quarta-feira, 28 de abril de 2010

CUIDADO: Blogueiro antissocial!


Recebi um email de um leitor, dizendo: “Cara, deve ser legal ser teu amigo, imagino que vc deva ser o cara mais engraçado da sua turma, todos devem te convidar para festas só para fazer a turma rir.”

Meu querido, me parte o coração partir o seu coração, mas eu sou absurdamente mal-humorado. E isso não é piada, é verdade. Para começar, eu detesto festas. Não gosto mesmo, e se saio de casa para ira até uma festa, é por que gosto muito, muito mesmo da(s) pessoa(s) que me convidaram. Se elas não tiverem uma significativa importância na minha vida, eu não me dou nem o trabalho de dar desculpas do tipo: “se der eu vou, qualquer coisa eu ligo”. Eu digo na hora, “Não vou!” “Por que?” “Por que não!” “Por que não não é resposta” “Então não vou por que sim, mas não vou por que não vou, por que não quero ir, ponto final.” E não é brincadeira, eu digo isso mesmo. Quando escuto um: “GROSSO!”, ainda emendo um sonoro: “Que é isso, bêibi, são seus olhos...”

Eu sou meio Saraiva, se escuto algo que me dói nos ouvidos, eu desço a pedrada sem só nem piedade. Dia desses, numa das raras aparições que faço em festas, uma menina ao ver os pés de Benjamim, o bebê Superpose, disse admirada: “nossa, olha só os dedinhos, tem até as unhazinhas...” Meu amigo, não adiantou respirar fundo, tive que soltar um: “E você reparou que ele veio com olhos também?” Isaac, pai de Benjamim, ainda completou: “Dois, ainda por cima, um de cada lado!”. Aliás, Isaac me convida para as festas dele pois sabe que mesmo que eu não conte piadas, se a festa estiver chata basta eu começar a falar os nomes compostos que ornamentam a árvore genealógica da minha família. Sou obrigado a admitir, esta tradição familiar é realmente cômica, algumas combinações são dignas de placas em praças públicas. Mas não, eu não vou contar nenhum aqui. Quem sabe outro dia, não hoje.

Quando comecei a escrever para o Tô Puto, várias pessoas me falavam: “Mattos, tu devias investir no Stand Up, tu ias se dar super bem!” Se tem coisa que eu acho ainda mais chata do que festas, é exatamente esse Stand Up, ou seja, dizer que eu levo jeito para a coisa, é praticamente uma ofensa pessoal. Salvo raríssimas exceções, esta modalidade de comediante pegou uma formulazinha e fica replicando pelos palcos do Brasil, como se fossem os reis da gargalhada, e chega a ser constrangedor ver que muitas das pessoas riem quase que por comiseração, e mais constrangedor ainda por que os outros riem pelo simples fato de estarem num show que supostamente deveria ser engraçado, mas não é! Se não é, não precisa rir. Depois tu poderás rir da cara envergonhada que o pseudo-comediante ficará ao perceber que ninguém riu, e dar-se conta que não leva jeito pra coisa. Isso sim é engraçado!

Fórmula básica do Stand Up, toda piada começa com a frase: “Se tem uma coisa que eu não entendo...” a partir daí, já não importa o assunto.
Casamento: “Se tem uma coisa que eu não entendo no casamento, é por que todo homem quando casa...”
Futebol: “Se tem uma coisa que eu não entendo no futebol, é por que todo torcedor...”
Política: “Se tem uma coisa que eu não entendo na política, é por que todo candidato...”

SE NÃO ENTENDE, NÃO FALA! CACETE!

Vai ler, se instrui, pesquisa, aprende, depois vem falar a respeito. Mas não vem me dizer que não entende, pois mesmo que eu saiba, não vou te explicar, sou mal-humorado e egoísta.

Não gosto de falar ao telefone, aliás, detesto! Saio do trabalho na sexta-feira e já desligo aquele aparelhinho intrometido, e só volto a ligá-lo na segunda-feira pela manhã.
Não tenho orkut, facebook, twitter ou qualquer coisa do gênero. Não tenho nem quero ter, apesar de que vez ou outra cogito a possibilidade do twitter para fins de divulgação deste blogue. Mas cada vez que vejo a página do twitter de alguém repleta de incríveis novidades, como:

“banho, depois trabalho com a Cidinha”
“Macarronada na casa do Léo”
“Uhul, baladinha com a galera”
“A ExpoPalhoça ontem tava showwww!!!”

Se o teu banho não foi junto com a Cidinha, e nele vocês não fizeram loucuras aproveitando as benesses escorregadias do sabonete, não me interessa.

Eu gosto muito de macarrão, e não fui convidado para ir na casa do Léo comer a macarronada. E se fosse convidado, provavelmente não iria, logo, não me interessa.

Baladinha? Ah, vá se f...

Ontem? A ExpoPalhoça foi ontem? Bola pra frente, minha filha, o que passou, passou. Passou e não me interessa.

Ou seja, as pessoas que usam twitter, me convencem facilmente a não usá-lo.

Mantenho o blogue, e dele não pretendo abrir mão (ao menos por enquanto). Gosto de escrever, e estou trabalhando com afinco no meu ideal de vida de tornar-me um escritor de fato, tanto no que diz respeito ao estudo da profissão, buscando escrever sempre mais e melhor, quanto no que tange a correr atrás para fazer as coisas acontecerem. Tenho me dedicado bastante neste meu projeto.

Mas para o bem da longevidade da minha pretensa carreira de escritor, caro leitor, sugiro que nosso relacionamento se restrinja a este que é hoje, eu escrevo, tu lês, e assim a vida flui tranqüilamente. Temo que se me conheceres, percebas que sou uma farsa, e que meus textos engraçadinhos não passam de humor negro, sátira e rabujice de um velho ranzinza precoce.

Até por que não sei nem fingir ser simpático. Certa vez meu querido amigo Maykon Lontra Desmaida Kindermann, me chamou no Drakkar e falou:

“Mattos, essa aqui é a Fulana de Tal, ela adora teus textos, sempre acompanha tua coluna!”
Eu respondi:
“Legal. Valeu.”

Quando a menina se afastou eu levei um baita dum esporro, do tipo: “Porra, seu idiota, a menina acompanha tua coluna, diz que gosta dos teus textos e tu diz ‘legal, valeu’?!?!?”

O que ele queria que eu fizesse:

“CARA, QUE DEMAIS, PUTZ, FICO MUITO, MUITO FELIZ COM ISSO, VALEU MESMO MINHA QUERIDA, POXA, GANHEI MEU DIA, QUERES UM AUTÓGRAFO? OU MELHOR, DIZ AÍ, SOBRE O QUE TU GOSTARIAS QUE EU ESCREVESSE, PROMETO FAZER UM TEXTO EXCLUSIVO PARA TE DIVERTIR, E OLHA, VOU FAZER O POSSÍVEL PARA QUE SEJA O MELHOR TEXTO QUE EU JÁ TENHA ESCRITO! BRIGADÃO MESMO, TÁ?!”

Sei que é quase um contrasenso, querer ser escritor, e ter essa aversão à popularidade. Mas se tal equação é possível, o mundo ideal seria aquele em que meus textos se destacariam, independente de mim. Quer me conhecer? Meus textos dão pistas. Volta e meia eu digo claramente, mas através do blogue, enfim. Sei que meu comportamento trabalha contra meu objetivo, mas não pretendo alterar nenhum deles. Se der certo, ótimo, caso contrário vá se f...

Calma, calma, essa foi de brincadeirinha. Foi engraçada?

Bom, voltando ao final do texto, se der certo, ótimo, se não der vou continuar tentando até que uma hora dê.

Mas por favor, caro leitor, tua visita aqui é muito bem-vinda, bem quista, e espero que não só permaneças a ler este blogue, como o divulgues para teus contatos. Mas vá por mim, tua vida é melhor sem meu humor nublado. Se já não sou grande coisa no blogue, fora dele sou menos ainda. Não sou fashion, meu cabelo não tem o corte da moda, não uso roupas descoladas, não freqüento os lugares mais badalados e, acredite, não sou engraçado.
Mas repito, volte sempre. Como diria André Forastieri: “A casa não é sua, mas procuro tratar bem as visitas”

Saravá.

6 comentários:

Daca disse...

é o david é chato pra cacete..

Nayana disse...

Mas sabe que eu até do teu azedume eu sinto falta? ^^

:*

Lamaringoni disse...

o "problema" de sair com o david em festas é que a gente fica com tanta cara de figurante que acaba virando atração turística no meio de um Zôo de protagonistas (faltou essa no teu texto, pra ficar completa a lista de pérolas elencadas no sabadão)...

Don Mattos disse...

Lara, essa questão do protagonista x figurantes, é assunto para um post que deverá sair em breve.

Tio Ronnie disse...

Tadinho...

mar. disse...

entendo vc.