sexta-feira, 22 de julho de 2011

Amor padrasto


Que bom que você resolveu conversar mais uma vez.

Não sei se foi a decisão mais acertada, mas precisava te ver.

Eu também.

Eu já não sei se fiz bem ou se fiz mal, em por um ponto final na minha paixão ardente.

Sua música preferida.

Ironicamente é verdade.

Você pensou melhor?

Talvez tenha pensado pior, mas pensei.

Não foi nada disso que você está pensando.

Por favor, me respeite. Não me venha com esse tipo de argumento. Isso me ofende.

Estou dizendo a verdade, mas se te ofende, tudo bem, eu não digo.

Você não tinha esse direito. Você sempre soube o quanto eu te amava, o quanto era totalmente devotado a você, e se aproveitou dos meus sentimentos para me enganar.

Eu não te enganei, o que disse é a mais pura verdade.

Desculpinhas fantásticas são difíceis de se levar a sério, mesmo estando apaixonado como estou, como sempre fui.

Também estou apaixonada, também sempre fui apaixonada.

Você tem ideia do quão sujo foi o que você fez?

Se você acreditasse nas minhas justificativas, entenderia que, às vezes, as circunstâncias nos levam a aceitar coisas que normalmente não aceitaríamos, a fazer coisas que normalmente não faríamos, mas, em nenhum segundo, isso significou que eu não te amasse perdidamente. Mais do que isso, ainda que você não acredite, mesmo tendo aceitado fazer o que fiz, o tempo todo eu só pensava em você e, de certo modo, torcia para que desse tudo errado.

Se isso fosse verdade, você simplesmente não teria aceito, não teria feito.

Não sei te explicar como, mas é verdade, eu realmente desejava que desse tudo errado.

Mas não deu.

...

Faz dias que não durmo, cada vez que fecho os olhos só me vem a imagem das mãos de outro no teu corpo, das tuas mãos num corpo que não era o meu.

Mas, se serve de consolo, eu queria que fossem as tuas.

Não, não serve de consolo. Se você realmente tivesse quisto isso, assim teria sido. Mas, as minhas, você não quis. Preferiu as dele.

Eu já te expliquei.

Eu já não ouvi e, independente do que você diga, não há palavra que me faça mudar de ideia. Você fez por que quis. Você fez por que sentiu desejo. Você fez por que sua amiga faria o mesmo na sua situação. Você fez por que foi suja, desleal, infiel. Você fez, os por quês não vêm ao caso. Você fez, e isto basta.

Sim, eu fiz. Fiz e me arrependo. Se pudesse voltar atrás, não faria de novo, mas não posso. Só me resta admitir o meu erro e te declarar meu amor incondicional e te jurar que jamais farei isso novamente.

Isso você já tinha jurado.

Eu já te expliquei o contexto.

Contexto só serve como explicação quando o principal não fica claro, o que não é o caso. O que você fez foi muito claro, claríssimo. Difícil de conceber, mas muito fácil de enxergar.

Nunca quis te magoar.

Mas sabia que magoaria.

Nunca quis te perder.

Mas sabia do risco que corria.

Por favor, esqueça isso, me perdoe, isso nunca mais vai acontecer, eu juro.

Você já me fez promessa parecida outras vezes, olhando nos meus olhos, e eu acreditei.

Olhe agora, de alguma maneira, você vai perceber que agora é diferente das outras vezes. Eu nunca mais vou permitir que outro se intrometa na vida, no amor que é só nosso.

Nem se ele aparecer de novo?

Nem ele nem ninguém. Estar ao teu lado é só o que me interessa, é só o que me importa, você não imagina como tem sido difíceis estes dias longe de você.

Estão difíceis pra mim também.

Então, esqueçamos de tudo isso que é ruim, vivamos juntos e felizes, sei que posso te fazer feliz, tanto quanto sei que só serei feliz do teu lado.

Eu sempre fui feliz do teu lado.

Então, seja feliz de novo, do meu lado, comigo, só comigo.

Mas agora as coisas se tornaram diferentes. Ainda que eu acredite que você jamais cometerá novamente o mesmo erro, mesmo com ele, de certo modo, ele sempre estará presente.

Eu sei.

Nós sabemos.

Sim, nós sabemos. E, tanto quanto sabemos, tanto quanto te amo mais do que tudo, embora neste momento você não acredite, uma coisa é certa, este filho eu não vou tirar.

Jamais te pediria isso.

Eu sei, e esse é mais um dos tantos motivos pelos quais te amo tanto. Façamos dele o nosso filho, por mais que agora te doa, sei que podemos ser felizes, muito felizes criando este filho juntos. Ele será o seu filho.

Não fui eu quem o fez.

Mas você pode fazer dele um homem tão bom quanto você.

Eu sei que posso, por isso chamei você aqui.

Você vai me perdoar?

Não deveria, mas não consigo imaginar uma vida longe de você. Desgraçadamente, é amor o que sinto, e amor tem essa mania estúpida de perdoar até quando o culpado não é merecedor de tanto.

Eu juro, juro pelo amor que eu sinto, juro pelo nosso amor, juro por tudo o que é mais sagrado, você não vai se arrepender dessa decisão. Vou fazer de você o homem mais feliz que este mundo já viu. Seremos felizes, eu, você e o nosso filho. Sim, NOSSO filho, por que ele será para sempre meu e teu.

Só faço uma exigência.

Qualquer uma, aceito o que for pra ter você de novo ao meu lado. Ao lado meu e do filho que trago aqui nessa barriga que sonha com um carinho teu.

Ele terá o nome que eu escolher.

Pensei em dar a ele o teu nome.

Não. Seria mais uma mentira ver o menino ser chamado pelos outros de Júnior, sabendo que Júnior ele não é. E, de mentiras, já estou saturado. Não as suporto mais.

Mas teu nome é bonito.

Meu nome é simples, quase pobre. Ele seria apenas mais um Zé, Zézinho. O mundo já tem muitos Josés, não precisa de mais um.

Tudo bem, se essa é a condição para ter você de volta, você escolhe o nome. Seja ele qual for, eu aceitarei.

Ele se chamará Jesus.


Um comentário:

Bruna Rafaella disse...

É, tem melhores...





Grande Beijos!!