segunda-feira, 2 de maio de 2011

You're so fucking special, but I'm a creep


Covardia?

Covardia não, por favor, me respeite. Sou muita coisa, uma ou outra coisa boa e uma porção de coisas ruins, mas, covarde, não.

É um direito que tenho, quem pode me condenar por isso?

Nem você, que é tão boa, tão especial, que é uma porção de coisas boas e, neste momento, não me ocorre qualquer coisa ruim que você seja, tem esse direito.

Talvez seja o único direito genuíno que eu tenha, que todos temos, tanto quanto ninguém tem o direito de condenar o outro por isso.

Deveres, temos muitos, mas acredito que direito, só este.

Então, de quem é a vida? Minha, não é?

Então, tenho o direito de fazer dela o que bem entender, e isso inclui desfazê-la, se assim me parecer conveniente.

Como agora me parece.

Fiz exatamente o que você me pediu, não te liguei mais, nem emails eu mandei. Não que não tenha tido vontade de fazer isso em cada um dos segundos que se arrastaram desde que você partiu.

Agora, quem vai partir sou eu.

Só não pense que eu escondi algo de você, que omiti informações, que menti. Não fiz nada disso, não dessa vez. Só não tenho como explicar algo que não entendo.

Se ainda te amo? Muito!

Tanto que, por mais que esteja sofrendo, escolhi te libertar de mim. E como é dilacerante ficar longe de você, como é corrosivo não ouvir tua voz todos os dias, privar minhas vinte e quatro horas de cada dia das nossas brincadeirinhas tão cheias de carinho. Arde ficar longe de você. Queima.

Sei que você gostaria de saber por quê. Mas não sei, me desculpe. Só penso naquela música da banda do vocalista tortinho: “I want you to notice / When I’m not around / You’re so fucking special / I wish I was special / But I’m a creep / I’m a weirdo / What the hell am I doing here? / I don’t belong here / I don’t belong me”

Estou cansado, muito cansado. Perdi o controle sobre as minhas neuroses, se é que um dia já o tive.

Sei que minha inconstância te sangra, mas, acredite, ela dói mais em mim. Você viveu com ela por opção, eu não tive essa escolha.

Acabei me tornando frio como cano de revólver, acho que por isso estamos nos entendendo tão bem, eu e o trinta e oito cano curto que arranjei. Mais fácil do que comprar cocaína. Não, minha querida, não estou cheirando. Nem injetando. Nem nada do gênero, meus vícios continuam os mesmos. Eles são muito ciumentos, não aceitariam vícios novos. Sou fiel a eles. Tá vendo? Posso não ser muito fidedigno, mas até que tenho alguma fidelidade.

Engraçado, quando adolescente deprimido que fui, me entendia bem com meu all star cano longo, agora, adulto e ainda deprimido, mudei a moda, escolhi o trinta e oito cano curto.

Meu amor, você é tão especial, e eu só um verme.

Que fique claro, isso não é ironia.

Coisas da vida, vida que segue.

A sua, claro.

4 comentários:

Nayana. disse...

tempo que tu não me fazia chorar.

Daca disse...

um viva para o http://translate.google.com.br/

clap clap

Shuzy disse...

Queima...

jean mafra em minúsculas disse...

bem bom. mas a citação ao radiohead não está natural.