terça-feira, 2 de outubro de 2012

Sem ela

Foram tantos anos junto dela, que achou que não se reconheceria sem ela. Apesar do medo da véspera, agora, depois da decisão tomada, depois da coragem de por um fim em tudo, viu que havia algo de interessante em si, mesmo longe dela. Mais do que isso, sentia-se bem por tê-la tirado da sua vida. Sentia-se bem por ter tido coragem de arrancá-la de si dando risadas. Sentia-se mais homem, mais íntegro, mais dono de si. É que foram tantos anos juntos, que para os outros já eram praticamente a mesma coisa, uma figura só, indissolúveis. Achava que não se reconheceria sem ela, mas agora, até mais jovem sentia-se. Tudo bem, era meio estranho encarar o mundo depois de tanto tempo, sem ela. Mas até o vento lhe parecia mais fresco, sorrir parecia mais fácil longe dela. Contudo, a sensação de liberdade durou apenas alguns poucos dias. Não tardou para que sentisse falta dela. E por sentir assim, uma espécie estranha de saudade, apesar de toda a euforia tola dos últimos dias, deixou aquela besteira de lado e, novamente, deixou a barba crescer.

2 comentários:

Viviana Ruiz disse...

Que texto bom de se ler.
Bom e triste, odeio finais.
bjOus

Bruna Rafaella disse...

Também, ele sempre me surpreende no final!