terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Homem-aranha




Acordou no meio da noite com os gritos vindos do apartamento ao lado.

Respirou fundo, enfiou a cabeça sob o travesseiro, apertou-o contra seus ouvidos e pensou indignada, Que merda, só eu que não trepo neste prédio.

No dia seguinte, quase se sentiu culpada por ter tapado os ouvidos.

Soube, pelo porteiro, que a vizinha do trezentos e dois recebera a visita de um meliante que escalara as janelas, bandido que ficara famoso no jornal local do meio-dia pela alcunha de “homem aranha”. Havia saqueado alguns pertences, estuprou a jovem mulher, e partiu sem deixar vestígios, exceto as marcas do amor não consensual a que forçara a vizinha a se submeter.

Que coisa! Exclamou em tom não muito convincente após a narrativa do porteiro, Onde esse mundo vai parar...

Pensou que se não tivesse instalado as redes de proteção nas suas janelas, talvez fosse o apartamento dela o escolhido pelo ladrão-homem-aranha, não o da vizinha.

Que merda, pensou sem remorso, só eu que não trepo neste prédio.

Por via das dúvidas, voltou ao elevador, entrou no apartamento, pegou a tesoura e cortou as redes de proteção das janelas.

Um comentário:

Bruna Rafaella disse...

Ahhh cachorra!


Ps- estava com muita saudades suas!