segunda-feira, 2 de abril de 2012

A Batina



Por você eu largo a batina.
Deixa disso, por mais que eu não goste da igreja, é o seu trabalho, é o seu emprego, você não pode largar o seu emprego.
É sério, nada mais me interessa além de estar com você, me unir a você como se fôssemos um só, aqui mesmo, no chão da sacristia.
Você não está falando sério, aqui?
Nunca falei tão sério na minha vida, nunca tive tanta certeza de algo na minha vida! É só você me dizer que sim que eu largo a batina agora!
Jura?
É só dizer que sim. Diz que sim, por favor...
Sim... Sim! SIM!!!
E, sofregamente, amaram-se ali mesmo, no chão da sacristia com a batina caída ao lado dos corpos nus.
No dia seguinte, quando Padre Deodato chegou ao local e viu Joana, a incumbida por lavar semanalmente suas batinas, nua no chão da sacristia ao lado de um qualquer, não teve dúvidas, demissão sumária e inapelável.
Ficou desempregada, mas saiu de lá sorrindo por ter tido ao lado de Aloísio a noite mais linda da sua vida, ainda que para isso tivesse que ter largado no chão a batina que lhe fora confiada à lavação.

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