sexta-feira, 29 de abril de 2011

Caderninho


Maria, tá difícil, não sei qual que escolho...

Você devia estar feliz por isso, a maioria das mulheres só têm uma ou duas opções, e quando escolhem normalmente escolhem errado e acabam cagando com todo o resto dos seus destinos.

Mas eu também posso escolher errado e, com isso, cagar não só o meu destino, mas o dele também.

Pelo menos você tem várias opções, se errar, terá a desculpa de ter sido pelo excesso, não pela falta.

Me dá uma luz, Maria, me ajuda, você só tá piorando as coisas.

Alex, lembra dele?

Alex metralha? Se lembro, quase morri afogada. Mas não, Alex não. Jovenzinho demais, cheio das gírias. Na verdade nem era tão jovenzinho assim, mas vivia cheio daquelas gírias jovenzinhas, vivia largando as faculdades pela metade para entrar em uma outra nova, só para ser o mais velho da turma e ter mais chances com as menininhas. Além do mais, era gaúcho. Gaúcho não rola. E torcia para o Grêmio. Não dá para confiar num homem que gosta de grudar no alambrado para ver a avalanche descer, e ainda tem o Danrlei como ídolo. Sem contar que, a última das faculdades que ele entrou, era Design. Porra, gaúcho e designer, aí não dá, né?

Alex descartado, teus argumentos são irrefutáveis.

Ai Maria, não sei o que faço.

Décio?

O triatleta da terceira idade? De jeito nenhum!

Jean, você gostava do Jean.

O Jean era legal, o que incomodava era aquela mania dele querer as minhas calças emprestadas para tocar nas festinhas modernosas por aí. Jean também não, sei lá, ele rebolava mais e melhor do que eu, como escolher uma sina dessas?

Isso para não levar em consideração o fato de que ele ia acabar com os seus esmaltes todos.

Então, Maria, como escolher Jean? Ele pintava mais as unhas do que eu! O que eu faço, Maria, o que eu faço?

Rodrigo, rá, esse não tem erro!

Você diz isso por que sua memória é fraca. Aquele lá gostava mais de discutir a relação do que de sexo. Nunca entendi aquela obsessão por D.R., puta que o pariu! Quando não nos encontrávamos, até por email ele discutia a relação. Até pelo blogue ele já deu um jeito de discutir a relação. Não, Rodrigo nem pensar! Sem contar que, porra, quase quarenta anos na cara e ainda com aquelas ideias adolescentes de meter a mochila nas costas e dar uma de aventureiro na Europa, porra, isso é legal quando se tem dezessete, não quarenta.

David, ele era legal.

Isso por que não foi você que teve que viver com ele. Além de ser libriano e, conseqüentemente, nunca saber o que quer da vida, ainda era mau-humorado como o cão. Falava mal de tudo, o Saraiva perto dele era um docinho de côco. Ser grosso, mal educado, é uma coisa, o David transcendia todos os limites da impaciência. E isso com pouco mais de trinta, imagine quando ficar velho. Não, David não.

Ok, você me convenceu. De fato,se você pode escolher, não tem por que optar por uma sina de mal humor vinte e quatro horas por dia. O nome pode ser um carma, deixa o David de lado.

Mas tenho que escolher, Maria, estou ficando velha, daqui a pouco meu tempo se esgota, tenho que decidir logo antes que seja tarde demais.

Ronnie, esse era perfeito!

Maria, Maria... Ronnie? Você deve estar de brincadeira com a minha cara. TÁ MALUCA, MARIA, RONNIE? CARALHO, MARIA, RONNIE????

Ei, calma, não precisa ficar nervosa, foi só uma ideia.

Isso por que não foi você que teve que agüentar aquelas crises de insegurança o tempo todo, aquela coisa de dizer que me amava, mas era só a ex-esposa estralar os dedos e o idiota voltava correndo! Até quando a ex ligou perguntando de uma porra de uma panela, ele entrou em crise, achando que ela queria cozinhar para outro. E, provavelmente, queria mesmo. Devia estar preparando uma bela rabada! Porra, Maria, o Ronnie usava camisa pólo listrada! Camisa pólo listrada e com brasão no peito, Maria. Isso quando não se vestia de coelhinho para alegrar as criancinhas na páscoa. Não, Maria, Ronnie não, sem a menor chance! Camisa pólo, Maria, pólo listrada, Maria. Sem chance, sem a menor chance!

Ah, então vá no óbvio.

Pensei nisso também, mas é que é tão feio.

Fazer o quê, mas é justo que seja.

É, de certo modo, justo até que é.

Então, qual o problema?

É que vai ser foda chamar meu filho de Edcarlos Francisco.

Mas se é ele o pai, qual o problema?

O problema é que esse nome é feio pra caralho!

Coloque “Junior” no final, ele vai ser para sempre Júnior e ponto final.

É verdade. Sem contar que o Edcarlos é nota 10! Não tenho o que reclamar do meu amorzinho!

Então, vai ficar procurando o nome do teu filho nos homens do teu passado pra quê? Brindemos ao Júnior!

Isso mesmo, um brinde ao Juninho, e que se fodam os outros!

2 comentários:

Daca disse...

Não me lembro dessa mulher...heuheueheuheu

Duas garotas disse...

ahuahuahau.... MUITO BOM!!!! =X