segunda-feira, 21 de junho de 2010

Pilar & José


Como te sentes?

Está a me doer menos a saúde que quase já não me há, do que a falta que já me fazes.

Como fico agora, o que será de nós?

O que havíamos de ser, já fomos. Ainda somos, há que se respeitar o crédito de que os factos são merecedores, mas já tive contigo vida tão boa que sequer a escreveria.

Tua saudade finda logo, a minha há de dormir comigo ainda por alguns anos, que quase desejo, não me sejam muitos, não me fazem muito sentido sem ter-te aqui perto.

Se nos fazemos falta tamanha, é pelo tanto que nos tornamos juntos.

De que maneira hei de viver, se amanhã não haverá uma página nova tua para que eu leia?

A melhor história que poderia escrever foi a vida que mo proporcionaste, ainda que fossem muitos os anos que estivesse a viver, não haveria de escrever nada mais belo e com mais verdade.

Ninguém sabe tanto quanto eu o quão ainda és jovem, não é justo que te vás agora.

Se partisse aos 63 sem te ter conhecido, morreria mais velho do que morro agora.

Te arrependes de algo?

Das crenças que estive a cultivar, talvez.

Desculpe se não possuo o entendimento que tanto tens, mas não alcanço o que me dizes.

Digo por saber que és o amor único da vida única que tive. Se o que sei que me espera ali à porta não fosse o acto final do capítulo que sou, saberia que ainda que te demores, e desejo que assim seja, haveria de encontrar-te em outro sítio.

2 comentários:

jean mafra em minúsculas disse...

david, mas que incongruência, esse post com o último (o da raiva).

eu prefiro este david.

Lamaringoni disse...

lindo, querido!