quarta-feira, 9 de junho de 2010

PRA FRENTE BRASIL!


Dia desses escrevi um post tirando um sarrinho da seleção, mas coisa leve, não significava que estava descontente com ela, ou revoltado com os atletas que foram convocados enquanto outros que tinham minha preferência foram preteridos.

Sim, tanto quanto você e os nossos demais 190 milhões de compatriotas, queria ver outros nomes na seleção. Adoraria ver a 10 da seleção canarinho vestida pelo Paulo Henrique Ganso, mas acho justas as escolhas de Dunga.

Falar mal da seleção virou lugar comum. Aliás, falar mal do futebol de uma maneira geral, é lugar comum. O brasileiro é um corneteiro por excelência. Traz a vuvuzela nos seus genes.

Concordo que jogadores mais talentosos ficaram de fora do time que representará nosso país, mas os que foram estão fazendo muitíssimo bem o seu trabalho, sem o salto alto que outros ditos melhores, costumam calçar.

Não perco um jogo do Santos, só para ter o prazer de ver Paulo Henrique Ganso jogar, o toque de bola desse moleque é absurdo, se ele evoluir nessa toada, certamente chegará perto da classe de Zinedine Zidane (este o melhor jogador que tive o privilégio de assistir em atividade). Mas é absolutamente coerente o fato de Ganso não ter sido convocado. No ano passado ele não jogava deste jeito, faz dois meses que o menino desencantou, entendo a opção de Dunga em não convocá-lo. Eu o convocaria, mas não acho o fim do mundo o fato de ter ficado de fora. Seria um absurdo uma eventual presença do Adriano, isso sim seria um desrespeito ao Brasil, de resto, tudo dentro do aceitável.

E quando digo isso, não estou aqui defendendo o futebol pragmático e sem graça que objetiva única e exclusivamente o resultado. Não gosto de futebol de 1 x 0, gosto de 4 x 0, por isso vejo o Santos jogar, mesmo sem ser santista.

Só que é uma injustiça absurda conferir este rótulo ao Dunga. Isso ocorre por acomodação do raciocínio, pega-se a imagem pré-estabelecida, e se reproduz tal imagem para um outro momento, acreditando que esta falácia por falsa indução é verdadeira. Dunga era um grande volante, o tipo de cara que todo mundo queria ver vestindo a camisa 8 do seu time. Como está na moda falar mal do Dunga – algo como as calças saruel – talvez você negue que tenha quisto vê-lo à frente da zaga do seu time de coração, mas acredite, você queria! Era raçudo, ótimo desarme, boa saída de bola e sabia como intimidar os adversários, um cara que mesmo se não portasse a braçadeira todos identificavam como capitão. Só que ficou marcado como o capitão de Carlos Alberto Parreira, esse sim um treinador voltado para o futebol chato de resultado, para o 1 x 0.

Fiquei bastante desacreditado quando o anunciaram como técnico da seleção canarinho, especialmente pela sua então inexperiência como treinador de futebol. Assim, como fiquei totalmente desacreditado quando Lula foi eleito presidente do Brasil sem a menor experiência anterior em gestão pública. Mas tanto em um como em outro caso, a sensatez me leva a dar o braço a torcer, ambos estão fazendo um trabalho bastante bom. Claro que nos dois casos existem defeitos, coisas que poderiam ser melhores conduzidas, mas dentro das dificuldades que a gestão de qualquer instituição envolve, acho que estão se saindo muito bem. O Dunga melhor que o Lula, mas em ambos o saldo é positivo.

A seleção de Dunga é boa, muito boa. Joga pra frente SIM! E não estou falando isso em achismo, digo isso em cima de dados. Por ser administrador de formação, me recuso a dar prosseguimento a qualquer discussão que seja baseada no “eu acho”, primeiro quero dados, fatos, em cima deles discute-se as circunstâncias e consequências.

A seleção de Dunga jogou 57 partidas neste período entre uma copa e outra. Ganhou 41 vezes, perdeu apenas 5 e empatou apenas 11. São números fantásticos!

E não me venham dizer que foram em cima de seleções de menor expressão.

Claro, tivemos nossas partidas contra Honduras, Tanzânias e afins, mas dentro destas 41 vitórias, ganhamos três vezes da seleção Argentina por três gols, ganhamos duas vezes da seleção italiana, também por três gols, ganhamos por seis gols da seleção Portuguesa, viramos uma final de campeonato em que perdíamos por 2 x 0 no início do segundo tempo, e nos sagramos campeões da competição. Garantimos a primeira colocação das eliminatórias da copa do mundo com uma boa antecedência. A média de gols desta seleção é muito próxima dos 3 gols por partida.

Essa seleção joga pra frente SIM! Temos um toque de bola muito rápido, um contra-ataque quase impossível de ser freado, em todas as jogadas aparecemos no ataque com pelo menos 3 homens na frente. Não há bola rifada, a bola evolui rápido pelo gramado, de pé em pé até a fortíssima jogada de linha de fundo que temos, seja pela esquerda ou, principalmente, pela direita, nosso diferencial. A defesa do Brasil é o sonho de qualquer treinador do mundo!

É claro que muitas vezes o futebol parece sonolento e meio burocrático, mas analisar as coisas sob a frieza de uma partida realizado por um time reunido há três dias, com jogadores em diferentes condições físicas, jogando em campeonatos onde a maneira de jogar de um país para o outro é totalmente diversa, e esperar que esse esquete dê espetáculo já não é nem ingenuidade, é burrice da aguda. Pegue o melhor baterista de rumba, o melhor guitarrista de heavy metal, a melhor cantora lírica, o melhor pianista de jazz, o melhor percussionista de reggae, o melhor cavaquinhista de samba, o melhor baixista de Bossa Nova, o melhor bandoneonista de tango, junte todos, dê a cada um uma partitura de Polca, três ensaios e vá ao show. Todos fazem música, todos tocam bem, mas vivem em realidades diferentes. Vai sair um sonzinho legal, feio eles não vão fazer- provavelmente – mas não vai ser um espetáculo de encher os olhos, não tem como.

Tá doendo no saco esse discursinho de revolta estudantil adaptado contra a seleção e a Copa do Mundo.

Sim, a Nike decide contra quem a seleção vai jogar, onde ela vai jogar. Acho ridículo Brasil enfrentar a Argentina na Inglaterra, fico puto com isso, mas o que importa é que no fim das contas o tal do futebol chato e de resultado foi lá e aplicou 3 x 0 nos Hermanos de Don Diego.

A grana que rola é absurda? É! As pessoas deixam coisas supostamente mais importantes para se envolver com a copa? Deixam! Isso movimenta e sustenta as principais corporações comerciais do mundo? Sim! Mas meu amigo, vá com o teu socialismo para dentro da sua caverna, se ele fosse bom não teria fracassado em todos os lugares por onde se fez presente.

Não acho que o modelo econômico vigente seja correto, positivo e benéfico para a evolução da humanidade, mas é o único capaz de nos suster, e por mais vampírico que seja, premia quem tem competência, se não a tens, vote no Lula e seus sucessores, não são poucas as bolsas-benefícios.

O modelo econômico vigente não é uma imposição, é um movimento social, é algo contra o qual não se luta contra, é maior do que imaginar que determinadas organizações de alcance mundial (Nike, Coca-cola, Microsoft, Figueirense) são as responsáveis em ditar as regras de funcionamento da humanidade. Não são. São sim muito importantes, mas se elas tem o tamanho que tem é por que o mundo aceita, e precisa delas e das evoluções que promovem.

Esse discurso em prol de uma suposta cultura superior, contra a massificação dos enlatados e as classes dominantes era até legalzinho, mas começou a ficar cansado um pouquinho depois da revolução industrial, e lá se vão dois séculos desde então.

Larguem a hipocrisia de lado, é lindo falar mal do modelo de trás do monitor do seu computador Dell, que roda o sistema operacional Windows, e propagas todo o teu engajamento social através do blogue, do facebook, do twitter e do orkut.

Faz protesto contra a degradação o mangue, e compra suas roupas no Iguatemi.
Faz protesto contra a Moeda Verde, mas sonha em passar um final de semana no Costão do Santinho.

Cara, não ta afim de ver a seleção? Beleza.
Mas não me venha encher o saco com esse discurso pré-fabricado, que serve para todas as lamentações e adaptado de acordo com as circunstâncias.

A Copa do Mundo não é um movimento ideológico, ela é entretenimento. Foi antes, é hoje e será sempre. Para nós, é entretenimento, para quem trabalha, é negócio, palmas para eles.

Não gostas? Beleza, eu não gosto de turfe, acho brega aquela ostentação nos grandes prêmios de corridas de cavalo, mas simplesmente não assisto e não freqüento, não vou perder meu tempo falando mal deles. São felizes assim? Ótimo, eu sou com futebol, amendoim e cerveja.

Agora, com licença, vou vestir minha camisa da seleção brasileira da nike, modelo 2010, com o número 4 e a alcunha “Don Mattos” nas costas, fazer um bom estoque de pipoca, coca-cola, amendoim e cerveja e me preparar para me divertir com tantos jogos quantos me for possível assistir.

No fim das contas, a parte da copa que me interessa é essa: DIVERSÃO.

5 comentários:

jean mafra em minúsculas disse...

ai ai ai, david,
dissestes tantas coisas e misturastes tantos assuntos que até me deixastes tonto...

vou tentar comentar algumas das tuas falas, talvez não com a mesma convicção com que lançastes tuas opiniões.

01. talvez eu esteja equivocado quanto ao futebol apresentado pelo dunga como técnico, mas como jogador sei que ele representa (e note que ele "representa" - isso não significa que durante sua "vitoriosa" carreira ele só tenha feito isso) um tipo de futebol sem imaginação - a propalada "era dunga" teve inicio, na verdade, anos antes de parreira assumir a seleção (começou em 1990 com lazaroni...).

02. não sei se foi a mim que dirigistes as críticas a um certo ranço "socialista" ou algo assim... neste sentido, acho que concordo em número e grau contigo, o capitalismo venceu, ponto pra ele, não sou do tipo que luta contra moínhos de vento (nem nunca me declarei comunista, socialista ou algo assim). agora, isso não significa que não devamos, como cidadãos lúcidos e coerentes com a história da raça humana e de seu desenvolvimento intelectual, cultural, artístico, lutar para melhorar as condições do mundo em que vivemos... tu, meu amigo, até onde sei, pensas e ages como eu ou não seriam desta ordem os teus ataques a uma das mais poderosas instituições religiosas de todos os tempos?!?

03. quanto a questão de que uma copa do mundo deve ser encarada apenas como "entretenimento" e que aos incomodados com seus desdobramentos cabe, como no infeliz exemplo de tua relação com o turfe (puta que pariu, só tu pra buscar um exemplo destes, hein?!? ahahahahahaah), a indirença... aí tenho que discordar em número e grau, meu querido. a questão é, infelizmente, em nosso país uma copa do mundo de futebol não é apenas um campeonato esportivo como é o mundial de vôlei ou algo assim. não há como comparar, david! existem questões culturais e históricas que fazem com que seja inescapável pensar em seleção e jogos da copa para qualquer um que viva nesta terra, daí tua colocação ser inviável e, desculpe, infeliz (para ser, ao contrário do modo como colocaste algumas questões em teu texto, educado). assim como os americanos do norte fizeram do beisebol um símbolo (e uma paixão) nacional que os mobiliza e cria discóridas e concórdias internas, o brasil tem no futebol algo que ultrapassa o simples "entretenimento", certo?!? é questão política também (e digo isso pensando em política como algo mais amplo que partidos e eleições - agora, concordas comigo que não é por acaso que temos eleições em ano de copa, não?!?).

david, querido, muita calma nessa hora.

jean mafra em minúsculas disse...

ah, respondi teu comentário sobre miss krall!

mar. disse...

tá, tudo bem.... mas os fogos de artifício eu insisto: poderiam não existir. E que coisa, eu adoro corridas de cavalo!

Don Mattos disse...

Jean, meu grande amigo, para deixar claro, claríssimo, cristalino: não me referi a ti no que tange ao socialismo!

Peço desculpas se fui grosseiro em alguma colocação, não foi minha intenção, foi só a emoção do momento.

O bom de conversar contigo é que, mesmo quando discordamos (e não são poucos os assuntos que temos pontos de vista distintos), conseguimos conversar, colocar nossos pontos de vista, e em nenhum momento as diferenças se colocam entre o apreço e a admiração. Não é por gostar ou não do FHC que deixaremos de dividir garrafas de vinho.

Sei que foi um turbilhão de informações colocadas, o ideal sobre essa conversa é a mesa de um bar, mas eu tive uma sensação parecida com o teu texto ao misturares coisas contemporâneas (Parreira, Jobim, FHC) como se fossem consequências de uma mesma causa, ou o contrário.

Concordo, nunca o futebol foi tão pouco interessante quanto na nebulosa gestão de Sebastião Lazaroni. E teves der adorado quando, pouco tempo depois ele assumiu o Vasco da Gama. Aquela seleção era enfadonha.

No mais, saravá!

Daca disse...

jean mafra comentarista de futebol??? entrei num blog errado, só pode..