terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Reeditando: Olha o passo do elefantinho


ELA: Hoje eu vou sair com o Zé.

AMIGA: O quê???

ELA: É, o Zé. Ele me convidou para sair, e eu aceitei.

AMIGA: Mas como assim, te convidou para sair? Te convidou para ir aonde, fazer o quê?

ELA: Ah, sei lá. Sair, tomar um chopp, bater um papo, nada demais. Sair como dois bons amigos que já não se vêem há algum tempo, só isso.

AMIGA: Tá, mas acontece que esse teu “bom amigo”, até um ano atrás era teu noivo.

ELA: E daí?

AMIGA: Como assim: “e daí”??? E daí que vocês terminaram o noivado por que ele te traiu.

ELA: Exatamente: traiu. Passado, bem passado, diga-se de passagem.

AMIGA: Te traiu com alguma grande amiga tua, que o safado nunca quis dizer quem era a piranha.

ELA: Sabe que eu sempre desconfiei da minha prima. Aquela lá já deu para o bairro inteiro. Fez a festa do quartel quando se alistou para ser bombeiro voluntária, aquela vagabunda...

AMIGA: E agora você está noiva de novo. De outro. Do Digo, primo do Zé.

ELA: Viu como não tem perigo? Sou uma mulher comprometida, segura, apaixonada e feliz em ser de um homem só.

AMIGA: Mas já faz quatro meses que você não vê o Digo.

ELA: Esse maldito intercâmbio...

AMIGA: E você sempre me disse que na cama, o Zé dava um show no Digo.

ELA: Para de complicar as coisas, nós só vamos bater um papinho, nada demais.

AMIGA: Mas você ta há quatro meses sem nada, nada. Nem umazinha rapidinha para dar uma aliviada na tensão.

ELA: Nem me fale, menina, nem me fale...

AMIGA: Nem um beijijnho...

ELA: Eu que sei, eu que sei...

AMIGA: Faz assim, ó, quando você se encontrar com o Zé, se ele se engraçar, pense em outra coisa, algo totalmente bizarro.

ELA: Bizarro? Como assim?

AMIGA: Bizarro, algo que broxe qualquer uma. Sei lá, pense na ovelha Dolly, pense em... em... pense em ervilhas. Isso, ervilhas!

ELA: Ervilhas??? Eu não preciso disso. Basta eu pensar no meu noivinho lindo, no meu Digo, naqueles olhos azuis sedutores que nada será capaz de me abalar.

AMIGA: O Zé também tem olhos azuis.

ELA: É... bem... Tá bom, eu penso nas ervilhas.

AMIGA: Não, faz assim: se ele se meter a Don Juan sedutor, imagine ele pelado, de pinto mole, só de meia preta.

ELA: Mas ele é tão gostoso, se eu imaginar ele pelado, não vai dar certo...

AMIGA: Então pense nele usando uma cueca de elefantinho, dessas que ficam as orelhas nos lados, e a tromba na frente, encaixando no pinto. Essa imagem é muito cômica, ninguém agüentaria uma cena dessas.

ELA: É verdade, cueca de elefantinho é dose...


DUAS HORAS DEPOIS, NA MESA DE UM BAR QUALQUER...


ZÉ: Oi linda, que saudade! Tudo bem contigo?

ELA: É... Oi, Zé, tu-tudo bem?

ZÉ: O que foi, linda, você está nervosa?

ELA: Ne-nervosa, eu? Não, claro que não. É que fazia tempo que eu não sentia esse perfume que você usa.

ZÉ: E fazia tempo que eu não usava também, mas eu sei que você gosta. Coloquei especialmente para você, gostou?

ELA: É.. é... gostei. Não precisava ter se incomodado com isso.

ZÉ: Incomodo nenhum, linda. Você sabe que por mim, nós jamais teríamos terminado, ainda mais por uma bobeira como aquela...

ELA: Bobeira???? Você diz isso por que não foi você que saiu com fama de corna. E você nem admitiu quem era a vagabunda que estava no seu carro, saindo daquele motel maldito, que você disse que só iria comigo, desgraçado!

ZÉ: Deixa isso pra lá, linda. Passado é passado, vamos pensar no agora, viver o momento, deixa o que passou pra trás.

ELA: Iiiiiiii, papinho brabo esse de viver o momento, hein?!

ZÉ: Que é isso, linda, só acho que não devemos desperdiçar as oportunidades que a vida nos dá, de viver coisas tão intensas, tão fortes, como as que nós vivemos tantas vezes.

ELA: Não vem com esse papinho de João sem braço pra cima de mim não, meu filho. Você sabe muito bem que eu estou noiva do Digo. E estou muito bem com ele, se queres saber.

ZÉ: Há quatro meses sem vê-lo, é estar muito bem para você? Só se você mudou muito, por que aquele seu fogo, não agüentaria uma semana sem...

ELA: Olha aqui, seu engraçadinho, as pessoas mudam, sabia? Tem coisas na vida que são muito mais importantes do que sexo (o que é que eu tinha que pensar? O que é que eu tinha que pensar? Ai, meu Deus do céu, milho, semente, cabrito, ervilha... Não, não era isso...)
ZÉ: Que é isso, linda, você está suando? Você está nervosa?

ELA: Não, eu n-não estou nervosa. (PUTAQUEOPARIU, ele pegou no meu braço... Ai, essa mão enorme... Caralho, qual era a merda da coisa que eu tinha que pensar...)
ZÉ: Olha aqui, linda.

ELA: Q-que foi? O que você quer comigo? Ãhn, ãhn, fala daí, não chega perto não! (Desgraçado, que olhar desgraçado... Em que porra maldita eu tinha que pensar, merda??? JÁ SEI!!! Ele pelado, de meia... Hummmm, pelado? Esse bração... Essas mãos enormes... Esse...Não, pelado não!)

ZÉ: Por que nós não vamos dar uma volta, vamos para um lugar mais arejado, aqui está meio abafado, você está suando, o que você acha?

ELA: T-tá bom, mas é só uma voltinha, hein?! Nem pense em se engraçar para o meu lado...

ZÉ: Que é isso, linda?!. Eu não vou fazer nada que você não queira, prometo...

ELA: Tá bom, onde está o seu carro? Rápido, me diga, onde está o seu carro? Vamos, vamos...


DUAS HORAS DEPOIS, NA BANHEIRA DO MOTEL...


ZÉ: Nossa, para quem não ia fazer nada, você me surpreendeu bastante... Nem nos nossos tempos áureos você fazia tudo com essa vontade toda...

ELA: Não se acostume, isso não vai se repetir. Foi apenas um momento de fraqueza, que quando nós sairmos desse quarto já vai ter passado.

ZÉ: Tudo bem, linda. Vamos viver o momento, curtir o agora. Vem cá, vem, vamos fazer daquele jeito de novo. Gostei daquilo, gostei bastante...

ELA: Gostou é?

ZÉ: Gostei...

ELA: (o que é aquilo no chão?) Ô Zé, desde quando você tem cueca de elefantinho?

ZÉ: Gostou? É um presentinho que eu ganhei.

ELA: Ganhou de quem? Quando?

ZÉ: Ganhei de uma amiga minha, uma conhecida. Já faz um tempinho, um ano, mais ou menos.

ELA: AQUELA VAGABUNDA...

Um comentário:

Nayana disse...

começo a suspeitar que só eu gosto desse texto....