quarta-feira, 25 de maio de 2011

Bulling


Eduardo, pai de Vinícius, conhecido entre os amiguinhos da escola como Vico, havia recém entrado no seu carro, quando, ainda no estacionamento do prédio da receita federal, onde Eduardo trabalhava, um estranho bateu no vidro para que ele o abaixasse. Ele fez descer o vidro, mas, antes mesmo de codificar a imagem daquele que estava a sua frente, a bala de um 38 negro, frio e insensível perfurou o encosto do banco do carona, percorrendo antes toda a extensão do seu crânio.

Carlos, pai de Fábio, conhecido entre os amiguinhos da escola como Binho, guardava o cortador de grama nos fundos da garagem, quando se deu conta que havia um homem atrás de si. No momento em que se virou para ver de quem se tratava, levou um soco na boca que lhe fez cuspir dois dos seus dentes. Pegou o cabo da enxada para revidar a agressão, mas antes mesmo de erguer o braço que trazia na mão a ferramenta, a bala de um 38 negro, frio e insensível adentrou pela lateral interna do seu olho esquerdo e fez dos miolos de Carlos sua derradeira morada.

Fernando, pai de Roberto, conhecido entre os amiguinhos da escola como Beto, estava em casa naquele dia. Não tinha ido trabalhar por causa de uma gripe muito forte. Como era dia de folga da empregada, ele mesmo desceu para atender a campainha impertinente que não cansava de se esgoelar. Abriu uma fresta da porta para ver do que se tratava, mas um chute seco e firme vindo do lado de lá da porta de entrada, atirou-o longe, foi parar ao lado do sofá. Pela fraqueza da gripe e tontura provocada pelo impacto do chute, não teve tempo sequer de se virar, a bala de um 38 negro, frio e insensível fez jorrar dos seus olhos lágrimas de sangue, após ter penetrado em sua cabeça pela nuca.

Ricardo, pai de Ricardo Jr., conhecido entre os amiguinhos da escola como Juninho, voltava da padaria pela rua de trás, aquela pouco iluminada, quando um soco vindo de trás acertou em cheio a sua orelha direita e o derrubou no chão. Pensou em dizer, Calma, meu amigo, pode levar tudo o que eu tenho, devo ter uns sessenta reais na carteira, não é muito, mas pode ficar com tudo, mas antes mesmo de abrir a boca, a bala de um 38 negro, frio e insensível esfarelou o seu nariz e encontrou um abrigo muito acolhedor na viscosidade da sua massa encefálica.

Marcos, pai de Maria Luíza, chamada no aconchego do seu lar de Malú, entrou em casa e sua filhinha veio correndo abraçar o pai que demorara mais do que o normal para voltar. Saudades de você, papai, disse Malú. Marcos beijou a testa da filha, passou a mão sobre seus cabelos castanhos e lisos, acariciou seu rostinho redondo, e disse com os olhos cheios de ternura, Meu amor, quando algum daqueles teus quatro amiguinhos te chamar de novo de gorducha, bolota, orca, balofa, gordinha, rolha de poço, quando te chamarem de qualquer uma destas coisas, sorria e diga assim, “daqui a pouco chega agosto, pelo menos eu tenho um pai para dar um abraço no segundo domingo do mês.”

7 comentários:

jean mafra em minúsculas disse...

foderoso.

camyli alessandra da silva disse...

Morri rindo aqui.

Davi tu não presta! kkkkkk

Anônimo disse...

Ótimo!!!!
kkkkkk

Flor*

Daca disse...

caraio...

Shuzy disse...

Bingo!

Anônimo disse...

Putz!
Demais!
Ri pra c*!!!
kkkkkk

Bagual disse...

Quase escuto o som da arma engatilhando.