a sua vida longe do seu país. Julieta, anos mais tarde, casou-se com um amigo do seu irmão mais velho, teve filhos e acompanhou de perto o sucesso de Will.

Ainda hoje, já velhinhos, ficam imaginando o que teriam sido, caso tivessem ousado ser. Cada vez que o céu escancara-se para que a lua se exiba nas noites de verão, mesmo distantes, Romeu e Julieta contemplam-na com uma saudade dolorida e secreta, como o joelho que dói cada vez que o tempo vai mudar.
E essa mesma lua, que outrora espiava-os cheia de inveja, agora mingua de saudades do amor que já não tem mais como ser.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Caim



Tive uma educação cristã, estudei em colégios de freiras, colégios católicos e colégio adventista. Ia à missa, fui coroinha (não, não fui molestado por nenhum padre, por incrível que pareça), fiz a primeira comunhão, não me crismei mas, mesmo assim, casei na igreja católica apostólica romana, tudo bonitinho como manda o script de uma família brasileira mediana. Mas, apesar disso tudo, não sou cristão.
Não sou cristão e, mais do que isso, não gosto de Jesus. Quer dizer, não tenho nada contra ele, só acho que ele – caso tenha realmente existido – era esquizofrênico e megalomaníaco. Só isso. Nada de diferente entre ele e o Inri Cristo, por exemplo.
De quem eu não gosto, e não gosto mesmo, é do deus cristão. Não consigo entender como alguém pode levar a sério essa história de uma criatura mitológica, transcendental com poderes mágicos regendo as atitudes de tudo e de todos, e quando alguma coisa dá errada, responsabiliza-se a “benção” do livre arbítrio, quando dá certo é graças à bondade divina. Não gosto de deus nenhum, na verdade, mas por conhecer com um pouco mais de propriedade o deus cristão, tenho uma particular aversão à ele.
Já li a bíblia inteira, duas vezes. E de um modo geral, as únicas pessoas que eu conheço que realmente leram a bíblia e prestaram atenção no que estava ali escrito, tornaram-se invariavelmente ateístas.

Não há na bíblia inteira, uma só boa ação de deus. Tudo o que ele faz é por inveja, narcisismo, vingança, ciúme, carência, auto-afirmação e por prazer em fazer o mal pura e simplesmente, chegando a apoteose de assassinar o filho que fez em uma adolescente, de uma maneira cruel e brutal, alegando que esse assassinato bárbaro redimiria os pecados de todos os que viessem depois dele, mas é apenas mais uma balela desse deus charlatão. O tal filho morreu em vão, coitado, pois continuamos predestinados a rezar eternamente para pedir perdão pelos mesmos pecados de sempre, caso contrário estaremos todos condenados ao inferno ou, se dermos sorte, ao purgatório.
Mas é difícil enxergar isso com clareza, pois o que pensamos a respeito de deus é aquilo que nos ensinaram desde sempre a pensar, sem qualquer espécie de crítica a respeito, apenas uma reprodução interminável de ladainhas e novenas que deve ser proferida para todo o sempre.
Tá, mas onde eu quero chegar com tudo isso?



Numa sugestão de (ótima) leitura.
Desvencilhe-se de seus preconceitos, dispa-se das suas crenças, deixe de lado seus tabus religiosos, seus medos, a ameaça de danação eterna, deixe tudo isso um pouquinho de lado, pelo menos por alguns dias, e leia o novo livro de José Saramago: "Caim".

É uma obra prima!
Trata a bíblia e seus "causos" da maneira como eles devem ser tratados, como histórias e só, ponto final. Algumas boas histórias, outras nem tanto. Algumas com bons conselhos, outras com péssimas ideias, mas todas apenas histórias, contadas com a acidez e inteligência tão peculiares ao Seo Zé.
Por ser ateu, Seo Zé conta a história sem medo do castigo divino, e dá à narrativa, a dose de realidade que os fatos têm também na bíblia, mas que de um modo geral não se percebe, pois os cristãos estão sempre à espera da interpretação que o padre/pastor/ministro/missionário/bispo/papa/sacerdote/apóstolo fará das passagens bíblicas, para só depois disso, saberem o que devem pensar a respeito delas.

Em 1990, Seo Zé perturbou o sono do mundo cristão com o excepcional “Evangelho segundo Jesus Cristo”, relendo a história do Novo Testamento. Em "Caim", ele passeia no Velho Testamento, com a mesma elegância que o fez em “Evangelho...”, mas com mais peso na mão, forçando a caneta contra o papel com um tantinho a mais de raiva e verdade.




Acho até que ele deveria reescrever a bíblia inteira, seria uma obra bem mais interessante.
Fica a sugestão.

Vou logo ali comprar cigarro, e já volto


Um dia, a mulher de tão cansada de cuidar dos filhos da casa e não ser
reconhecida disse que ia na esquina comprar cigarros e desapareceu.
Não é força de expressão ou sentido figurado, ela disse exatamente isto:
- Vou ali na esquina comprar cigarro e já volto.
Ficou dez anos desaparecida.

Há algum tempo, reapareceu. Bateu na porta, o marido foi abrir, e lá
estava ela.
Dez anos mais velha, mas era realmente ela. Quieta, sem dizer uma palavra.

O marido despejou sua revolta em cima dela:
- Sua isso! Sua aquilo! Então você diz que vai na esquina comprar cigarro
e desaparece? Me abandona, abandona as crianças, fica dez anos sem dar
notícia, me faz criar as crianças sozinho e ainda tem o desplante, a cara
de pau, o acinte, a coragem de reaparecer deste jeito? Pois você vai me
pagar. Fique sabendo que você vai ouvir poucas e boas. Essa eu não vou lhe
perdoar nunca. Está ouvindo? Nunca! Entre, mas prepare-se para...

Nisso, a mulher deu um tapa na testa, disse:

- PUTZ! Esqueci os fósforos! Já volto !

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Me ajudem, amigos


Não costumo escrever para o site deste Motoclube , mas nescessito de um conselho...
Explico o caso : desconfio que a minha esposa esteja me traindo, pois volta e meia aparece com roupas novas, relógio de marca, nunca foi muito ligada à lingeries, mas agora tem uma coleção, uma mais sexy do que a outra, mas nunca as usa comigo. Além disso, tem andado muito distante, dispersa, distraída, estranha mesmo comigo. Outro dia peguei o seu celular apenas para ver as horas, e ela ficou totalmente transtornada, louca de raiva, gritou que eu não respeitava a sua privacidade, que estava invadindo o seu espaço, etc...
Quando sai, diz que vai encontrar as amigas, mas eu não conheço nenhuma destas amigas com quem ela diz estar, e sempre chega tarde em casa. Nunca sai com o carro que eu lhe dei de presente, afirma que vem de taxi mas nunca vi nenhum taxi aqui na porta de casa, creio que venha de carona , desce na esquina e vem caminhando.
Decidi resolver a questão, esclarecer tudo de uma vez, pegá-la no flagra, se fosse o caso. Saí com a moto para não levantar suspeitas e estacionei na esquina da rua, onde teria uma visão total sem ser percebido por ninguém, e poderia descobrir com qual "amiga" minha esposa tem pego carona.
Me agachei atrás da moto e fiquei esperando, a ansiedade aumentava, o ponteiro do relógio avançava e nem sinal dela.
Não aguentava mais de nervosismo, quando de repente olhei com um pouco mais de atenção e veio o choque!

Percebi um vazamento de óleo na tampa da embreagem e eis aí a minha grande dúvida : basta apertar os parafusos da tampa ou é melhor trocar a junta?

Abraço,
Adolfo!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Como se começa um blog?

Eis a questão, não sei a resposta. Logo, vamos a receita básica, sugestão de link:

http://www.youtube.com/watch?v=HcDaT03y2no

(aí você está se perguntando: "por que ele não postou o vídeo direto?" eu te respondo: por que não consegui, não sei. Tentei, até, mas não consegui. Sou uma topeira na frente do computador, confesso, mas sou esforçado. Um dia aprendo.)

Espia aí, talvez tu gostes, talvez não. Mas vais parecer cult pra caramba se disseres que achaste maravilhosa a animação feita a partir do texto do Seo Zé. A propósito, quem narra é o próprio, mas talvez isso não seja novidade. Nem isso, nem o vídeo.

Mas pelo menos agora eu posso dormir, depois de tanto tempo finalmente fiz um blog.
Pra ninguém, é verdade. Mas o fiz.

Talvez pra mim.
Talvez.