quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Oh, Anna Julia...


Como é verdadeira aquela canção...

Me disseram que você odeia aquela música, mas ela é perfeita! Incrível como ela descreve tão bem a nossa história. Embora você não saiba, e provavelmente nunca venha a saber, ela descreve com riqueza de detalhes a nossa história.

É como diz a canção, quem te ver passar assim por mim, não sabe o que é sofrer.

Eu só um assistente do almoxarifado, você herdeira deste império. Sorte a sua, azar seria se você estivesse ao meu lado.

Isso quase me conforta.

Quase...

Você não sabe, mas passo os dias a te esperar. De longe te contemplo, e teu olhar é como o sol. Tudo tão meu, tão familiar, mas sempre perco você no ar. E você sem me notar...

E não adianta, sem te dar meu carinho, sem ter teu carinho, eu me afogo em solidão. Na cachaça também. Ela deixa a solidão meio dormente, mas ainda sentida.

Tenho certeza deste amor, mas ele faz com que eu me sinta um nada.

Como me atormenta a previsão dos nossos destinos. Mas, por mais que me doa, é com aquele cara que você vai estar. Tão mais velho que você, tão mais velho que eu. Mesmo pobre, eu poderia te oferecer muito mais coisas que ele. Mais tempo, pelo menos. Eu sei que ele não tem tempo pra nada, eu te daria todo o meu tempo, todo o tempo do mundo!

Mas sou um homem de palavra, e prometi para a sua mãe que nunca contaria nada pra ninguém.

Só me resta continuar aqui, sofrendo ao te ver passar assim por mim, afogado na solidão e na cachaça, sem ter teu carinho, contemplando o sol do seu olhar e perdendo você no ar, desacreditado na ilusão de ter você pra mim, atormentado com a previsão do meu destino, não com o seu, pois sei que você está muitíssimo bem encaminhada. Mas eu aqui, me achando um nada.

É ele quem você chama de pai.

Um comentário:

Lamaringoni disse...

ai, eu li a última linha por acidente, daí o texto perdeu a graça no meio! mas adorei mesmo assim!